A questão de fundo não reside, quanto a mim, na falta de brio, falta de jeito, falta de instrumentos ou falta de gente:
Reside, antes, na falta de Noção.
DA PRÁTICA.
Ensaio uma Tuna Feminina. A minha "luta" artística reside sempre na instrumentação, dado ter vozes quer em quantidade, quer em qualidade. Faço questão e incentivo que haja o máximo de instrumentos possíveis, porque de uma Tuna se trata. Tenho sido correspondido nessa "guerra" pela positiva. E elas aceitaram o repto com coragem, determinação e esforço. Sem stress, sem birras pueris, com naturalidade. Elas sabem SER de uma Tuna e querem ser uma Tuna. Comecei com duas a tocar instrumentos, não tarde terei metade delas a tocar.
Não me lixem: É possível. Tudo o que não for este enquadramento é, pelo menos, preguiça. Ou parvoíce. Pode-se ser preguiçoso? Pode. O Código Civil permite-o, até.
Mas transformar a preguiça - ou a mera estupidez - em Curriculum é que não pode ser. Isso não deixo passar: Se deixasse passar, estaria a insultar todas (umas 99,99%) as Tunas Femininas que tocam, naturalmente, instrumentos, porque, pasme-se, estão numa Tuna e são uma Tuna.
DA TEORIA.
Pelo princípio:
Uma Tuna é uma expressão musical, antes de tudo. E de Natureza Orquestral. Não é opinião, é Facto.
Tal noção, no caso, implica SEMPRE instrumentos musicais. Não é opinativo, é facto historicamente comprovado. Tudo o que não seja tal NÃO é Tuna, é outra respeitável (supostamente) coisa qualquer, mas NÃO uma Tuna.
Mais: Não é por acaso que existe o prémio de Melhor Instrumental. Ele existe, precisamente, porque as Tunas quando surgem - e só no último quartel do Século XIX - apenas interpretavam peças Instrumentais, clássicas, na esmagadora maioria dos casos. A componente vocal foi introduzida posteriormente nas Tunas civis, que, no caso português, são mais antigas que as Tunas universitárias/académicas. Bastaria, para validar a noção de Tuna académica, a imensidão de instrumentos que as Tunas nascidas no boom tinham - e têm. A definição de Tuna implica SEMPRE a existência de instrumentos.
Não há qualquer diminuição da componente vocal, numa Tuna. De todo. O que não pode haver é a imposição, a gosto (??!!), da componente vocal única para justificar a ausência orquestral - porque tal não existe numa Tuna; já num coral, sim. Numa Tuna a vocal completa a instrumental, já que o contrário sempre existiu - o instrumento.
Até por aqui se percebe a imensa ignorância que esta questão encerra. E o absurdo que é muitos defenderem a suposta tradição para, depois, o comportamento ser totalmente o oposto ao que dizem defender: Ou é ignorância ou é oportunismo (ou ambos).
E sim, há cúmplices - os que dão exposição a coisas deste calibre. Mesmo sob as melhores intenções, serão sempre cúmplices. É com cada qual - e, depois, o meio autoregula-se aqui, também.
DO DIREITO ao RIDÍCULO.
Ninguém tem o poder de impedir alguém de se intitular como Tuna quando, na verdade, se está na presença de um grupo rock, de uma orquestra sinfónica ou até mesmo de um grupo coral.
Aliás, a questão substantiva não reside aí, sequer. No passado recente tuneril em Portugal tivemos "desvios" (chamemos-lhes assim) ao paradigma. Foi o próprio fenómeno que se auto-regulou e que validou - ou não, o que ocorreu em 99% dos casos - tais "desvios". Simples. Nada de novo e com tal lida-se muito bem.
O que já não é aceitável é querer-se impor - o que não se consegue, por regra - uma dada natureza, quando o que se escuta e vê configura outra coisa.
Não é do direito a intitular-se Tuna, de todo. É do ridículo que esse direito pode conferir. Problema apenas do próprio: Os hospícios estão cheios de Napoleões e Elvis.
DO MERO ATAQUE A QUEM DIZ A VERDADE.
Um clássico, este.
Quem diz a Verdade baseado no estudo da Tuna Estudantil - e não resultado da mais pura veia etílico-poética de ocasião ou de uma patética opinião pessoal - é, frequentemente, atacado e por essa mesma razão. Todo um absurdo, obviamente. Apenas importa nesta - e em todas as outras - matérias sobre a Tuna Estudantil, a Veracidade dos Factos e sua defesa; todo o resto são subterfúgios dos que, ou por ignorância ou por conveniência, não conseguem validar o que afirmam, porque não é possível tal validação.
Assim, partem para o ataque pessoal a quem os expôs - o tal clássico no mundo tuneril português, desde o "opinólogo" ao romântico, terminando no "inventor de novas teorizações" que não resultam de evolução alguma, apenas e só de chico-espertice saloia ou de comezinha inveja.
Como sempre, quem fulaniza os que defendem a Verdade apenas produz 3 resultados práticos:
1) Valida essa mesma verdade - porque olimpicamente toureados na praça pública;
2) Eleva quem a defende de forma comprovada, ainda por cima;
3) Auto diminui publicamente quem as emite.
Pela minha parte - e logo eu, longe de ser conservador - tudo OK:
Até à presente data, nem UM sequer conseguiu vir a terreiro contrariar algo que tenha escrito e que, naturalmente, configure um facto histórico.
Aguardo serenamente. Há sempre uma 1ª vez, claro.
Mas não será hoje nem neste "caso", asseguro.
DA PRETENSA POLITIZAÇÃO.
Não é sério, sequer, tentar politizar este nano-tema.
Além de que, quem o faz, está com isso a potenciar o infractor, sendo tal um péssimo serviço à comunidade Tuneril.
Primeiro, porque não se pode confundir parvoíce com política - mesmo que ultimamente andem ambas as noções de mãos dadas.
Depois, porque o mero estudo da Tuna estudantil mostra que, no passado, a tentativa de politizar a Tuna resultou em redondo fracasso (vide p.ex. o caso espanhol durante a ditadura Franquista ), além de lhe imputar uma conotação que é, óbvia e historicamente falsa: A da mera submissão da Tuna Estudantil a um qualquer preceito político.
A Tuna Estudantil é livre, por definição.
Termino de forma mais "leve":
Voltarei a este não-tema quando uma dita de Tuna sem qualquer instrumento ganhar um Prémio para o Melhor Instrumental.
Sim, arrisco, eu sei - a ver por alguns Júris que ainda temos por aqui.
Mas mesmo assim, vou a jogo.
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