A Aventura da Moderação

E ser-se moderado significa dizer-se o que se acha, com cabeça, tronco e membros, dizendo aos outros o que se pensa, com respeito, de forma articulada e justificada, alicerçada em ideais claras, expostas de forma aberta e sem rodeios.

Ser-se moderado é tentar perceber o que os outros querem dizer, na certeza que os outros se querem fazer explicar, de forma cordial e directa. Ser-se moderado é uma virtude porque pressupõe abertura de espírito, pressupõe debate de ideias, de forma frontal e concisa, com respeito pelas regras do jogo e sem ofender gratuitamente ninguém, nem disparando qual “snipper” em todo e qualquer sentido, visando apenas..acertar em alguém, regra geral, aquele (s) que mais dá(dão) o corpo às balas…

Ser-se moderado também é ser-se frontal e quando se discorda diz-se, até veementemente, porquê. A veemência é também moderada, se exercida dentro de parâmetros normais e socialmente aceitáveis. Já a demência é, regra geral, violenta, agressiva, gratuitamente agressiva. Pode-se não concordar mas a forma de o fazer é uma coisa, o conteúdo já outra bem distinta. Até porque por vezes, o demente até poderá ter a sua razão mas perde-a num ápice graças, precisamente, à sua…demência. Lança-se “nuvens de fumo”, semeia-se atritos gratuitamente, porque quem o faz não articula uma frase com lógica e sentido, nem tão pouco estará interessado nisso; “Pisar o risco” por sistema é um vício (os vícios nunca são moderados..), somente para “provocar”, confundindo ambientes que são distintos.

Depois, depois resta a solidão, lembrando aquele soldado na parada que, um passo à frente face aos restantes camaradas de armas, suscita o seguinte comentário do “babado” pai: “este meu rapaz é que é, é o ÚNICO que está certinho na parada!!”.

Ser-se moderado não é ser-se santo ou beato. Ser-se moderado é saber-se remeter para a solidão aqueles que, por opção, assim a querem. E não há nada pior do que se ficar a falar para..si mesmo, em vez de se poder cultivar o contraditório, dentro de regras sociais normais, conhecidas, aceites por todos. E cumprir com elas é ser-se moderado. Ser-se moderado é aceitar a pluralidade com regras.

Ser-se moderado é também aplicar medidas concretas de cumprimento de regras. Porque as mesmas dão sempre uma segunda hipótese a quem não as cumpre. Já remeter para a insignificância não é uma segunda oportunidade sequer, é um tremendo e remoto “exílio” nos antípodas da inteligência, bom senso e importância. É triste ir para um exílio deste tipo. Muito.

Ser-se moderado. É importante, também nas Tunas.

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