A Aventura da "Conspiranoía"....

É uma nova modalidade na aturada pesquisa do comportamento tunante, um misto entre teoria da conspiração com paranoía, com traços evidentes de maus entendidos, alguma inveja envergonhada e sobretudo falta de coerência. A psicologia tunante no seu pior, diria até.

Tem a conspiranoía terreno fertil para lavrar no mundo tunante e vá-se lá saber porquê, quase que diria, não fosse alguma perspicácia e atenção aos comportamentos que destacam esta modalidade comportamental de elevado requinte hipócrita e incongruentemente divertida, devo realçar, se levada com parcimónia e alguma inteligência - até para não se cair nesse mesmíssimo comportamento, note-se.

A conspiranoía está para as tunas como as armas quimicas iraquianas estiveram para a 2ª Guerra do Golfo, ou seja, é preciso pegar por algum lado à falta de factos concretos a apontar. A conspiranoía é, portanto, um estado do consciente tunante onde a ficção leva o incauto conspiranoíco a assumir como sendo real algo que nunca existiu, a definir um alvo concreto quando nem é alvo e muito menos com qualquer fundo de verdade e concretização. A Conspiranoía é também ela uma espécie de aconchego do ego para aqueles que, à falta de lucidez e objectividade, desatam a por em causa tudo e todos para justificar os seus fracassos claros e evidentes aos olhos de todos, como se os referidos todos se preocupassem sequer com a conspiranoía, rindo-se somente dela e dela fazendo até anedotas...

O Conspiranoíco das Tunas elege o "alvo a abater" (julga), urde uma teia mental de maquiavelismo contra si mesmo por parte de outros - que estão a leste de tal porque têm mais e melhor que fazer... - e encontra nessa equação todas as respostas para o seu mal fazer, mal tunar, mal estar, quando qualquer ervanária trataria isso de bom grado à falta de ...puro bom senso e maturidade.

O Conspiranoíco das Tunas é um cruzamento de ADN´S entre Hugo Chavez, George Bush, Alberto João e Zé Cabra: tudo é problema, os culpados são os outros, há que fazer e acontecer, por-se em bicos de pés nas alturas mais descabidas e ainda por cima cantam como o Zé Cabra e acham que são "os maiores" quando em tunas é tão util um Zé Cabra como um Carreras. O Conspiranoíco julga reunir à sombra da sua teoria conspiranoíca gente que mais não é que o seu próprio reflexo: outros conspiranoícos. E como Deus não junta mas arrebanha, está tudo dito. A Conspiranoía cura-se com humildade, reconhecendo aos outros aquilo que nós gostaríamos de ser e fazer. Como em Tunas isso é mais complicado que encontrar uma virgem numa maternidade, estamos conversados, vai-se pelo caminho mais fácil: conspiranoía.

A Conspiranoía não é mais nem menos que o refúgio dos incoerentes, incompetentes e hipócritas; é uma espécie de "país das maravilhas" mental onde se refugiam aqueles que não sabem Ser e Estar num mundo real. A melhor forma de lidar com a Conspiranoía será, quando nos cruzarmos com um Conspiranoíco das Tunas fazer como aquele que ia a passar em frente ao Magalhães de Lemos (Hospital psiquiátrico) e a dado passo, do lado de dentro, salta um jovem de pijama à grade e pergunta de seguida: "Ouça lá, é muito chato estar aí "dentro", não é?".... e rir a bom rir, sempre andando, claro...

Comentários

Daniel Petrucci disse…
Não será que onde há fumo, certamente, existirá fogo?

Tenho já alguma experiência e lutarei para sempre e com todas as minhas forças por um ideal humilde e honesto de tuno, pela pureza de alma, pelo bom Homem para e com a sociedade e seus irmãos...mas infelizmente muita sombra existe neste mundo, muita gente nem sabe passar o seu tempo dispendendo-o a corrigir o que possa estar mal, ou mesmo, a aceitar que temos todos que percorrer um longo caminho para sermos aceites por todos!

Admito mesmo, que por vezes a revolta me enche a alma, com tamanhas injustiças, visíveis até mesmo ao Público que já começa a reagir!!

Não seram estes lobbies, prejudiciais as Tunas? o amigo do amigo que coça as costas porque pretende ter tal tuna no seu cartaz de festival e cai sempre no constante erro de se enganar nos júris que convida?

será que em toda a "Conspiranoía", não existirá uma grande verdade escondida pelos compadres que se escondem uns aos outros?
Este comentário foi removido pelo autor.
Caro Petrucci;

Esta "Aventura" é geral e abstracta e porventura até universal - e ficará ao critério de cada um interpreta-la da forma que mais que aprouver, seguramente. Para uns haverá fogo com fumo, para outros nem fumo há, para outros há um enorme incêndio a decorrer nas suas cabeças e só e assim sucessivamente.

A forma de se estar nas coisas é essencial sem dúvida alguma e só a maturidade e o tempo poderão fazer entender o que realmente interessa e o que não interessa de todo, parece-me liquido até.

Já dizia alguém que o tempo é o pai da razão. Será quanto a mim uma verdade incontornável. Por isso é que cair na "conspiranoía" é uma perda de tempo lastimável, ou então ver fumo e fogo a cada esquina por exemplo. Por isso é que dispender tempo com coisas importantes é sempre a atitude mais saudável.

A revolta é um sentimento geral, todos nós na vida nos revoltamos com coisas importantes e com outras se calhar menos importantes, não é a revolta um património moral de meia dúzia de "vitimas" constantes, seguramente. "Lobbye´s" é capaz de ser um adjectivo demasiadamente forte - mas que não me choca, de todo -num meio indisciplinado por natureza, mais, que tende a fazer as coisas por impulso ou simpatia do que propriamente por outra razão. Mas nem sequer pensava em festivais quando escrevi esta "aventura", sou sincero; fui mais ao âmago da questão, o Tuno enquanto tal e dito como tal.

Até podem os compadres isto e aquilo; mas se tivermos uma postura mais saudável conseguimos ver as conspiranoías todas e mais alguma; só o conspiranoíco crónico é que não consegue ver a realidade e vê coisas onde elas não existem, não aquele que anda saudavelmente neste mundo, reconhecendo nos outros qualidade humana e moral para com eles poder aprender. Apenas me limitei a "aventurar-me" em algo que vou vendo aqui e ali e que, confesso, é residual até e ainda bem. O conspiranoíco não vê saúde em nada nem em ninguém porque todos os outros estão "contra ele", por isso mesmo é que só vê maldade, fumo, fogo, incêndios florestais e ainda por cima tenta apagar fogos com gasolina. O doente nunca se curará da doença se ele mesmo não se aperceber dela, nem que tenha uma junta médica de Nobel´s da Medicina a tentar curá-lo. É tudo uma questão de postura e de ponto de visão. Para uns a garrafa está meia cheia, para outros meia vazia.

Abraços!
Caro Petrucci, fica uma reflexão final apenas:

Porque raio é que as pessoas ainda não perceberam que reconhecer a grandeza dos outros apenas e tão só nos torna igualmente grandes, obrigando-nos a ser mais e mais competentes, ao invés de se insistir em diminuir os outros como sendo profissão de fé?

Fica o pensamento...

Abraços!
Daniel Petrucci disse…
Admito que este tipo de reflexões me atraí cada vez mais, pena tenho que não possamos fazê-lo ao vivo, pois por certo teria muito para aprender!

Concordo indubitavelmente com tudo o que referiste, sem diminuir tudo o que eu disse,afinal creio que são sentimentos que se enquadram perfeitamente neste circuito Tunante.

Também não me referia apenas e só a Festivais. Mas sim, é tempo mal usado passar o tempo a criar "Conspiranoías" que irão sempre existir, pois afinal de contas, faz parte do ser humano desconfiar e invejar, infelizmente!

O teu último pensamento, devia estar nos estatutos das tunas!!

Só podemos crescer ao saber reconhecer o que está mal e ter a confiança e coragem para aceita-lo e corrigi-lo.

Abraços!
Aconteçe que não há ninguém que possa dizer que desse mal por vezes não é ou estará afectado, pois no final da noite é tudo muito amigo mas vai tudo a correr a ver quem ganhou os recuerdos eh!eh!eh!!.
E na verdade em todos estes eventos existem sempre algumas escolhas feitas ao lado, o que é normal, nem tinha piada se fosse o contrário.
Por isso os tunos deverão habituar-se a isso, pois isto é como num jogo da taça uma vez ganham uns outra os outros, não há vençedores garantidos.
Não vale a pena chatearem-se por um objecto de latão, se ainda fosse a dinheiro vá eu entendia.
Desde o ano passado que eu apreendi a minha lição, a verdade no final vêm sempre ao de cima e para mim a pior forma de estar é aquela em que as pessoas se dizem que são superiores a estas situações e são as primeiras a se juntarem com um grupinho de pessoas para comentar alguma actuação menos conseguida de outro grupo, isto sim é que é mesquinho e faz as pessoas chatearem-se por vezes umas com as outras, ainda para mais tendo a certeza que actuações menos ou mais conseguidas todos nós as temos.
As pessoas deverão então pensar antes de olharem para os outros se não vale a pena olhar para nós primeiros.
Este ano lectivo até posso garantir, que foi o ano que apreendi mais, a conheçer melhor o circuito que nos mexemos e a ter a certeza que existem mais coisas boas do que más e enquanto for assim, valerá sempre a pena continuar.
Caro Xabregas;

Não poderia estar mais de acordo contigo; discordar de ti seria em si mesmo uma conspiranoía. Olhemos uns para os outros, digo eu, de forma mais simples, se calhar. Nem sequer me referi ou refiro nesta "aventura" a coisas de latão, lata ou barro, refiro-me antes a outras coisas como certamente bem entendeste e bem mais importantes. Há seguramente mais coisas boas que más, estou de acordo. Mas de vez em quando relembrar aquelas mais, digamos, bizarras, não faz mal a ninguém, aliás, a conversar é que as pessoas se entendem. Como bem diz o Petrucci, faz parte do ser humano. Mas podemos todos nós fazer um exame de consciência de modo a não deixar que a conspiranoía nos tolde as ideias e por vezes, isso não acontece.

Resta o valor das coisas em si mesmo: ou lhe damos importância em demasia - e corremos o risco de nos tornarmos conspiraoícos - ou então valorizamos o importante, o essencial. Não é conspiranoía alguma ir ver os recuerdos (de que tu falas, não eu) no fim da noite (quem não vai?), crime é fazer de conta que está tudo bem e depois encontrar uma conspiranoía qualquer para, por qualquer (??) razão, tentar diminuir o evidente.

É sempre facil diabolizar os outros por maus entendidos até, que fará de má fé (a dôr de cotovelo mais não é que uma conspiranoía em ultimo grau).

Repito o acima dito:

Porque raio é que as pessoas ainda não perceberam que reconhecer a grandeza dos outros apenas e tão só nos torna igualmente grandes, obrigando-nos a ser mais e mais competentes, ao invés de se insistir em diminuir os outros como sendo profissão de fé?

Abraços!