E antes de tudo, dizer claramente, aqui chegados: Nada contra a livre associação de pessoas a titulo musical, no caso, de Tuna. Que fique bem claro. Nem a pretendo contestar - quem sou eu... - e menos ainda colocar em causa, sob que prisma seja.
Na sequência das duas "Aventuras" anteriores sobre Inorgânica Fundacional:
Para lá do já escrito, constata-se - nesta (estranha) vaga fundacional - outro sintoma mais ou menos comum e recorrente:
Tunas fundadas com muito pouca gente e, dessa mesma pouca gente, dois ou três cordofones no máximo, um omnipresente Cajon e os restantes, a cantar - invariavelmente de mãos nos bolsos (outra "característica" que salta à vista). Repare-se que nem sequer estou a fazer considerandos - por redundante - sobre hipotética qualidade musical, seja vocal ou instrumental.
Ora, se somarmos ao atrás descrito - começa a ser uma tendência - a referida febre fundacional de tunas + a sua inorgânica génese fundacional, começamos a referenciar uma espécie de virar de página, por um lado - onde se dispensa os instrumentos como base da Tuna e siga - e, por outro, o surgimento quase que forçado de agrupamentos tuneris, tal configura uma inflexão do paradigma - restando no futuro validar se sim, se não e porque.
Tomou-se sempre como natural que, ao fundar a Tuna, se tem de ter instrumentos e instrumentistas para os tocar. Ao que parece, nos dias, de hoje, não será bem assim. Chegado aqui, continuo a não emitir juízos de valor, apenas a constatar a realidade de hoje.
Depois, sobrando muitos mais que não tocam instrumento algum, percebe-se a redundância em si mesma, restando cantar, apenas. Ou seja, mais configuração vocal que instrumental. Ora, é uma inflexão clara face ao paradigma, dado estarem estas formações, assim sendo, mais perto da expressão musical Coral do que a de Tuna. E sem emitir juízos de valor continuo a escrever.
Será que tal inflexão - que se vai repetindo, amiúde, nas recém nascidas - configura uma tendência, uma pequena moda passageira, uma mera coincidência ou então todas as anteriores e/ou nenhuma delas? Será que o meio tuneril - quem valida ou não, em ultima análise - irá atestar como normal (ou não) tal epifenómeno?
Será um mero placebo ou um parasita - que vive à custa de outro ser vivo, a quem prejudica de alguma forma? Uma inflexão a caminho de uma alteração de facto, do paradigma?
Neste ponto, não sei, admito, que pense sobre. O que sei é que, hoje, a Tuna estudantil - por culpa sua, apenas (e aqui, finalmente, começa o meu opinativo) está numa espécie de sub mundo cultural que, a página tantas, ao constatar o estado a que se chegou enquanto cultura, poderá ser caminho sem retorno. Talvez à semelhança do ocorrido na transição do Século XIX para o de XX nas tunas estudantis nacionais.
Este cenário acima descrito pode muito bem ser, apenas, mais uma página a ilustrar esse percurso a caminho do que, precisamente, ocorreu na transição entre os séculos referidos no parágrafo anterior: O quase desaparecimento da Tuna enquanto expressão musical.
A acompanhar, com a devida atenção.
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