A Aventura do óbvio...

Um dos princípios de uma qualquer organização que se preze de tal nome, para o ser, é cumprir com regras, regras essas aceites de forma geral por essa mesma organização ou sistema e que consubstanciam uma trave mestra de princípios, acima do livre arbítrio de cada um dos elementos dessa organização ou sistema.

Parece-me natural e sensato, para lá de uma certeza em si mesmo., caso oposto, cai-se na esfera do anárquico onde cada um faz o que bem lhe aprouver, estando, por tal e quem o faz, fora da esfera da regra do sistema onde está inserido, logo, está fora do mesmo sistema.Uma Tuna é, por tal, um sistema organizado internamente, com regras (de vária índole e escolhidas pelos seus componentes) e que derivam de um sistema maior, por assim dizer, a cultura Tunante como um todo, o que lhe confere identidade própria e única, num todo cultural chamado Tuna académica e ou Universitária.

O fenómeno Tunante é um fenómeno por si mesmo e tradicionalmente, regrado e regulamentado; sempre foi assim e não será por alguém achar o oposto que deixará de o ser (não será por não ser ler no jornal a pagina de necrologia que deixa, por tal, de existir óbitos). Quem acha o oposto tem esse direito mas tal não invalida a aplicação do regulamentado antes e de forma geral, isto parece-me claro e objectivo. Grave é quando se aponta o dedo à regra em sentido lato quando, por um lado, se cumpre regras também (não se percebendo quais são as regras que interessam cumprir ou não cumprir) e, por outro, se aponta o dedo à regra em sentido lato para não se cumprirem as mesmas; Esta dualidade de posições é que me parece, francamente, abusiva e denota alguma ambiguidade sempre conveniente em dadas circunstâncias, deve-se referir.

O certame de tunas, uma das suas várias expressões mas não a única, é ele mesmo um rol de regras pois servem as mesmas para 1º) fazer cumprir com a Tradição que já vem de há muitos anos e não de há meia dúzia deles e em 2º) para regulamentar em palco e no caso, uma saudável competição que, por ser saudável deve ser regrada desde logo, afim de evitar o livre arbítrio de cada um. Parece-me pacífica tal noção que tanto serve para quem participa como para quem organiza, tanto serve para quem está na situação de participante como serve para quem está na situação de organizador.

Existe uma confusão em todo este contexto que urge desmistificar e esclarecer desde logo: Uma coisa será existirem regras e outra será cumprir (ou não) com as mesmas; por isso é que quem as cumpre está tranquilo e quem prevarica corre riscos, situação inerente a um sistema regrado e organizado, naturalmente. Quem quiser incumprir de forma consciente pois que continue a incumprir, ciente esteja do que tal representa. O que deve ficar claro sim é que cumprindo ou não cumprindo as regras, sejam elas quais forem, elas existem; o seu desconhecimento não aproveita a ninguém, já é uma regra base do direito e ensinada até nos liceus.

Mais, lamentável é quando se pretende branquear as regras, com propósitos pouco ortodoxos mas à vista de todos, tentando diminuir quem cumpre as regras e assim, tentando diminuir a própria regra, o que não é aceitável, de todo.Concluo: O fenómeno Tunante em Portugal é regrado por tradição, se é cumprida ou não essa regulamentação cabe apenas aos seus intervenientes fazê-lo. A Capa e a Batina são negras e não de outra cor qualquer. Se se pode andar com Capa e Batina de cor amarela, pode, desde que quem o faça saiba que a esse acto corresponde uma consequência.

Não se pode fazer FRÁ´s em palco e depois tentar legitimar o disparate, o errado, o criticável., não é bonito de se fazer e muito menos de ver.

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