A Aventura de 2006...

Estamos, pois, perto do final de mais um ano civil e será, porventura, momento para um balanço pessoal que se reporta a um todo geral do que ocorreu no nosso país tunante neste ano de 2006.

É evidente que o ano tunante está "partido" a meio por força dos próximos 2 meses onde a actividade normal das tunas nacionais está hibernada por força de exames e quejandos. Mas já é possivel quanto a mim, fazer um pequeno review sobre o que aconteceu neste ano que agora finda.

Pessoalmente, é um ano de intensa e produtiva actividade a vários titulos nesta nova etapa que iniciei recentemente, bem como noutros capitulos intimamente relacionados com a abordagem geral do fenómeno tunante em Portugal. Fazer surgir uma nova Tuna é sempre um desafio em si mesmo, mais para mais quando inserida num meio com laivos "talibans" quando reage à novidade - nada de novo para quem conhece o meio em que se insere, o que diminui drásticamente o impacto das reacções negativas do género "inveja" e "desdém" sem se saber do que se trata sequer.

Houve claras tentativas em denegrir um projecto logo à nascença mas que foram tentativas de "amadores dramáticos" ou de "parodiantes de comédias de mau gosto" desprovidos de qualquer credibilidade no todo do meio em geral; em suma, nada que não tivesse à espera até, o que tornou o cenário absolutamente divertido até, conferindo-lhe uma certa "piada académica" à medida que o projecto avançava paulatinamente e de forma segura como se constata hoje. Fomo-nos divertindo com o "circo" que alguns montaram, numa espécie de imensa inveja corporativa a quem somente, surge com um novo projecto. Hoje prova-se inequivocamente e de forma facil a quem interessavam estas "comédias", que não raras vezes roçaram a calúnia gratuita e outros actos que, de tão ridiculos, me escuso sequer a comentar porque meramente pitorescos, infantis e mesmo imbecis; quem se deu a esse papel apenas e tão só teve o condão de provocar o efeito oposto, ou seja, dar razão, consistência e credibilidade ao projecto, para lá de dar imensos motivos para piadas de ocasião sempre engraçadas a titulo privado...

Descontando a parte anedótica do processo, estou particularmente contente com o ano de 2006, sendo que as metas iniciais a que se propôs o projecto onde me insiro foram larga, ampla e inequivocamente ultrapassadas e fica para a posteridade a comprovação de que a força de vontade, coerência, trabalho e tranquilidade vingam sempre face a tudo de negativo. A preserverança dos homens livres é, quando assumida de corpo e alma, algo de absolutamente notável.

Num âmbito mais geral, teve este ano um pouco de tudo, como na farmácia há fármacos de todo o tipo, nada de novo. Uns continuam a usufruir de uma imensa capacidade em "ludibriar" uma série de pessoas que julgam estar na presença de uma Tuna quando não, somente restando - face ao cenário actual que procura a "diferença" a todo o custo e preço... . Outras tiveram o condão de se manterem fieis aos seus principios e com eles prosseguirem o seu trabalho, de forma paciente e tranquila, sabendo que a seguir a este tempo mais tempos surgirão. Outros ainda procuram sobreviver na sua forma de estar legitima e sempre com dificuldades mas coerentemente, o que é de louvar sempre. Outros houve para quem o ano de 2006 acabou por ser o prenúncio de uma morte anunciada (sendo que alguns ainda não receberam a respectiva certidão de óbito...). Ou seja, nada de novo por estas paragens, sempre a evoluir.

A "Festivalitis" grassa a olhos vistos, numa espécie de "cegueira" colectiva a que eu, confesso, tenho algumas dificuldades em lidar pessoalmente; ainda assim, da parte que me toca, "consegui" fazer mais espectáculos que não festivais competitivos do que estes ultimos, o que é um olimpico exercício de coerência nos tempos que correm, devo dizê-lo claramente. Nada tenho contra os certames competitivos na sua génese; mas quando se assume que são o único meio para sobreviver - e a maioria das festivaleiras não o assume sequer - estamos então conversados. tenho pena que o fenómeno tenha caminhado para essa noção "tribal" mas é a que temos actualmente; poderão Vºs Exªs até dizer que é ela o sustento da evolução do todo do fenómeno - discordo frontalmente de tal noção - mas para quem é de um tempo onde não eram precisos festivais competitivos para haver tunas essa "conversa" não me convence, de todo.

Talvez em fase de oposição temos uma menor adesão ao estudo, percepção e conhecimento de facto do que é a Tuna enquanto cultura estudantil e fenómeno cultural delimitado historica e temporalmente, o que não significará que esse estudo não exista actualmente, muito pelo oposto. Receio é pela fraca adesão dos supostos destinatários, fraca adesão que apenas e tão só, corrobora a noção "festivaleira"; ou bem que se sabe o que se é e anda a fazer de facto ou bem que se anda à caça da estatueta. A noção socrática do "conhece-te a ti mesmo e só depois aos outros" nas Tunas nacionais, ainda é algo que configura uma miragem, pois quando se admitem no meio tunante aburdos travestidos de Tuna, continuamos a estar conversados. Não percebo a enorme dificuldade que existe em, de forma educada e elevada, dizer-se alto e bom som que "isto" é o que quiserem menos uma Tuna. Mas o tempo e a fragilidade das "modas" fará o que o fenómeno não consegue hoje objectivamente fazer, iludido que - ainda - anda com a frase " e a melhor Tuna vai para...". E de disparate em disparate, de aberração a aberração lá vamos - salvo seja! - andando neste panorama bonito...

O estudo do Ser-se Tuno hoje em dia existe e irá a curto, médio prazo produzir efeitos práticos, sendo que o ano de 2006 foi fulcral nesta e noutras matérias, levando à inevitabilidade de um ano de 2007 recheado de surpresas a este titulo, pois julgo saber que se estão neste momento a concluir, em vários quadrantes, quais os caminhos a traçar a fim de credibilizar o fenómeno senão no seu todo pelo menos em parte. Depois veremos quem irá estar a par do comboio e essencialmente porque está a par ou então porque não estará a par de todo. Em 2006 tivemos a ultima fase do semear sendo que em 2007 passar-se-á à fase do colher frutos. Uma coisa afigura-se certa neste particular: Só irá "apanhar" este comboio quem estiver preparado e credibilizado para tal.

Também em 2006 tivemos - tal como disse há uns anos atrás, apenas confirmando-se hoje tal noção - a ideia de que o status quo irá mudar com a viragem da metade desta década. Repare-se com propriedade que quando me refiro a status quo refiro-me apenas a algo que é salutar e normal; o que ontem era X hoje não o é, numa sucessão natural e que é quase inevitável. Nota-se neste contexto a emergência de novas formas de encarar a Tuna-Instituição, ficando para trás aquelas - regra geral que as excepções existem sempre - que assentam a sua estrutura organizativa (algumas nem isso têm porque nunca tiveram, sendo meros grupos recreativos de momento..) num modelo claramente ultrapassado e, que por tal, fará a prazo ou reaquacionar de forma séria o mesmo ou então levará ao terminus da tuna enquanto tal. As novas formas de encarar a Tuna-Instituição são aquelas que estão melhor preparadas, mais eficazes e mais actuais na forma de se inserir uma Tuna no meio social e universitário onde residem; hoje prova-se isso bastando uma pequena passagem na diagonal para se comprovar que os agrupamentos mais abrangentes e por tal, mais organizados, são aqueles que mais facilmente vingam no meio, porque aglutinadoras de várias sensibilidades intra e extra tunas, para lá de possuirem projecção organizativa que cataliza a mesma tuna mais além desde logo. Nesta segunda metade desta década as coisas serão ainda mais claras neste capitulo. A noção de associação juvenil e/ou cultural será fulcral daqui em diante- como já hoje se denota claramente. O amadorismo do fazer as coisas em cima do joelho será fortemente penalizado pois há quem faça precisamente o oposto já hoje, com claros dividendos.

Tivemos igualmente este ano que agora finda o ressurgir dos laivos "feministas" - que não femininos, note-se - que apenas e tão só pretendem de alguma forma, promoção gratuita por não a obterem de outra forma qualquer. Porque cómica nem teço mais comentários, apenas é ciclico e ressurge pontualmente travestido disto ou daquilo. A Mulher é tão respeitável quanto o Homem no que se refere ao Negro Magistério; apenas acontece por vezes que temos "machismo de saías" e isso salta à vista de qualquer um pela incongruência brutal em que algumas caem.

Enfim, foi um 2006 cheio de coisas boas e outras menos boas e com imensa paródia pelo meio, de vários géneros e feitios. Há um feitio na paródia que me diverte sobremaneira: O desdêm e desditas daqueles que não olham para o espelho....

Bom Natal a todos e um Feliz Ano de 2007.

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