A Aventura da "retoma"

É um tema cada vez mais recorrente em matéria Tunante. A prazo e da forma que as coisas são actualmente, perante cenários como Bolonha, efeitos de moda, taxas de natalidade e propinas, para lá dos naturais preceitos do fenómeno tunante hoje tão vilipendiados, o número de Tunas existentes em Portugal hoje não conseguirá a curto médio prazo manter-se nos mesmo números. Recorrer aos antigos Tunos será solução ou forma de encapotar e adiar a questão de fundo?

Seria muito bom que, até para a prossecução do fenómeno, que não fossem alguns "buscar" os mais velhos até (se bem que essa noção do "ir buscar os mais velhos" não será assim tão linear quanto poderá parecer, casos há até de que é precisamente o oposto que ocorre) mas sim que tomassem os mais novos as rédeas efectivamente e de forma inequivoca.

O que se consegue sentir até é precisamente um alheamento e facilistismo de uma geração actual, que chega às Tunas com "a papa feita" e que apenas pretende usufruir muitas vezes - e não generalizando - de algo que já existe sem querer contribuir para o todo de forma concreta.

Uma coisa será falarmos de gerações que nasceram e cresceram a construir algo que hoje existe; outra será falarmos de gerações que chega a um cenário já existente. A motivação será a mesma porventura? Fica a questão e só pelo prisma da motivação, já nem abordo outros tão ou mais pertinentes. O "chamar as tropas mais velhas" é uma situação que ocorrerá porventura aqui e ali; menos mal, porque pelo menos esse acto reconhece aos mais velhos algo de valor.

Pior será quando quem deveria assumir as redeas hoje não assume, deitando por terra literalmente anos e anos de trabalho e esforço que nem sequer alguns calcularão o que seja. Depois temos como resultado Tunas que fazem a "retoma" para ver se a coisa se compõe pelo menos; logo, temos aqui duas noções distintas: quem se interessa pelo essencial e quem não se interessa de todo. Fazer nascer e crescer algo em tudo na vida dá trabalho, leva tempo, requer competência e esforço, para lá de dedicação e sobretudo, um imenso gosto e amor pela causa Tunante.

Já destruir não custa nada, é fácil, leva menos de um ano se for caso e já os há aqui e ali que comprovam inequívocamente tal noção. Ora, nem sequer parto da dictomia "mais velhos" e "mais novos"; Sinceramente, é-me indiferente seja quem for, desde que assegure continuidade, esforço, trabalho, dedicação e amor pela causa que supostamente abraçaram. Nem sequer estaríamos a falar destes assuntos sem que não seja claro e óbvio que a forma de encarar a Tuna ontem não é a mesma da de hoje por parte das actuais gerações.

Excepções à regra sempre as houve, ontem houve e hoje haverá, parece-me tranquilo. Quando a coisa se tornava complicada antes, a "malta" lá se conseguia "safar" e dava a volta ao texto se caso fosse; todas as Tunas com dez anos ou mais passaram por altos e baixos. Mas antes, não havia "velhinhos" a quem recorrer e isso faz toda a diferença. Hoje, até poderão porventura te-la quem assim quiser e alguns se predisporem a tal.

Sinceramente, o que entendo do actual cenário e de acordo com o titulo do post inicial é, nada mais nada menos que a consequência mais que esperada e já aqui abordada e prevista, de que o número de Tunas irá baixar a médio/curto prazo. E grande parte do motivo para tal não se baseia só em Bolonha, taxas de natalidade ou efeitos de moda: essencialmente e quanto a mim, baseia-se sumariamente numa forma de encarar a Tuna que é despiciente, laxista, não responsável e acima de tudo altamente facilitista. Obviamente que os resultados são quase previsiveis e já vemos isso a acontecer amiúde.

Uma coisa será manter determinados niveis de exigência , melhor ou pior, mas mantendo-os ao longo dos tempos, outra será quando não se reconhece nada do que para trás está feito não acarinhando o passado, muitas vezes destruíndo o presente e assim hipotecando o futuro. Cada qual colhe o que semeia. Por isso é queas gerações mais velhas são hoje ou requisitadas (já fizeram antes bem, que o façam por nós outra vez...) ou então até são vilipendiadas porque trazem noções que manifestamente não interessam sequer abordar, portanto, são agentes incomodativos até. Há de tudo. Naturalmente com resultados distintos.

As novas gerações devem ser chamadas a assumir de facto e não de "bullshit" os destinos das suas Tunas se assim quiserem que elas progridam com maior ou menos dificuldade, com mais Bolonha ou menos Bolonha. Se antes outros tiveram a suprema dificuldade em fazer nascer algo que não havia sequer, se antes se conseguiu sobreviver e crescer, não há razão aparente (sob pena sim de paternalismos que não cabem aqui) para que os actuais Tunos não assumam as presentes dificuldades.

Excepto se acharem que assim como estão as coisas vai bem o "andor" na "procissão". Aí então, é fazer como Póncio Pilatos....

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