A Aventura do "burgesso tunante"

Parece quase irrealista ainda hoje se ter como tema de conversa no seio tunante a atitude do burgesso, à falta de uma atitude normal, de forma de estar e ser no meio tunante e no caso.

O burgesso é alguém grosseiro, sem distinção, de maneiras rudes e ignorante, de acordo com o mais comum do dicionário. Dicionário esse que não se resume certamente e só à lingua de Camões mas também se extende ao relacionamento entre pessoas e Tunos, obviamente. Julgava-se ser esse espécimen algo já irradicado à muito do meio Tunante nacional até porque a simples condição de Estudante Universitário se encontra nos antípodas da atitude burgessa por definição e bom senso.

O burgesso tunante ainda é passivel de caracterização sumária à falta de uma impossível analíse mais aprofundada. Pior que isso, ressurge o mesmo a espaços - felizmente cada vez maiores - com as suas atitudes típicas, desprovidas de qualquer lógica ou razão, criando com isso mau estar e, seguramente graças a isso, a provocar o efeito contrário, que será a sua rejeição sumária. Se antes o burgesso passava algo incólume num meio novo que facilmente confundia o académico Tuno com o complexado burgesso tunante (sim, complexado) , hoje em dia não se passam as coisas dessa forma, o que torna a atitude burgessa perfeitamente caricata, surreal e mesmo imbecil, originando com isso um apontar do dedo que deve ser preemente e real. A atitude burgessa deve ser por isso mesmo, condenada e denunciada, não com o intuíto penalizador a quem a toma mas antes como atitude profilática em defesa do que deve ser um Tuno de facto na sua atitude, postura e forma de estar.

A personagem do burgesso tunante é transversal e nada tem a ver com nome, estatuto ou prestigio pretenso, antes sim tem a ver com uma forma de estar na Tuna - e presupõe-se no resto também - que em nada se compadece com as nobres regras da arte de Bem Tunar no seu todo. Citando alguém "quando a Academia faz *erda, limpa o *ú à Capa", o que significa que e traduzindo, deve ser lavada a roupa suja dentro de casa. Concordo com tal visão excepto numa situação: quando a Capa já não chega para limpar tanta porcaria que alguns burgessos vão aqui e ali produzindo, rindo-se de quem sabe Estar e Ser, passando impávidos e serenos por todo este processo digno de uma ETAR. Enquanto o burgesso faz das suas e diz alto e bom som "estou-me a *agar para isso!", já o Tuno de facto tem a obrigação moral de lhe puxar a Capa por baixo dos pés através dos meios que bem entenda mas sempre dentro dos limites do comensurável, razoável e académico. Mais, a cada uma que o burgesso faz deve-se de imediato puxar a Capa ao mesmo. Ainda assim admite-se o direito ao contraditório, porque Tuno que é Tuno é justo, até para que este ultimo não perca a razão.

Claro que o direito ao contraditório oferece ao burgesso a magnífica hipótese de se travestir de Tuno, já se sabe, ou mais, de se passar por donzela vilipendiada e violentada às mãos de um grupo de presidiários de pena perpétua. Nada de novo. Mas isso não retira o estatuto de burgesso que detêm o mesmo. Como diz um ilustre Tuno meu amigo "quem nasce cebola morre cebola..."

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