A Aventura do Biénio...

Chega agora ao final, com o aproximar das - merecidas - férias de Verão deste ano um ciclo de dois anos que se iniciou em Junho de 2005, ciclo este ininterrupto de um projecto que começou frágil mas convicto e que hoje vê esse mesmo projecto deixar de lado as "fraldas" e revestir-se de certeza madura e estável, deixando, por tal, de ser um projecto - embora sempre evoluído nessa matéria com mais e novos "projectos" - para ser uma certeza firme de pedra e cal.

Foram dois trabalhosos mas convictamente coerentes dois anos, onde nem no Verão passado teve um pequeno intermezzo sequer, continuando a sua actividade Tunante em regime de "full-time" continuando depois para o 2º semestre de 2006 e culimando neste 1º semestre de 2007 que agora, sim, faz a sua merecida pausa para descanso. Tempo, pois, para uma pequena análise pessoal como co-autor deste já não projecto mas certeza firmada e para memória futura.

Recentemente e na minha qualidade de Magister Tvnae, portanto, condição absolutamente institucional, fui entrevistado sobre esta mesmíssima matéria no maior - e único - portal nacional de Tunas universitárias existente actualmente. Obviamente que se tratou de uma entrevista generalista, com respostas igualmente generalistas e versando a actividade geral da Tuna que represento e da qual muito me orgulho de fazer parte intrínseca com o meu "vinteavo" de contributo pessoal. Quanto a essa vertente de análise, penso estar tudo dito no local e hora certa.

A minha análise pessoal, contudo, vai algo mais além, porque bem mais emotiva por um lado e racional até por outro, pois estes dois anos são fruto de uma intensa vivência pessoal e interpessoal com diversas pessoas, Tunos, quer do meio onde nos inserimos, quer no mundo mais vasto que é o das tunas e o que fora deste existe e onde naturalmente nos inserimos. É pois a minha análise pessoal isso mesmo e que me vincula a mim, obviamente. Reclamo para mim essa prerrogativa por natural e académicamente legitima até, nada de mais directo e frontal diria eu.

Ao contrário do que alguns mais desprevenidos ou desconhecedores da realidade poderão supor, não foi um acto de revolta e muito menos uma vendetta pessoal ou de grupo que esteve e está aqui em causa; foi antes sim - e é - a prova cabal e inequívoca da vontade de um punhado de "homens-livres" que pensaram e pensam a Tuna enquanto fenómeno cultural agregador por essência e nunca o oposto, dentro de regras e principios claros e objectivos que lhe assumem na sua formação, naturalmente.

Foi, é e será sempre uma forma de estar e até mesmo de responder a uma série interminável de "vicios" prejudiciais ao todo do fenómeno - e a começar pela Academia - que vingou de uma forma clara, cabal e graças ao seu esforço, trabalho e dedicação a uma causa, a uma ideia, a uma postura; Muitos foram alvos - e agora poderei dizê-lo - de autênticas perseguições, de verdadeiras "excomunhões", de posturas que vilipendiavam apenas e tão só a ideia sem saberem o que ela significava, significa ou significará até. Restou-nos, portanto, ser coerentes e ir ao encontro aos nossos propósitos e objectivos, tendo sido a unica forma de "calar" pela prova inequívoca aqueles que desdenharam - quiçá querendo "comprar" até e em alguns casos... - de um punhado de Tunos com mais que provas dadas e maturidade reconhecida.

De tudo houve um pouco e na óptica mais simpática a palavra boicote será a mais apropriada de aplicar. De pouco serviu tal boicote porque pura e simplesmente quem o tentou promover não sabe sequer o que faz (os tais indigentes a que já me referi noutras paragens) e depois - não menos importante - porque a postura assumida desta parte evitou, evita e evitará sempre qualquer acção nesse sentido. O reconhecimento conquista-se paulatinamente com trabalho e não de outra forma qualquer; foi isso que foi já conseguido em vários quadrantes, quer locais (académicos e extra académicos) quer supralocais e até mesmo internacionais, graças somente a um esforço conjunto do tal punhado de "homens-livres", os mesmos que foram - alguns - autênticamente apunhalados por uma horde de imbecis que se disfarçaram com várias pêles consoante os tempos e os acontecimentos, à boa maneira Estalinista. Hoje comprova-se quem restou e quem está as portas do fim ou mesmo nele. Com uma diferença: em nada contribuimos para esse final de alguns, o tempo e a imbecilidade encarregou-se do resto, naturalmente.

Foram dois anos, portanto, intensamente vividos sob o ponto de vista social e até comportamental, onde as adversidades se tornaram em forças adicionais, onde o mau momento potenciou sempre coisas boas e mais trabalho, amizade, construção e responsabilidade; logo deduz-se que todo e qualquer acto que pretendia vilipendiar apenas e tão só foi algo que, hoje, agradecemos profundamente. É dos livros, quase que diria...

A não dependência face a terceiros tornou-se, portanto, fundamental na prossecução dos nossos objectivos, bem como a habil e inteligente gestão feita a todos os titulos, desarmando por completo qualquer tentativa de raiz em desacreditar ou desprestigiar o que novo surgiu, então, há dois anos. Não é inocente a este processo de gestão a forma organizativa encontrada desde base, que pura e simplesmente é imune a qualquer atentado que se sustente na ideia do projecto (então, hoje realidade de facto). Hoje, atrevo-me a dizer, alguns dos detractores perceberam que o melhor caminho nunca será hostilizar - muito bem, parabéns... - mas antes contemporizar e no limite por baixo. Hoje, já esta certeza é aceite por muitos e muitos; Aos poucos que sobram mais não lhes resta que se renderem às evidencias e com elas viveram alegremente, pois as mesmas em nada afectam os seus interesses, muito pelo oposto se virem a prazo e com a devida perspicácia diria até. O futuro imediato provará isso mesmo até em alguns casos, onde o antes impossivel amanhã não o será de todo, muito pelo contrário.

Esta análise pessoal por frontal e directa não significa hostilização seja a quem seja, que fique absolutamente claro, muito pelo oposto o digo. Apenas fiz o relato de dois anos passados entretanto sem "salamaleques" ou discursos "politicamente correctos". Que a mesma seja prenúncio e certeza de que a sã e normal convivência seja uma realidade, que promovemos seja com quem seja (salvo casos muito excepcionais e que apenas confirmam a regra anteriormente ditada), na certeza de que não promoveremos hostilidade gratuita mas antes sim uma saudável convivência inter-Tunos e Tunas, com base sempre no respeito mútuo e acima de tudo, respeito pelas nossas convicções, postura e ideaís fundacionais que promovemos entre nós e com os outros, sejam os outros quem sejam. Não nos impomos (estes dois anos provam também isso mesmo) mas antes afirmamos os nossos valores dentro da nossa liberdade de expressão seja ela musical, cultural, comportamental ou até mesmo legal se for caso.

Hoje, crescemos sustentadamente. Vivemos exclusivamente do nosso trabalho, esforço e desempenho e temos sabido levar a nossa "Caravela" (como um Tuno nosso a apelidou em boa hora) a mares desconhecidos e conhecidos de outrora, de forma tranquila mas firme. Vivemos unica e exclusivamente do nosso esforço e não temos auxilio seja de quem seja no que toca a recursos que possibilitam o desempenho da Tuna. Temos tão somente a nossa postura que serve de "passaporte" para que algumas instituições privadas e publicas nos dêem a rede para podermos pescar e nunca o peixe numa bandeja de prata colocada à nossa disposição. Soubemos, em suma, ganhar aquilo que temos, a todos os titulos, niveis e patamares.

Contra factos não há argumentos. Há um rasgado orgulho indisfarçável e que não tenciono disfarçar sequer porque resultado de trabalho rigoroso, dedicado, creditado. Assim procuraremos manter a Caravela, no rumo certo, com o auxilio de quem é efectivamente nosso amigo, desde tuna madrinha a tunas amigas, passado por variadissimas instituições com quem temos protocolado até parcerias, terminando num número interminável de pessoas particulares que estão de corpo e alma com esta Caravela.

Contudo, a viagem ainda vai no inicio, nada é um dado adquirido para lá do (pouco) que já existe. A vida ensina que ganhos hoje não são garantia de ganhos futuros, já se diz na banca e muito bem. Portanto, o alcançado é apenas uma base para um percurso que se quer tranquilamente longo e sempre a construir, com um sorriso na cara perante todos. Aqui e ali aparecerão os "Adamastores do costume" a querer levantar marés vivas ao nosso caminho; é nossa promessa tornar as mesmas em tempestades dentro de copos de água, até para abono de uma tranquilidade que é oposta a qualquer teoria da conspiração (é que para esta existir teria de haver inteligência nos conspiradores e até agora, nada dela....).

Continuaremos a navegar. Com rumo certo e leme seguro.

Obrigado áqueles que acreditaram, acreditam e acreditarão.

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