A Aventura da actualidade

Regresso ao blog após uns dias de férias e num rápido "raid over the net"constatei com naturalidade e quase inevitabilidade a continuação da "discussão" em volta dos acontecimentos referentes ao uso de um determinado tipo de calçado anunciado publicamente por uma dita de tuna. Julgavam alguns que o assunto estaria mais que recalcado, mais que discutido, para além de expremidíssimo por todos os pontos de vista.

Puro engano, pois o mesmo e para lá das naturais derivações que o tema em si proporciona, ainda se encontra actual, pertinente, na ordem do dia. Facto que no Portugal tunante é absolutamente inédito, deve-se referir, provando desde logo que a dimensão da questão ultrapassa desde logo a habitual indiferença quando os temas quentes deixam de o ser, mantendo-se para lá da noção habitual que nos indica "esse tema já morreu" ou "já lá vai". Afinal, ainda lá virá, a ver pelas reacções continuadas que o tema e suas derivadas suscita ainda hoje. Ainda bem, finalmente, a memória parece querer fazer jus a si mesma num meio tunante que é useiro e veseiro em se "esquecer" das coisas importantes.

Passo a citar o Dr. Eduardo Coelho sobre a questão de fundo, a que realmente interessa:

"...o meu bisavô comprou um carro em 1910: nenhum dos meus amigos acredita que aquele carro foi comprado em 1910. Tem jantes de liga leve, fecho centralizado, ar condicionado, vidros eléctricos, chassis monobloco de alumínio, motor de variação contínua, caixa automática, computador de bordo integrado, leitor de dvd, ecrã panorâmico, estofos de competição, uma luz de néon por baixo do chassis e até tira cafés! A máquina de cafés foi uma compra minha, pronto; o resto foi sendo comprado pelos meus familiares ao longo do tempo.

Estou chateado, porque não me aceitam o carro no clube de automóveis antigos do ACP... Mas que é o carro do meu bisavô, é. E quem duvida? Para que raio havíamos de querer aquelas porcas e parafusos todos? E a chapa de ferro? E os assentos que davam dores de costas? E aquele motor horroroso? Bolas. Conservadores de m*rda, pá... Chegávamos ao fim das viagens todos moídos das costas. Havia que modernizar, não é? E depois ainda dizem que aquele não é o carro do meu bisavô! Ingratos! Botas-de-elástico! Velhos do Restelo! Fassssissstas! Inquisidores! Primeiros-ministros! (Ups... ele que não me ouça...). Tunos!

Sapatilhas=elegância? - para a malta do hip-hop, honra lhes seja feita. Yo...É o mal de não se olhar para trás... Parece que tudo é legítimo". (fim de citação).

Caso que faz lembrar aquele programa do Discovery que transforma sucatas ambulantes com 40 anos ou mais em autênticas bombas tecnológicas a rodar nas estradas dos States. Caso que faz lembrar toda esta questão ao fim e ao cabo, num excelente exemplo caricatural que deixa a nú a verdadeira essência do que é uma Tuna e o que não o é, mesmo querendo parecendo ser.

O único portal de informação tunante existente em Portugal sustenta o assunto na actualidade ainda que por força dos seus participantes online, graças à natureza grave do assunto e graças ao serviço online que o portal presta regularmente e que facilmente recupera temas, repete-os e renova-os. Neste caso, nem sequer é uma repetição do tema porque é o mesmo tema sempre, ou seja, temos o tal factor de actualidade que se estende no tempo e no espaço, sintoma mais que evidente, claro e importante para que o mesmo seja hoje debatido como sendo assunto pertinente. O ultimo Editorial do portal em questão acaba por ser francamente dubio; se presta um relevante serviço mantendo o tema actual, por outro lado é e como referi no mesmo um olímpico exercício de fuga ao tema em questão, quando se julgava e desde sempre qual é a definição clara e objectiva de Tuna académica e ou universitária. Lamento sim é a demissão que um orgão de informação faz quando não o deveria fazer neste momento e por força da sua Linha Editorial, correndo assim o risco claro e eminente de prestar má informação e informação errada aos seus leitores.

O debate seguirá pois - ainda que perfeitamente dispensável na minha óptica - sobre o que é então uma Tuna académica e ou universitária, restando ver como terminará o mesmo e qual o veredicto a sair desta questão. Mais que isso, a actualidade do tema em questão ira "apanhar" o próximo ENT em Lisboa "em cheio" e onde seguramente o tema será amplamente debatido e analisado, ficando desde já a promessa da minha parte em o alimentar até às ultimas consequências, naturalmente.

A Aventura da actualidade é portanto uma verdade incontornável e no que toca ao tema de fundo da questão observada. Basta por ora que essa actualidade se mantenha - como está provado até - e que a mesma faça regressar ao seio tunante os valores claros, históricos, objectivos e tradicionais da Tuna académica e ou Universitária. Estou sim curioso para ver qual o resultado final de toda esta temática e em várias sedes quer informativas, quer formativas que o fenómeno tunante nacional felizmente hoje possuí, à falta de sedes deliberativas. Esclarecer é fundamental, importante. Pôr as coisas no seu sitio devido é algo absolutamente normal e necessário.

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