A Aventura do conhecimento ou da ignorância



Resolvi recuperar este artigo, datado de 1998 e da autoria do reputado e conhecido Diego Callejon (periódico AVENTUNA, Barcelona), onde encontrei aquilo que ele refere como pontos débeis da tuna espanhola à data. Façam pois o devido paralelismo e onde ele naturalmente se colocar.

Ficam aqui, numa tradução mais ou menos livre, alguns desses pontos para reflexão e, depois a conclusão do autor, em espanhol.

1º) A maioria dos Tunos ainda não se descobriram como tal; não conhecem a sua tradição e com sorte conhecem uma geração anterior.

2º) O contacto com a "res universitaria" é muito débil; as tunas funcionam mais como entidades autónomas do que como parte do colectivo de actividades universitárias, de que se possa sentir orgulhosa a Universidade e a veja como parte do seu património.

3º) A imagem de "fascista" ou atitude de uma determinada época que ficou nas mentes dos novos intelectuais.

4º) As infelizes aparições na comunicação social, de tunos que sem conhecimentos nem argumentos pretendem representar todo o colectivo.

5º) As mensagens para captar novos Tunos são antiquadas e oferecem o que já se tem facilmente e, para mais, não se soube explicar a questão da aprendizagem. Os Tunos de hoje somente repetem nos caloiros o que a eles lhes fizeram antes. O modelo é o de sempre, o mesmo e vai-se pelo mais fácil.

6º) Cada vez há mais tunas mas só de nome, não de espírito.

7º) O Traje já não “salva” o Tuno de quase nada (Num programa de televisão passado, comparou-se a Tuna com uma das muitas tribos urbanas existentes).

8º) O desmesurado crescimento das universidades e afins foi paralelo ao das Tunas. É comum ver o Tuno na televisão mas não recreando-se no que tocam.

9º) A constante inclusão de repertório alheio ao de Tuna e a competição com músicos profissionais pode originar problemas em duas frentes: por competição desleal e relativos a direitos de autor. Isto pode ocorrer a qualquer momento.

10º) La Tuna está a perder a elegância, a graça; a alegria e o “savoir faire”".

11º) A maioria dos Tunos que passaram pela Tuna não punham tal no seu "currículum".

12º) Em alguns actos de Tunas: Concursos; Certames; etc., estão longe de ter a atracção que tinham há décadas atrás. Os auditórios enchem-se com amigos, família e gente de terceira idade.

A conclusão de Diego Callejon é a seguinte e segue tal qual foi publicada.

Estamos en una época de cambios profundos gracias a las tecnologías de la información y las comunicaciones; seguramente que, en un término inferior a los diez años, la sociedad que ahora conocemos habrá cambiado completamente.

Estas tecnologías hay que saber utilizarlas y solamente con una rigurosa disciplina pedagógica se puede pasar, de forma eficaz, de la información al conocimiento. La mejor pedagogía es la clásica, hemos de empezar por la idea socrática de intentar conocernos a nosotros mismos, nuestras raíces, nuestras tradiciones, nuestro pueblo; de otra manera seremos devorados y diluidos en este nuevo espacio social que ya se está configurando. El problema no está en nuestra identificación como tunos, el problema está en las nuevas generaciones que habrán de descubrirse como tales.

El reto para la generación del 2000 será el de siempre: el descubrimiento o la ignorancia. Si es la ignorancia, volveremos al Carnaval cualquiera podrá ser tuno vistiéndose el hábito, pero jamás será miembro de la Tuna. Si es descubrimiento, tendremos un grupo de universitarios integrados en Ia Universidad, formando parte de su patrimonio y serán un lujo del que enorgullecerse: tendremos Tuna.

Amén

(NOTA: Artígo publicado na edição especial monográfica do Boletin Informativo AVENTUNA, Nº 66, “La Tuna en el 2000”, Outono 1998, Barcelona, Espanha.)

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Como diz o autor, ou temos tuna ou temos carnaval.
Caro amigo, nãotenho dúvida que já se ouvem os ritmos de samba bem perto!
O curioso deste artigo será notar-se imensas semelhanças entre o fenómeno espanhol e português e não pelas melhores razões, como facilmente se poderá comprovar.

Abraços!
J.Pierre Silva disse…
Pois, além de continuar muito actual.
Contudo, a diferença que encontro, para desvantagem nossa, é que não apenas não temos os séculos de tradição que les possuem, cujo peso ainda se faz sentir, como também não temos a mesma adesão na defesa dos valores e dessa mesma tradição Tunante.

Se eles, por lá, é o que é; imagina no que por cá isto pode dar, tão frágeis as raízes temos e com tantos lenhadores ávidos de dar ao machado.