A Aventura da Moralidade


Nas ultimas horas tivemos dois exemplos e em dois mundos em particular, o da Formula 1 e o do futebol, de claro exercício de responsabilização perante quem prevarica de forma contundente em cada um desses meios, com regras muito claras e específicas. Bem sei que as comparações não se podem colocar por completo mas na essência moral da mesma comparação, a responsabilização entra em correlação directa com o direito de exercício de actividade de cada um no seu metier, na sua função especifica, onde se relaciona com outros que praticam a mesma actividade.

E por exercerem supostamente a mesma actividade, terão as mesmas de se autoregular e de existir quem regule quem foge de forma deliberada às regras claras de convivência entre os mesmos actores de um mesmo cenário. Isto aplica-se em qualquer actividade onde há vários actores e ultrapassa a normal especificidade de cada uma das actividades. Dar um soco num jogador de futebol em pleno campo é prevaricar e espionar uma equipe concorrente em dados industriais relevantes é prevaricar, pois ambas as situações atrás estão num plano moral inferior que escapa ao normal desenrolar de qualquer actividade em concreto: a sã convivência e cumprimento de regras generalizadas. Supor o oposto é suportar a anarquia onde cada um faz o que bem entende e com as consequências por demais conhecidas até na própria História, quando a Anarquia era imposta a determinada sociedade, grupo de interesses, etc.

Essas faltas de plano moral e consequentes actos são a diferença real entre uma comunidade organizada e um conjunto de actores que se valem a si mesmo, sem qualquer regra ou nexo causa-efeito, procurando cada um ir por si mesmo nem que isso signifique que se irá prejudicar indirecta ou indirectamente outros actores. Nos dias de hoje, essa falta de moralidade é própria da selvajaria e não de uma sociedade evoluída e moderna.

O mundo tunante padece actualmente dessa falta de moralidade aqui e ali, pois ainda persistem por parte de alguns actores actos da mais baixa moralidade, do maior egocentrismo interesseiro, de um isolacionismo que deveria ser punido pela restante comunidade e que não o é a espaços, porque esta comunidade em concreto sempre se mostrou, por tradicional e culturalmente unica, confiante no bom senso de todos os actores intervenientes. Hoje sabemos que não é assim. Ainda temos no mundo tunante Maclaren´s e Scolari´s mas apenas com uma diferença: estes ultimos foram chamados ao plano moral para apresentarem o seu contraditório e assim, defenderem-se do que são acusados; no mundo tunante nacional os prevaricadores em alguns casos ainda se riem na cara dos que estão no seio comunitário, achando arrogantemente que são mais que todos os outros juntos e ainda por cima, sem qualquer sentimento de punidade da parte da comunidade onde dizem inserir-se.

E se noutros meios se penaliza um seleccionador de uma equipa nacional ou uma das mais miticas equipas de Formula 1 com a mesma rapidez e sentido de justiça que se faria com um outro qualquer, já na comunidade tunante parece não haver sequer vontade, arte, engenho e acima de tudo, coragem, para pôr um ponto final naqueles que prevaricam e com gozo redobrado por saberem que nada lhes acontece por fazê-lo. A moralidade é a base de um inter-relacionamento saudável e responsável, mais até que regras de direito e deveres. Quando não há a 1ª nem sequer a 2ª, então estamos no plano da anarquia e no caso, tunante, onde cada um faz o que bem lhe aprouver e a rir-se dos que cumprem - porque com moral para cumprir e assim exigir cumprimento - ainda por cima. Pior, neste meio social tunante, há uns - os piores - que fazem de conta que nada se está a passar, revelando uma tremenda falha de moral, de carácter e uma imensa cobardia na sua responsabilidade tunante. Estes são o verdadeiro perigo, mais até que os que prevaricam.

No mundo tunante podem exigir cumprimento todos aqueles que cumprem; será por cumprirem que estão legitimados desde logo a exigir cumprimento. Basta.

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