A Aventura do "Sandokan Padeiro" com arma branca (da farinha)


Volto agora do 1º ensaio da reentré tunante e deparei-me com uma história digna de um cenário de guerra civil algures no Kosovo, contada por alguns dos meus amigos que a viveram em primeiríssima mão.

A história sucedeu-se há dias e seria engraçada até se tivesse sido mera ficção mas ao que se sabe, foi mesmo real. Traços gerais, foi algo assim:

A Tuna X desloca-se a um espectáculo algures no interior nortenho - e omito o local para não colocar em causa toda uma comunidade - e às paginas tantas, alguns desses garbosos Tunos resolvem, já de madrugada, ir comprar pão a uma panificadora local, que só fabrica mesmo pão, nem sequer tem "porta aberta".

Chegados ao local, eís que se deparam com um "mamífero nativo" que, já enebriado certamente não pelos odores da panificação, resolve travar-se de razões surgidas do nada - é como quem diz, do alcool - e vai daí, saca de uma faca do tipo mini-sabre e vira-se a um dos Tunos ameaçando-o declaradamente, Tunos que, atónitos, assistem a tudo isto vindo precisamente do nada.

A coisa lá se resolve - aparentemente - com uns açoites ao inebriado Sandokan da paróquia, cujo amigo se desfaz em desculpas perante os elementos da Tuna face ao sucedido, já que o improvável Sandokan nem estava sequer em condições, ao que rezam as crónicas locais, para articular uma frase com nexo, que fará para estar de arma branca (da farinha, certo, mas branca também e face à Lei) em riste e virados seja para quem seja. O desaguizado termina e a Tuna segue o seu caminho.

Dia seguinte, jantar, actuação e ida à disco da paróquia, naturalmente, a única do local, com a companhia de Damas de uma Tuna Feminina que também tinha actuado nessa noite. Entrada na discoteca e, voilá, Sandokan (já sobrio, coisa do outro mundo...) y sus muchachos com ar de quem quer fazer um ajuste de contas, tipo Cosa Nostra en versão labrega. Pedagogica e inteligentemente a Tuna saí de imediato, a fim de evitar males maiores. E começa a odisseia aqui.

Entrada nas viaturas e siga para paragens mais friendly. Atrás segue um carro que se percebeu estar a seguir as viaturas dos Tunos. Os mesmos, sensatamente, deslocam-se ao posto da GNR local para dar nota da situação. Entram no posto da GNR local e acto continuo, chegam (leiam que é verdade) várias viaturas, todas de matrícula francesa e suiça (esses povos bárbaros e incivilizados que detestam Tunas, como é público...) com uma horde de ávidos terroristas aldeões sedentos de vingança ao seu Sandokan Padeiro, essa ilustre e respeitável personagem da iconografia local. Seria de rir se fosse ficção mas não foi, meus caros leitores.

Os Tunos, perante tamanho aparato no local que meteu - pasme-se ou não - gáz pimenta e tudo, refugiam-se no posto da GNR que entretanto tinha barricado o mesmo e com os Tunos no seu interior, algo pasmados com tudo aquilo, sendo que lá fora, tinhamos um cenário digno da Faixa de Gaza, só faltando a TVI para filmar sangue (o que felizmente não aconteceu, nem TVI, nem sangue). A GNR como é habitual nestas ocasiões, estava ocupada a "tomar conta da ocorrência"...

Umas largas dezenas de imbecis energúmenos a querer fazer justiça popular quando nem sequer haveria justiça alguma para fazer e popular fora de questão. A dita cuja Tuna ficou barricada até às 8 da manhã e depois, sob escolta, ainda foi levada até aos limites do território "Apache" - não fosse um i(n)dio(ta) qualquer montado na sua Famel XPTO Turbo Diesel atirar setas pelo caminho...

Parece impossível mas ainda há disto a acontecer e até com Tunas. Esta noção de justiça popular que ultimamente anda por aí nas ruas e também das cidades já chegou às Tunas, ao que parece. Aliás, ao que parece, até a autoridade tem medo dos Sandokan´s padeiros que por aí pululam, esses imbecis que precisavam sim era de uns açoites à antiga portuguesa e trabalhos forçados inteligentes nunca inferiores a um ano, como limpar matas e pinhais ou latrinas públicas, por exemplo, ao invés de andarem nas suas "paróquias" à solta julgando-se acima de quem quer que seja, bêbados como carroças e a empunhar facas para ameaçar gente de bem que, naturalmente e nestas situações, necessita de se defender, à falta de quem o faça devidamente.

Conclusão: isto é como a roleta e tipo a russa já se sabe. Pode correr bem e o "Povo é Sereno" e mais não sei quantos clichés que se podem usar nestas ocasiões. Mas a verdade é que em pleno Seculo XXI em Portugal, ainda temos disto, só porque um labrego bêbado não gostou de ver um grupo de Tunos, vai daí e saca da faca da padeira. Cautela. Ainda há quem não goste de quem estuda, por exemplo. Até na Ribeira dá pena, que fará noutro sitio qualquer....

Comentários

alieri disse…
Realmente estas estórias são mais tristes que hilariantes. Aconteceu com certa e determinada Tuna alentejana ter ido tocar a uma cidade dessa região, e outros energumentos como os referidos no teu post terem provocado os tunos mesmo a forçar o confronto. Empurra daqui, pontapé dali, um dos tunos ficou mesmo sem um bocado de uma orelha...Parece mentira, mas infelizmente não foi...