A Aventura do Diálogo

Estamos em vésperas de mais uma edição do ENT, desta vez na capital, sob os auspícios da Tusófona. O ENT é amado por uns, odiado por outros - vá-se lá saber porquê, mesmo que se desconfie de - mas a ninguém é indiferente por muito que alguns apregoem o oposto. O ENT é uma espécie de Big Brother que todos dizem não saber o que é mas depois os mesmos todos estão atentos ao que por lá se passa, procurando as informações que mais lhes convém. Tem sido sempre assim e o próximo não será nesse capítulo certamente distinto.

É nesta altura pertinente perceber o que era o fenómeno antes do ENT e depois do ENT. Certamente que não será por si só uma viragem de grande monta - afinal, Encontro de Tunos e não de Tunas, logo, encontro de pessoas e não de instituições - quanto ao essencial mas não deixa de se denotar algumas diferenças entre o antes e o depois do I ENT que em boa hora, a Tuna Académica da Universidade de Évora levou a cabo com continuidade na Guarda, Coimbra, Viseu e agora Lisboa.

Este Encontro teve o condão de juntar alguns dos que - podendo ou querendo - mais se preocupam com o essencial da questão Tunante, procurando saber mais sobre o mesmo, numa tentativa anual de desmistificar alguns conceitos errados. Procurou-se com este Encontro juntar aqueles que desinteressadamente querem aprender e ensinar ao mesmo tempo, numa troca lógica de informação e formação que a todos aprova. Passou-se a conhecer as caras para lá dos nomes, conheceu-se gente unica com perspectivas tão distintas quanto iguais, procurou-se trazer ao contraditório aqueles que nunca quiseram encará-lo frontalmente. Pretendeu-se dizer na cara o que muitos dizem nos bastidores e outros escrevem em vários foruns virtuais.

O diálogo tunante é pois, no ENT, o essencial da questão, o cerne do mesmo, a lógica do encontro em sí, despido de preconceitos, falsas parcimónias institucionais, quebrando mitos irracionais tão próprios deste mundo, onde todos são por estes momentos iguais entre pares, podendo dizer o que bem lhes aprouver no sitio e não no site - não que o site seja forma negativa de diálogo, apenas não substitui o sitio, como é obvio. Sendo encontro de pessoas, de Tunos, não é por isso relevante que Tunas estão representadas ou quantas pessoas lá estarão, sempre defendi a qualidade do que por lá se diz do que propriamente um "13 de Maio" de gente que pura e simplesmente se está nas tintas para o diálogo, antes preocupada com outros fenómenos colaterais.

Que o próximo ENT, agora na capital - escolha acertada até pelo momento, a meu ver - seja de facto uma excelente ocasião para todos se poderem pronunciar livremente, indo, estando lá, mostrando a cara. Principalmente aqueles que nunca foram a algum que seja porque pura e simplesmente lhes passa ao lado tal cenário num contexto tunante. É o ENT uma pedrada no charco face ao leitmotif habitual para que Tunos se juntem num fim de semana que não um festival ou encontro. Como disse antes, o ENT não tem prémios. Basta isso até e levando as coisas à essência da questão. Sintomaticamente é hoje o ENT em Portugal o mais fiel reprodutor do espírito de Fecamp, na Normandia dos anos 1000 e dos seus Jogos Florais.

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