A Aventura da Perseverança

Pertinácia. Constância. Firmeza. Tudo sinónimos que ilustram de forma clara o que é, em suma, construir uma Tuna e no caso, do nada até ao que ela é hoje.

Nesta altura em que orgulhosamente passo o testemunho e após dois anos intensos de perseverança, onde muita coisa positiva aconteceu - ignorei (ignoramos) portanto a parte negativa que não raras vezes veio de fora, ficando sempre à porta, logo, sem qualquer interesse ou relevância a não ser meramente episódica, caricata e até infantil - é tempo, pois, de me deparar com um flashback e abordar uma questão interessante: Como se constroí do nada uma Tuna e no caso.

Note-se que e no caso em apreço, quando falo nada é mesmo nada. Excepto duas coisas essenciais, munir-se de gente com vontade em construir algo em comum. Gente válida com vontade interior. Foi precisamente o que ocorreu e certo que continuará a ocorrer. Para isso, há algumas premissas que consubstanciam a firmeza do carácter das pessoas que há dois anos e pico atrás, resolveram, do nada, construir algo que, hoje, é algo de importante pelo menos para nós. Passo então às premissas em causa:

I) Amizade. Sem ela, nada feito. Do nada construiu-se uma base sólida assente na amizade, não aquela amizade lamechas e permissiva que bate palmas a tudo o que os nossos amigos fazem. Não. Falo naquela amizade que é a única que interessa, a que diz ao amigo "não vás por aí que estás mal" , que é a mesma quando alguém nos diz precisamente o mesmo. A amizade, por isso mesmo, não é fácil, é uma teia de relacionamentos complexa e que deve, por isso mesmo, obedecer a principios incontornáveis. Foi graças a essa amizade construída na sinceridade, franqueza e firmeza que tornou tudo o resto viável. A amizade, em suma, que escuta e não a que é cega. A amizade que é profilática, não a que é debilmente fraca de valores.

II) Humildade. Sem a noção de que nada se era e de que por muito que se seja e tenha, muito há a aprender e a fazer ainda, nada do que hoje existe poderia sequer existir. A humildade de quem sabia e sabe conscientemente que é de trás para a frente que se constroí, sem presunção, arrogância ou às custas de nada. Nem sequer e no caso se poderia estar à sombra da bananeira porque essa bananeira não havia, sequer. Nada. E do nada é que se faz tudo. Com humildade associada a amizade genuína se chegou, hoje, onde chegou. Serão porventura as duas noções que isoladamente e/ou associadas uma à outra potenciam sempre um futuro risonho, com provas dadas como hoje se constata. Mas não chega. Mais humildade ainda e amizade pois, que muito caminho há para trilhar. As pedras que pelo caminho aparecem são simplesmente para pontapear para o canto e sem grandes delongas.

III) Trabalho. Ter-se a noção de que nada se é foi a base para o trabalho ser feito com brutal coerência e firmeza. Começou-se a construir não de um nome feito pois esse nome não existia sequer. Não. Construíu-se dos alicerçes até ao telhado, sempre com matéria prima forte e usando como massa de união os pontos acima. Pode-se numa Tuna ser-se amigo de todos e haver muita humildade até mas sem trabalho de facto, o resto de pouco ou nada serve quanto ao objecto de uma Tuna. E não falo só musicalmente de trabalho. Trabalho a vários titulos, niveis, patamares, atitudes, etc. Trabalho de fundo.

IV) Paciência. Não me refiro a paciência para isto ou aquilo em concreto. Paciência sim mas a inerente a quem do nada quer construir algo e para isso acontecer, a paciência é um dom que vale fortunas. Quando não se tem nada e se chega a algum lado de positivo, fica claro quão valiosa é a paciência. Foi a paciência até que nos manteve impávidos e serenos perante coisas ignóbeis.

V) Coerência. A coerência é o nosso outfit e que condiz com aquilo que somos. A coerência aplica-se a todos os pontos atrás quer em separado quer em conjunto e interagindo entre os mesmos. Ser-se coerente num processo desta envergadura é algo fundamental, nem que isso signifique aqui e ali alguma agrura face ao grupo. Antes coerente mas com provas dadas do que incoerente por sistema e a sobreviver ao sabor das marés. Ou até afogar-se.

Foi assim que se chegou hoje onde se chegou. Para lá de um reconhecimento por parte dos outros - sempre importante pois em sociedade vivemos - o reconhecimento interior de que as coisas correram pelo melhor é manifestamente o melhor sintoma de perseverança, firmeza. Humildemente amigos na coerência e sempre com muita paciência. É assim que, quanto a mim, se constroí uma Tuna. Para falar sobre como destruir uma Tuna há por aí uns catraios bem mais habilitados que eu para o fazer, seguramente. Eu só falo do que sei.


Post Scriptum: Esta Aventura é inteiramente dedicada àqueles Homens que comigo partilharam, partilham e partilharão grandes momentos, agora que passo o leme desta Caravela em paz e com o sentimento pleno de missão cumprida. Os mais importantes são sempre aqueles momentos onde demonstramos o dito acima. Entre nós. Sem alaridos ou show off. E venha mais uma Serenata! E um Santo Natal para todos, principalmente para aqueles que comigo souberam qual o verdadeiro significado de paz...

Comentários

Anónimo disse…
é por isto que digo, estou la para aprender e para crescer. irei sempre contribuir com o pouco que sei.

Santo natal e um fantastico ano novo