A Aventura da Comissão

Hoje mesmo deparei-me por email com o seguinte:

" A Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, na sequência de um requerimento apresentado pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, realizou, na sua reunião de 18 de Dezembro, um debate sobre o fenómeno das praxes académicas, tendo manifestado a sua preocupação em relação à forma como decorrem, em muitas instituições do país, as actividades de recepção aos novos alunos, registando-se, em muitos casos, ofensas à integridade física e psicológica dos estudantes. Um dos mais recentes casos de violência decorrentes de praxes académicas, registou-se em 28 de Novembro último, na Escola Superior Agrária de Coimbra.

Pretendendo esta Comissão Parlamentar efectuar uma reflexão mais profunda e alargada sobre esta temática e discutir eventuais estratégias de intervenção, venho solicitar a V. Exa. e à instituição que dirige que, até ao próximo dia 31 de Janeiro de 2008, se pronuncie sobre esta questão, indicando eventuais medidas a adoptar.

Os contributos deverão ser remetidos, preferencialmente, por correio electrónico, para o endereço com8cec@ar.parlamento.pt.

Com a expressão dos meus melhores cumprimentos,

António José Seguro

Presidente " (fim de citação)

Ora, pelos vistos foi enviado a todas as Associações de Estudantes deste país tal missiva. Não resisti e cá vai o meu comentário:

À Laia de Introíto, será caso para dizer e desde logo que o remetente do ofício se enganou no destinatário, uma espécie de postal dos correios perdido algures numa qualquer estação dos Correios, atrevo-me a dizer.

Seria sim e falando do objecto do mesmo - a Praxe - de enviar o ofício em questão às Autoridades Académicas e não às Associações de Estudantes que nada têm a ver com a matéria. Quanto muito poderia ter enviado o mesmo ofício - num exercicio de tentativa por aproximação - aos Governos Civis que depois o iriam remeter às respectivas polícias em razão de competência geográfica dado o objecto da matéria em apreço. Nem uma coisa nem outra, o que prova desde logo muita coisa errada neste processo de intenções e desde logo pela base.

Depois passo a um exercicio curioso, deveras curioso, senão vejamos:Tem a nossa Assembleia da República cerca de 230 deputados eleitos pela nação votante e a mesma Assembleia, no exercício das suas competências, possuí várias Comissões Parlamentares quer permanentes quer Subcomissões e Grupos de Trabalho vários.

Constata-se até pela Internet que a supracitada Comissão tem uma composição de cerca de 23 Deputados, em proporção clara face aos seus grupos parlamentares representados por força da actual composição da A.R. Até aqui, tudo muito bem.Depois passamos ao que é realmente gracioso nesta questão: Quem é que compõem esta Comissão, que deputados fazem parte desta comissão?

Quis o capricho do Destino que a composição da supracitada Comissão seja deveras deliciosa, pois poderemos encontrar vários licenciados em épocas distintas, pessoas conhecidas de outros metier´s que não o de deputado, figuras até com alguma projecção mediática como um radiofonista conhecido do mundo do futebol, uma jornalista que militou na RTP ou ainda um Presidente da Liga de Futebol profissional, por exemplo. Até aqui, a diversidade em nada é contestável muito pelo contrário mas não deixa de ser algo engraçado constatar tal facto e face à matéria em apreço...

E eís que a dado momento surge a pérola, a cereja em cima do bolo em toda esta matéria, para lá da única deputada do partido que requereu a dita apreciação, temos entre os 23 ilustres comissionistas um praxista dos 7 costados, que em meados de 1992 e por 5 fantásticos anos envergou a Capa e Batina na Academia do Porto com muita panache, garbo e orgulho, praxando muito e bem, componente até de um grupo cultural da sua universidade com larga actividade à época e que por acaso e capricho dos Deuses, foi meu colega de curso então, sabedor e conhecedor do que é a Praxe, seus organismos representivos, seu enquadramento, sua lógica tradicionalista, de integração, etc etc.

Fica somente a nota que nos diz que o Destino tem destas coisas. Não me parece que seja por aí que a petição em causa tenha ou não tenha qualquer provimento ou leve sequer a algum lado. Mais, poderá até ter o efeito oposto e virar-se o feitiço contra o feiticeiro, parece-me obvio até.

Mas não deixa de ser curioso saber-se - se fosse possivel claro - até que ponto os que pela Praxe passaram e tão bem praxados e praxistas foram, hoje, na pêle de Deputados da Nação, se irão pronunciar sobre tudo isto....

Quanto ao resto, parece-me mais um tiro de pólvora seca a ver pela falha dos correios. Nada de grave.

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