A Aventura Histórica



Já em tempos afirmei o que direi a seguir e noutros foruns: existe mais história escrita sobre a Tuna portuguesa em Espanha do que em Portugal. A dificuldade em se encontrar registos históricos sobre a Tuna portuguesa em Portugal colide desde logo com a pouca ou nenhuma pesquisa de fundo efectuada do lado de cá da fronteira.

Não será por isso despiciente ler o que se segue que o Tuno Roberto Martinez del Rio, da Tuna de Medicina de Salamanca nos trouxe à estampa no ENT realizado em Viseu:

"Sobre la estancia de las tunas portuguesas existe abundante documentación en las hemerotecas salmantinas. En la Pascua de 1891, la Tuna de Coimbra visitó Salamanca, a la que siguió la Estudiantina Académica de Oporto en 1898 y la Estudiantina de Coimbra en 1900. Este año ocurrió un incidente grave ocasionado por la peste bubónica que había asolado Portugal. Cuando los estudiantes lusitanos se encontraban en la capital charra a punto de partir hacia Valladolid, el ministro de la Gobernación de España dirigió un telegrama al gobernador interino instándole a impedir el viaje, por temor a que pudieran transmitir los gérmenes de la enfermedad.

Aquello supuso un desaire que hizo regresar a los estudiantes portugueses y que provocó gran revuelo entre la población, no en vano la Tuna ya había visitado una capital española. La cuestión quedó resuelta, se presentaron las excusas pertinentes y la Estudiantina de Coimbra realizó la visita en fechas posteriores. En diciembre del mismo año se produjo el viaje de la Tuna Académica de Lisboa poniendo de manifiesto los obstáculos que en aquellos años suponía llevar la ropilla escolar en Portugal. Así lo refleja el siguiente extracto periodístico:

«Visten los de la tuna el traje clásico de los estudiantes de Coimbra, habiendo tenido necesidad de pedir permiso al ministro de Instrucción pública portugués, para poderlo usar. ¡A tal extremo llega en el vecino reino el rigor en cuestiones de indumentaria estudiantil!»

En 1905, la Tuna Escolar de Oporto realizó un nuevo viaje con objeto de postular y dar sus conciertos para allegar fondos con destino a la creación de una biblioteca para estudiantes pobres. Al año siguiente sería la Tuna Escolar de Guarda y en 1908 la Tuna Escolar de Oporto. En el transcurso de esta visita se produjeron algunos altercados motivados por la falta de liquidez a la hora de pagar un coche y por una deuda dejada en un hotel de la localidad. Posteriormente, hay noticias de la Tuna académica de Lisboa que postuló para los damnificados por los terremotos de Italia en 1909 y dos visitas del Orfeón y de la Tuna de la Universidad de Coimbra en 1923 y 1924.

Estudiando minuciosamente toda esta documentación podemos hacernos una idea de las similitudes y las diferencias existentes entre las agrupaciones de ambos lados de la frontera. Por encima de las divergencias en cuestiones obvias como la indumentaria y el comportamiento, tanto las Tunas españolas como las portuguesas estaban conformadas por un gran número de miembros.

Ambas disponían de una organización perfectamente estructurada aunque no estable y de un respaldo social e institucional muy importante. Quedan patentes la organización de numerosos viajes y las actuaciones en los principales teatros de las localidades visitadas, así como la realización de serenatas y pasacalles.

Nombraban cargos y presidentas honorarios y eran recibidos por las principales autoridades y personalidades de la época. Llevaban cintas con los colores de las diferentes facultades y engalanaban sus banderas con las corbatas con que eran obsequiados. Parece obvio que ambas guardan un gran paralelismo y si hemos de establecer alguna diferencia, aparte de las dos citadas, es la relativa a las actuaciones programadas.

Mientras que las Tunas españoles presentan un marcado componente musical, las estudiantinas portuguesas introdujeron algunos aspectos propios. Me refiero a las pequeñas representaciones teatrales, a los monólogos, a los juegos de prestidigitación, a las declamaciones poéticas, a la realización de oleos, etcétera.

Cabe destacar que varias de estas actividades acabaron impregnando a sus vecinos y fueron asimiladas como parte del repertorio de algunas estudiantinas hasta la llegada de la Guerra Civil. (fim de citação)


À Superior Atenção de todos vós, principalmente nas partes propositadamente carregadas a bold. Esta pesquisa é apenas um infima parte do recolhido pelo Roberto nas suas vastas pesquisas e que prova, desde logo, o atraso existente em Portugal em matéria de conhecimentos sobre a própria Tuna portuguesa, para lá de desmontar inúmeras teorias de 3 quartos de mês que pululam pelo nosso meio....

Comentários

Tiago disse…
Este é um texto que me é muito querido... e passo a explicar: Logo eu que pensava que na Guarda não havia tradição de Tunas, ao contrário do traje, ouço isto no ENT. Delirei com a informação, gritei-a aos sete ventos, A GUARDA AFINAL TAMBÉM TEM TRADIÇÃO DE TUNAS.
É pena que quem tem possibilidade de o fazer não investigue a fundo o fenómeno Tunante em Portugal. Mas... pronto, a gente já sabe que Tunas não dão votos nas eleições, nem dão prestigio futebolístico.
Pode ser que um dia passemos a fazer parte da Cultura Portugues (oficialmente).

Grande abraço da Guarda
Short
Caro Short (que é por esta alcunha que te conheço!):

Antes de mais, dizer que este texto é apenas ume xcerto de um longo trabalho já desenvolvido quer pelo Roberto quer pelo Chencho e sobre a Tuna portuguesa. Contudo, reporta-se à Tuna em sentido lato e portuguesa e não somente reside a dita pesquisa sobre tunas universitárias. Aliás, como bem sabes, algumas das citadas no texto (e no estudo na sua integra) não são em rigor - não eram - tunas universitárias propriamente ditas; algumas de Liceu, outras de cidade congregando pessoas oriundas da mesma mas emigradas noutros pontos universitários e por aí fora. Mas não deixa de ser historicamente inegável que e falando somente de Tunas com inspiração universitária digamos assim, há muito ainda por revelar, embora já se tenha pesquisado muita coisa que por ora ainda não verá a luz do dia - a publicação de uma obra de autor(es) está na forja e aí sim muita coisa será revelada e que ditará o fim de muitos mitos e de falsos conceitos propagados hoje como verdades insofismáveis.

Concluo assim que a pesquisa sobre as tunas nacionais deverá ser conduzida por Tunos e não esperar que outros o façam é do mais puro bom senso; ou defendemos nós a nossa tradição ou então a pesquisa nunca ocorrerá, parentes pobres que somos da cultura em sentido lato.

Não será só a Guarda a ter registos históricos sobre a Tuna - embora não estrictamente de âmbito universitário - antes muitos outros pontos cardeais do nosso país. Mais não posso revelar por ora....

Abraços!
J.Pierre Silva disse…
De facto assim é.
Há muito que pesquisar, muito para laborar para quem se quiser dar a esse trabalho.
Obviamente qu eé mais cómodo ficar-se poela tradição roal romanceada ao bom velho estilo de "quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto", com os erros crassos daí advindos.
Muito bem dito, caro amigo, sobre o estudo a fazer-se sobre o fenómeno tunante, e a necessidade de desmistificar certos "dogmas" abjectamente diluídos na ignorância colectiva desta comunidade mais interessada em parecer do que em ser (baseada em conhecimento de facto fazendo uso do intelecto).

Mas, nestas coisas impera a lei de Pareto: O Princípio de Pareto foi criado no Séc. XIX por um economista italiano chamado Alfredo Pareto que, ao analisar a sociedade concluiu que grande parte da riqueza se encontrava nas mãos de um número demasiado reduzido de pessoas. Após concluir que este princípio estava válido em muitas áreas da vida quotidiana, estabeleceu o designado método de análise de Pareto, também conhecido como dos 20-80% e que significa que um pequeno número de causas (geralmente 20%) é responsável pela maioria dos problemas (geralmente 80%).

Deste modo, é de esperar que, embora muitos sejam os chamados (porque a cad aum cabe esse direito/dever), poucos serão os eleitos (parafraseando a bíblia) para esta tarefa. Não é para quem quer, só para quem sabe, e pode!