A Aventura do "Effe-Erre-Yá"

Nota breve: Post de 25/01/2008, editado em 31/12/2015 com edição dos videos entretanto em off. Agradecimento ao Malhado da TUCP pelo up dos mesmos no Youtube.




1ª Parte


14 anos depois cá está o "Effe-Erre-Yá", no caso a final e recuperado da era analógica para a digital e que se saiba pela 1ª vez na internet, com alguma perda de qualidade pelo meio como seria natural. Fica o registo e por partes desta final. Mas o que foi afinal o "Effe-Erre-Yá" ?

De facto, estou particularmente à vontade para falar deste programa de televisão que, quanto a mim, foi muito mais do que isso. Foi de facto, um marco histórico no panorama Tunante nacional, programa este que foi, até à data de hoje, o ÚNICO programa exclusivamente dedicado à Tuna Universitária portuguesa (um pouco como o “Gente Joven” em Espanha) em toda a sua plenitude, o que por si só, atesta da sua validade intemporal e importância cabal no próprio desenvolvimento do fenómeno, como ficou provado de aí em diante, aliás.

Mais ainda, foi um programa transmitido numa época importante para o panorama e com várias particularidades que o indicam como um dos – poucos - momentos de capital relevância em toda a História Tunante portuguesa; transmitido aos Domingos de tarde, em "prime time" importantíssimo - e que não é atribuído pelas direcções de programação de uma qualquer televisão de forma leviana ou sem critério - durante 13 emissões seguidas, sendo que cada emissão ocupava cerca de hora e meia (e não um minuto de final de “talk show” com notas de rodapé a passar tipo “marquee” por cima da tuna..), em canal aberto para todo o país e ilhas.





2ª Parte


Mais ainda, foi transmitido pela RTP Internacional - ou seja, para todo o mundo - e RTP África, o que torna este programa no evento de tunas mais visto de SEMPRE - e de longe - relativamente a qualquer outro evento tunante feito/realizado em Portugal.

Mais ainda, sendo o único programa exclusivamente dedicado a Tunas feito até hoje, foi por isso mesmo, sui generis; as participantes actuavam com som directo e com o respectivo suporte áudio propositadamente preparado para o efeito, com público assistente (as famosas claques do Efee-erre-yá), para lá de cameras e luzes, luzes essas que muitas vezes obrigavam a reafinação de instrumentos no intervalo dos vários “takes” - o programa não era transmitido directamente, antes sim gravado com público - para lá do imenso calor que as luzes provocam deve-se não esquecer que de traje se estava.

O seu regulamento referia a obrigatoriedade de uma prova dita académica, que mais não era que um “sketch” feito pelas participantes com uma duração pequena, prova essa que contava para a avaliação final, juntamente com os 3 temas apresentados. Apresentaram-se 10 tunas e cada uma teve uma emissão exclusivamente a ela dedicada, passando-se às meias finais com as 4 mais votadas e depois, à final, a que se reportam estes takes que agora vos disponibilizo.

Deve-se referir que na passagem às meias finais e depois final, as tunas somente poderiam repetir UM tema dos tocados na emissão anterior - ou seja, teriam de apresentar dois outros temas até então não apresentados - bem como teriam de apresentar outra prova académica, ou seja, obrigou - a quem alcançou as meias finais e final - a uma gestão de temas e a um trabalho na criação de novos “sketchs”.






3ª Parte



De realçar que todas as participantes aceitaram previamente as regras do programa e que todas tiveram ao seu mais alto nível, todas elas, sendo que as 4 semi-finalistas resultaram, obviamente, das 4 melhores votações e assim sucessivamente. O Jurado era composto por dois elementos fixos - António Sérgio e Carlos Araújo - e mais um que mudava a cada emissão, que votavam matematicamente quer a prestação musical - com maior peso - quer a prestação relativa ao “sketch” (com menor peso).

Hoje pode-se dizer - e eu, em particular, que vivi por “dentro” o programa - que foi uma EXCELENTE propaganda ao fenómeno Tuna, mostrando a todos que a ele assistiram o que são de facto, Tunas, desmistificando, esclarecendo, mostrando por dentro a realidade de cada uma das participantes e logo, de todas as Tunas em geral. Foi graças ao “Effe-Erre-Yá” que as portas da RTP ficaram abertas para muitas tunas através 1º da “Praça da Alegria” e depois no “Portugal no Coração” - e aqui palavra de agradecimento a esse grande apreciador de Tunas e que sempre as acarinhou, Manuel Luís Goucha, que muito fez pelo fenómeno no seu todo.

Foi sem qualquer margem para dúvidas - e para lá do resto - MUITO IMPORTANTE a divulgação que o "Effe-Erre-Yá" conferiu às Tunas em geral, deixando junto de milhões de pessoas uma imagem realista e logo, melhor, do que a que existia até então, para lá de dar a conhecer noutras paragens o fenómeno em si, coisa que até hoje, nada nem ninguém conseguiu com a mesma força e impacto, o que por si só basta.

O resto, hoje, vale o que vale; já a dimensão e importância do programa, essa, é inquestionável, intemporal e por força disso mesmo, ainda hoje com enorme validade, porque prova cabal da importância, quando bem gerida e tratada pelas próprias Tunas, deste fenómeno cultural, numa época onde as Tunas eram mesmo Tunas.

Outros tempos onde seguramente este programa, se fosse hoje, não contaria com muitas das que então participaram então rotuladas de "as dez melhores tunas nacionais". Hoje, não me parece que haja sequer vontade em fazer algo do género por parte de quem o poderia fazer, o que revela muita coisa, deve-se dizer.



Comentários

J.Pierre Silva disse…
Muito bem, caro amigo. Que bom é recordar e....ver-te assim....tão mais...jovial!
Que será como quem diz, há 20 barris de cerveja atrás eu era assim......

Fica este registo que ao que julgo saber, foi o 1º a ser colocado na Internet e referente ao Effe-Erre-Yá, portanto, documento histórico e por isso, com a importância que naturalmente detêm.

Abraços!
Nota: Para aqueles mais "púdicos" que associam a cerveja às Tunas (e provavelmente as Tunas ao alto índice de mortalidade nas estradas por elevada taxa de sangue no alcool, perdão, alcool no sangue) convém referir que a frase "há vinte barris de cerveja atrás" é uma mera piada que os Tunos usam de quando em vez para dizer que estão mais velhos. Fica o esclarecimento, antes que alguma "ASAE" apareça por aí....
Eduardo disse…
Caro Ricardo...

Que saudades! Revivi a cada segundo caras e conversas - ah! grandes mistas no Guanabara...

Tu e os barris de cerveja é um bocado como o Obélix e a poção mágica :)

Uma palavra basta, penso eu, como comentário a esta tua/nossa aventura:

Obrigado.

Abraço!
Nem mais, meu caro amigo. Nem mais!

Limitei-me a legar um documento para as gerações actuais e vindouras verem o que estes garbosos moços de outras eras faziam. E os nossos filhos um dia que nos julguem....

Abraços!!!

P.S.- O Guanabara, esse local de culto tunante do Porto....ahhh, saudade!!!!!!!
Ricardo disse…
Que saudades...
Caro Tavares, obrigado por este momento.
Custa até escrever depois de relembrar isto... tão magrinho que eu estava... hehehehe
Depois vou querer uma cópia disso e de tudo o resto
Grande abraço do Novessetum
Unknown disse…
Excelente Blogue! Abraco Ricardo (Malhado - TUCP)