A Aventura do Museu

A importância da preservação da memória colectiva, hábitos e costumes, tradições, feitos, acontecimentos, etc, ligados à Tuna é trabalho que não tem fim, legado de facto para as gerações vindouras e que tem como único fito passar devida e documentalmente o testemunho.

Mais uma vez, os nossos irmãos Tunos espanhoís têm feito o possivel e até o impossivel nesta matéria, para lá de inumeras obras que foram e são frequentemente dadas à estampa podemos já hoje encontrar locais como a "Casa de La Troya" em Santiago de Compostela, a "Taberna del Rondador" em Sevilha e mais recentemente o Museu do Estudante de Salamanca, por ora em versão virtual mas que pretende passar para o formato fisico, exemplo claros de que há material mais que suficiente para levar esse legado a bom porto e de várias formas.

Em Portugal, por circunstâncias varias que não urge neste momento depurar, só muito recentemente se começou a Pensar a Tuna, depois do auge exclusivo do Viver a mesma que atravessamos em toda a década de 90 do Século passado. A necessidade então de passar o testemunho nem sequer se impunha porventura porque não haveria muito a passar e porque "entretidos" estivemos a cavar as fundações da reconstrução que se iniciou no "boom" tunante.

Contudo, o tempo voa e aqueles vintões de então têm hoje em mira a vetusta condição de Quarentunos e são esses que começam a fazer a retroactividade do que se tem feito desde então, usando por ora os meios que dispõem, como é o caso da Internet, exemplo claro e concreto do "escrever" da História recente da Tuna Portuguesa.

A missão, no entanto, por grandiosa, impele a mais empresas de vulto. A necessidade de um local à imagem e semelhança de uma Casa de la Troya ou Taberna del Rondador começa a fazer todo o sentido, a ser um imperativo de consciência, uma quase obrigatoriedade para quem pretende a preservação deste Nobre Magistério que é a Tuna portuguesa na sua diversidade, até. Poder-se-á dizer que material para construir tal empreitada existe e em doses mais que suficientes e que hoje permanecem ou na mão das próprias Tunas - e "enterradas" nas suas salas e sedes sociais - ou na mão de particulares estudiosos e coleccionadores - e permanecem "enterrados" nas suas casas, escritórios e afins - escondendo em ambos os casos um legado valioso e impar que urge trazer à superficie e ser colocado à disposição de todos os que se interessam por esta cultura muito própria. Continua a ser residual ou mesmo inexistente o patentear a todos desses espólios unicos que muitos detêm particularmente e que se resumem a mostras pontuais no âmbito de certames ou congressos de Tunas, ou então em locais de culto de alguma Tuna que instituiu em boa hora a sua sede social em lugar público como sendo uma tasquinha, bar - exemplos há em Coimbra, Porto e Lisboa e noutros locais, de tal - ou restaurante ou afins, sendo por isso residual e praticamente sem qualquer impacto generalizado.

Entendo ser uma missão de hoje, já, a instituição de um ou mais locais preferencialmente, com o unico objectivo de colocar fisicamente à disposição de todos material valioso e único - como instrumentos, cartazes, livretos de festivais, fotos e outro material ligado à vivência tunante nacional - com carácter permente, devidamente catalogado e inventariado, exposto de forma digna e metódica, configurando os exemplos acima referidos dos nossos vizinhos. É missão dificil porque implica um trabalho sério de investigação e inventariação para lá da disponibilidade de espaço fisico digno e acessivel a todos para o efeito, o que não se coaduna com os tempos dificeis de hoje por um lado, nem com a habitual falta de voluntarismo que grassa em cada Tuna nacional.

Fica o repto. O tempo passa mas o que fomos fazendo vai ficando para trás. É nossa missão mostrar a todos os que aí vêm o que fazíamos então, como o fazíamos, porque o fazíamos. De uma forma digna da tradição que todos abraçamos e que queremos que muitos abraçem futuramente.

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