A Aventura da Eternidade II

Mais um mortal que caminha para a Eternidade. Já se sabia da sua débil doença fazia algum tempo mas nestas coisas a esperança vai prevalecendo, dia após dia, mês após mês, até que se chega a uma manhã e...






Foi hoje. Manolo Mena, ex solista de Los Sabandeños e componente do grupo Atlantes - embora praticamente não tenha actuado com os mesmos - deixou-nos fisicamente. Uma perda irreparável sob todos os aspectos. Um tenor de 1ª água. Recordo agora as palavras de Elfidio Alonso no Coliseo de La Coruña, em 1996, quando resolve dizer à laia de introíto do tema "Aquella Tarde" qualquer coisa como "convidamos para cantar connosco o Sr. Carreras mas ele não pôde estar presente. Assim, quem irá interpretar este tema será o nosso Mena...". E o nosso Mena, para mim, em nada atrás fica do Sr. Carreras.


Vi Mena a actuar pela última vez em Cedeira, em 2005. Sempre o mesmo Mena, aquele que antes dos espectáculos cantava para aquecer as suas cordas qualquer coisa como “El orgullo de un canario, es que Dios le de una nena, que se llame Candelaria, y que le nazca morena”. A simplicidade e a simpatia que lhe trouxe um fiel grupo de seguidores, aqueles seguidores dos seus limpos e cristalinos - para lá de precisos - Boleros, cantados com uma enorme mestria e sentimento de facto, para lá das malagueñas, folias e isas - que também e tão bem as cantou.


Diz quem o acompanhou nos ultimos tempos que, já hospitalizado, ainda entretinha todos com o seu inseparável timple. A generosidade que sempre o engrandeceu até morrer. Hoje de manhã. Fica a voz, única em inúmeros registos fonográficos e audiovisuais. Fica a saudade. Hoje a musica latina em geral ficou pobre. Muito pobre.

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