A Aventura do "feedback"

Já andava para escrevinhar sobre este tema faz algum tempo e agora, inspirado mais até pela boleia do "Notas & Melodias" do meu amigo Jean Pierre, resolvi abordar a mesma. Espero não ser mal interpretado mas antes correctamente interpretado na essência do que entendo e que irei discorrer de seguida.

Começo por um exemplo: Há uns anos valentes atrás tinha um amigo que militava numa juventude partidária e tinha, à época, um cargo de relevo na mesma a nivel distrital, gerindo pela sua função todos os concelhos da sua estrutura. Dizia-me ele então a dada altura em amena cavaqueira "é pá, eu fico é assustado quando me entregam no mesmo dia quase 100 adesões à jota" e eu ingenuamente perguntei " então porquê, pá? Isso é bom sinal! " ao que ele sapientemente me contestou " seria, seria, se fossem todas reais....".

Este exemplo ilustra claramente aquilo que pode ser o "feedback" fácil e por tal, falacioso, de algo. Numa época que é regida e dominada pelos números, os mesmos podem-se revelar altamente enganadores para aquilo que é - deve ser - o objectivo final de algo. Não interessava então ao "jota" que aderissem em massa muitos "correligionários" mas antes sim era mais importante saber de facto se os ditos correlegionários o eram, se aderiam a uma causa efectivamente por força da mesma - e não por simpatia ou mimetismo - saber até se eram mesmo cem adesões de facto - e não cinquenta a sério e outras cinquenta fictícias.

A causa das coisas não se deve transformar numa coisa sem causas, ou seja, o que move as pessoas sobre determinado interesse deve ser sempre a causa em sí mesma, tal como acontece com a informação e formação tunantes. O importante da causa Tunante é e será sempre o seu conteúdo enquanto tal e nunca outras motivações, pois para isso já bastam os certames competitivos que medem todas as coisas e esquecem-se de todas as causas Tunantes. Esta dictomia entre o "quanto são" versus "o que é" , revela-se para mim essencial para a prossecução do interesse maior, da causa Tunante. E esta última pretende passar o testemunho, ensinar e aprender, deixar um legado, transmitir, tradicionalizar. Espalhar a causa Tunante dentro da mesma é importante, tão mais importante do que propriamente difundir a mesma em larga escala. Aqui, entendo ser muito mais valioso e importante operar cirurgicamente do que difundir a mesma por método de arrastão, num mundo tunante que todos sabemos ter muitas tunas e poucos tunos, por exemplo e só este bastará para ilustrar o que digo; se somos criticos por dentro do fenómeno tunante então devemos ser consequentes e de forma objectiva, tratar da causa, da nossa causa.

Apostar na qualidade é fundamental. Na qualidade das causas, da qualidade dos difusores e promotores das mesmas para assim termos destinatários de qualidade também que mais tarde serão eles também difusores, transmitindo aos vindouros a verdade. Apostar na qualidade do saber Tunante, do exercer Tunante, do Ser e Estar tunante. E apostar na qualidade é apostar na segmentação dessa mesma qualidade - é imperioso apostar na causa tunante por dentro primeiro e só depois exportar essa qualidade para fora; Os Tunos devem saber o que os distingue, define e caracteriza de facto. Não almejo pessoalmente "catequizar" o máximo de "correlegionários" possiveis mas antes e sim que aqueles que querem perceber e apreender o essencial possam encontrar interlocutores que os ajudem e ao mesmo tempo possam ajudar, numa dialéctica de aprendizagem bipolar, onde todos os que amam a causa Tunante possam aprender uns com os outros. Sempre fui algo avesso relativamente a maiorias absolutas, muita gente trajada, registos de milhares online, à União Nacional, às vinte milhões de bandeiras nacionais nas janelas e outras manifestações semelhantes de massificação ao cubo porque elas mesmas demostram de forma cabal o que disse atrás: prioridade à quantidade em detrimento da qualidade, da causa, do essencial.

Desde Agosto de 2006 que aqui - e na sequência do "Novos Goliardos" que nasceu em 2004, "pai" deste espaço - essencialmente se produz um mar de reflexões, passagens de testemunho, tirando "nabos da púcara", dizendo umas quantas verdades, de vez em quando descambando em delirios de autor mas essencialmente promovendo aquilo que eu entendo como sendo essencial: a causa. Não sei - nem me interessa saber - quantos por aqui passam ou deixam de passar, é como no ENT: vão poucos mas bons e essencialmente interessados. Mais importante que isso, para mim, é que pelo menos um que por aqui passe de mês a mês - não desfazendo aos "clientes da casa" que aqui também é a deles e onde podem beber à borla e tocar umas modinhas.... - saía daqui com outras perspectivas sobre a causa do Negro Magistério, questionando-se sobretudo: "Será que é assim como este gajo disse? " Acto contínuo, vai esgravatar a verdade.

E que deixem aqui também outras perspectivas sobre a mesma. Não pretende catequizar, pretende antes questionar algumas "verdades" que por aí andam "à solta" em jeito de maioria mais que absolutamente dogmática e que ao fim e ao cabo, devem as mesmas ser amplamente desmontadas e depois, por fim, endereçadas pelo caminho correcto e para os tempos e Tunos vindouros. O melhor "feedback" que se pode ter é legar algo, a todos, a mim próprio também (perdoem-me o egoísmo mas adoro aprender sobre a causa Tunante). Aqui, este é o único propósito que realmente interessa.

Caso oposto, fecho a tasca ou então troco o nome para "As Minhas Aventuras na Sexolândia" e aí, meus amigos, teremos seguramente uns 10.000 cliques por minuto bastando dar coerência ao titulo do "berloque" com umas sempre apelativas fotos....E nesta tasca continuar-se-ão estoicamente a servir bifanas e tintol "lá de xima" nem que a MacDonald´s compre este quarteirão todo e ofereça BigMac´s à malta por um "aeurió"; pelo menos aqui a malta toca umas "malhas" sentada em bancos de pau e não ouve pelas colunas a "última" da Beyoncé...

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