A Aventura das Divisões

Ora cá está mais um tema que tem dois pólos completamente em colisão de fase. O 1º pólo indica a alguns que as divisões - portanto, por si só, já indica divisão, apartar - são uma espécie de "campeonato" - e ainda não vislumbrei onde o mesmo exista e muito menos como é disputado... - que serve para "dividir" as Tunas em "divisões" qual campeonato da bola mas a puxar prá "Liga dos Últimos", seguramente. Como anda - quase - tudo entretido em competir, usa-se o que se tem (em vez do que se deveria ter), nem que isso sejam coisas que de Tuna...nada têm.

Bem sabemos que a subsidiar esta "visão futeboleira" do fenómeno está a vertente competitiva e para alguns a somar a esta, a vetusta idade de algumas agremiações que, vade retro grémios recentes ou similares, quem é "Tuna com T" grande somos nós e o resto - tirando muito a contragosto porque politicamente correcto uma ou outra vestusta de igual modo - é tudo "de outra divisão", menor para eles já se vê. Curioso é que se se quiser levar até e somente à letra a vertente qualitativa, muitas vezes seria uma galhofa o resultado dos "derbis", estou seguro disso. Mas não é essa visão " Clubística" que me trás cá, até porque objectivamente inóqua, imbecil e que em nada tem a ver com o que interessa de facto ao fenómeno tunante, por muita "cagança" que alguns julguem ter - à falta de "pujança", óbviamente.

Estão em oposição de fase a noção divisão por força de qualidade e/ou historial do grémio face à divisão do que são realmente Tunas e aqueles que se comportam como meninos de liceu, a medir os shot´s que bebem com os parceiros do lado até à monumental lavagem ao estômago - e tanta dor estomacal se vê a esses grémios de quando em vez, naturalmente. Esta noção de divisões baseada na pretensa qualidade e/ou historial vetusto é, no mínimo, néscio, porque sujeita desde logo o autor de tal "divisão" a colocar o seu grémio na ante-camera da humilhação mais dia menos noite. Em actividade alguma da sociedade a antiguidade serve para atestar uma pretensa superioridade moral, antes e sim, atestará uma eventual responsabilidade acrescida face aos seus pares pelo exemplo que deveria dar em qualquer circunstancia, por força precisamente do seu respeitável historial e nome que, certamente, lhes será reconhecido pelos restantes. Não entendo a constante necessidade de colocação em bicos de pés por parte dos últimos a necessitar de tal postura.

Já a divisão por força do que é a Tuna X, do que faz, da forma como se comporta, dos valores que acarinha, da visão Tunante no seu mais pequeno pormenor, na partilha desses mesmos valores, já essa divisão me importa muito mais e me parece se calhar - e sem intuito divisionário mas antes profilático - bem mais interessante de analisar e abordar. Nesta perspectiva, prefiro então chamar-lhe segmentação do que divisão; a 1ª ideia pressupõe uma noção bem mais prática, coerente e por tal, mais eficaz do que dividir por si só. Há seguramente por força dessa segmentação Tunas Mais Tunas (e no que toca ao mais puro que este conceito encerra e que raramente tem a ver com o respectivo prémio atribuído em 95% dos certames..) do que outras; há seguramente - e escamotear tal é erro crasso - Tunas Mais Tunas do que outras no que toca á manutenção e recriação dos mais importantes pilares da tradição tunante universitária.

A segmentação vista por este prisma é positiva - para haver X terá de haver Y, caso oposto todos se misturam e diluem - porque permite alimentar a bio-diversidade existente no fenómeno nacional - e aqui claramente temos um manancial de vantagem face ao uniformizado fenómeno espanhol e que apenas no nosso caso peca precisamente pela forma como se confunde por cá estes dois conceitos, segmentação versus divisão; é que segmentar não é um conceito negativo e antes potencia o que de mais positivo temos. Já divisão e no caso é uma noção nescia porque objectivamente negativista, pseuso-elitista e incomensuravelmente inepta até pela clara falta de cautelas e caldos de galinha que essa portura acarreta.

Seria importante que ao invés de se alimentar negativamente as divisões se procurasse alimentar antes a segmentação positiva; esta é assim mas aquela é assado; porquê?. E procurar que o assim e o assado sirvam para fazer a síntese entre e no todo do fenómeno tunante nacional. Há muito que sabemos que em Portugal cada Tuna é quase irrepetivel - mesmo com partilha de algum DNA comum e em alguns casos circunscritos, já para não falar em alguns traços de DNA "importados" aos nossos vizinhos espanhoís que atravessam TODAS as tunas portuguesas: o tocar de pé, o bailar de pandeiretas e estandarte, etc.
Ora, é um importante exercício retirar dessa diversidade o melhor que se pode dela retirar, cruzando informação, formas de estar, percebendo onde se pode melhorar e tudo isto baixo o mais importante: ser-se Tuna de facto. De todo me parece que puxar a "cagança" disto ou daquilo que vem derramado em todos os compêndios histórico/tunantes sirva para - e por si só - ser alvo de divisão, quanto muito alvo de humilhação se mal entendida ou então de segmentação se for bem entendida e praticada.

A responsabilidade histórica não diminuí, antes aumenta com o passar do tempo, das gerações.
E isso deveria ser por si só motivo não para divisões mas antes para união, partilha, exemplo. E quem tem de dar mais vezes e melhor o exemplo é quem carrega o Estandarte há mais tempo, sem prejuízo de todos os outros Estandartes deverem carregar eles mesmos essa responsabilidade, naturalmente.

Cá por mim, que jogo nas Distritais, ando farto de me rir com a caduca, repetitiva e estática "Champion´s League"; prefiro tocar "umas malhas" e beber uns copos com os que verdadeiramente gostam deste "desporto".


Post Scriptum: Esta não tem nada a ver com o acima mas lembrei-me: agora temos uma "nova moda" nas Tunas, as "porta-vozes". Já não se diz, manda-se dizer....

Comentários

Xana disse…
E não foi sempre assim...? Pelo menos no meu tempo era. Havia vários campeonatos: antigas, novas, masculinas, femininas e nem por isso (não desfeiteando as nem por isso). Haverá sempre competição, feliz ou infelizmente. O campeonato de cada um será sempre, obviamente, melhor do que o dos outros (não há tradição, e tal...). O que está a dar é tirar o curso de treinador, ou optar por ser manager. Seja como for, " Tradition? Tradition isn´t what it used to be". Boas aventuras. Beijos. Xana