A Aventura do "Tunooliganismo"

Mais um teaser: Tunooligan. Misto de Tuno com Hooligan.

Não é matéria nova a que agora se aborda, a relação - pretensa e efectiva - entre alguns actos menos próprios ou mesmo impróprios de um qualquer cidadão - que fará de um estudante universitário e mais ainda de um dito Tuno.

Francamente, é algo que eu liminarmente abomino, censuro e ataco de forma directa, frontal e efusiva. Não consigo entender o que possa levar a actos de mera e pura vandalização dos bens alheios num meio que por essência em caso algum poderá sequer pensar em tal, que fará em fazê-lo. Alega-se porventura a doce jovialidade e expontaneidade estudantil e tunante para "justificar" o que quanto a mim é simplesmente injustificável. Todos nós sabemos e mesmo assistimos a situações deste tipo e é importante que não se mistifique esta questão: elas ocorrem - como ocorrem no futebol, na via pública até, em qualquer sitio - no nosso seio. Sejamos claros, identifique-se a doença para assim se chegar à cura.

O pior destas situações - como se não bastasse por si só os actos em causa - é o chapado rótulo que todas as Tunas e Tunos levam, ou seja, o fenómeno em geral, que obviamente serve variados interesses e a começar os daqueles que - por qualquer razão que me escapa ou talvez não - gostam tanto de Tunas como a Coreia do Norte gosta dos E.U.A. É uma eterna questão que se reflete por exemplo, noutra, o consumo de alcool, parecendo que só os Tunos é que bebem copos neste país e os outros bebem leite ou água das pedras, sendo certo que a taxa de detenções na estrada por excesso de alcool raramente contempla um camionista, um vereador municipal ou até mesmo um militar da G.N.R....

Tudo isto reflecte a questão essencial: Imagem generalizada. Matizemos o essencial aqui, que será uma corrida que já fazemos de trás para a frente no sentido do crédito geral, imagem positivista, alegria natural, tradicional e com música a rodos. Ainda há uns tempos um dito Professor Doutor chamou no seu blogue aos festivais de Tunas "convenções masturbatórias". Já sabemos que a imagem que detemos é uma soma do que somos geneticamente - a boémia numa sociedade como a nossa que se rege pela golpada de fato e gravata é mal vista porque a boémia é natural e desinteressada, o oposto precisamente da sociedade em que vivemos - e do que vamos fazendo quando damos largas à nossa natureza muito única, própria, ainda por cima com forte instinto migratório.

Obviamente que esta envolvente por si só já é, nos dias e sociedade de hoje, um factor que nos obriga a todos a zelar pela tal imagem generalizada, obrigando-nos desde logo a dar o dobro na procura do passar de um rótulo mais positivista, mais leve, mais claro e com isso, mais condizente com aquilo que a sociedade acha que deve ser o exemplo do estudante universitário. Já bem bastam os "borrachodromos" patrocinados pelas "Queimas" para que metade do que as Tunas bem fazem caía por terra num ápice. Ora, se a isso somarmos mais "granel" por nós feito, estamos mais do que conversados. Daí a importância suprema de uma tolerância zero face a situações que desde logo colocam em causa não somente o próprio, como o seu grémio, como acima de tudo todos nós.

A somar a todo este cenário a percepção que ainda se vai detendo entre a noção "de preto nunca me comprometo" - uma espécie de pseudo-protecção desresponsabilizante aburdamente irracional e anti-Tuna até - e a noção "virtudes publicas, vicios privados" que leva alguns a fazer na Tuna aquilo que nunca fariam em casa, no trabalho, na rua, na sociedade, julgando - e mal - que a Tuna serve precisamente para isso mesmo quando a Tuna deve ser acima de tudo uma escola de virtudes públicas pelo exercicio de virtudes privadas. Confunde-se boémia com bebedeira, confunde-se piada com insulto, confunde-se seriedade com arrogância, confunde-se a loucura da mocidade com a loucura do "Magalhães de Lemos". Temos aqui um remix contemporâneo ao fim ao ao cabo do que era a Roma de Nero, com valentes e garbosos cidadãos de Roma que eram nada mais nada menos a escumalha da mesma Cidade-Estado (sem generalizar, tome-se bem nota; a esmagadora maioria das Tunas e Tunos sabe-se comportar devidamente, deixo a nota óbvia).

Pode-se alegar que estas coisas sempre existiram. Provavelmente quando tudo era ainda demasiado novo até ocorriam mais vezes. Por isso é que agora não pode haver contemplações sobre tais matérias. Por isso é que estas coisas são hoje absolutamente intoleráveis. Por tudo isto é que o Tunooligan tem de ir pregrar para uma qualquer claque. E aí ao menos tem uma vantagem, pode sempre dar a cara que não lhe acontece nada....

Um Tuno não comete actos de vandalismo. Se o fizer, não é Tuno e na mesma hora deixa de o ser.

Comentários

Gostei especialmente do termo Tunooligan...

Para mim são como as Bruxas:
Eu não acredito, mas que os há, Há...

Beijokas
Tiago disse…
Gostei da última frase...
Subscrevo e assino a mesma.

Um abraço
Músicas disse…
Não posso deixar de concordar... Confundir a parte com o todo é o que tem prejudicado a imagem dos tunos na "opinião pública". Mas ainda na sequência do caso da Guarda, não acredito que tenha sido alguém das tunas presentes a efectuar aquele acto despresivel...

tuno, não foi de certeza...
Seguramente que não. Nem sequer coloco a hipótese de ter sido um Tuno porque pura e simplesmente não posso aceitar que um Tuno o tenha feito.

Note-se que escrevo de forma universal e abstracta e não reportando-me a caso algum em concreto. Muitas estórias já ouvimos certamente e não podemos, não devemos deixar que em caso algum estas coisas passem em claro: se foi um Tuno faça-se o que em consciência deve ser feito e no nosso seio; se não foi um Tuno faça-se igualmente o que deve ser feito, salvaguardando assim a nossa imagem geral.

Abraços!