A Aventura da Gestão do "Sucesso"

Mais uma reposição de um texto com cerca de 5 anos, mais coisa menos coisa. É notável como a sua actualidade é gritante no que toca ao seu conteúdo mais formal....


(…) A definição de sucesso. Em Tunas. O que é de facto, sucesso. E como ele é gerido, bem ou mal. Curioso constatar a tremenda necessidade de afirmação por via das distinções (sempre efémeras) e não por via da postura e do porte, bem como por via das convicções na defesa de uma tradição cultural (essa sim de mais difícil coerência mas de longe mais importante, pura e objectiva, para além de intemporal).

Denotar a curiosa "aceitação" geral de que a distinção circunstancial é motivo para questões paralelas e rivalidades, a meu ver, só importantes quando assimilado interiormente por uma pessoa/grupo de que a sua subsistência e existência dependem dessas mesmas rivalidades. O "medir" em Tunas, a meu ver - e quando falamos de uns circunstanciais 25 minutos, regra geral - é tão falacioso quanto ilusório. É um "pau de dois bicos" como se diz, porque se por um lado, a distinção motiva e faz encher o "alter-ego" colectivo, por outro, "obriga" a uma gestão desse mesmo "sucesso" (está entre aspas propositadamente porque para mim, sucesso em Tunas não se reduz aos prémios, muito pelo contrário e cada vez menos até).

Curioso denotar que a gestão do tal "sucesso", por regra, é tão mais frágil quanto mais rapidamente é alcançado, como tudo na vida, faz lembrar aquele "novo rico" que de um dia para outro, saí da penúria e desata a comprar e a comprar sem regra, apenas com o propósito de dizer "estou rico", esquecendo-se do substrato, da essência, da postura, da dignidade até em alguns casos. Já sei, é assim hoje em dia nesta sociedade em que vivemos, porque nas Tunas não se haveria de reflectir tal? Mas aqui surge a "pedra de toque" essencial em toda esta questão.

Quem já almejou o tal "sucesso" deparou-se com essa tremenda dificuldade mas mais tarde ou mais cedo, apercebeu-se também que a sua natural evolução e vivência (e falamos de tunas) vai muito além desse "sucesso" sempre pontual e circunstancial. Daí dizer que tal "sucesso" apenas sobe à cabeça de quem nunca o teve antes, é um assunto recorrente e que assistimos todos os dias, até pela TV, tipo a gestão da "fama" dos ex -“Big Brother´s”, sempre interessante de se analisar no tempo.

Denotar também a constante necessidade de auto-afirmação pelo auto-elogio, sempre revelador de uma tremenda necessidade de reconhecimento nem que seja "forçado", esquecendo-se quem a pratica que o reconhecimento é dado ou não por terceiros, caso oposto, é narcisismo, o que são coisas distintas.

Grupos há que, por vários motivos até históricos, gerem as coisas num outro prisma, numa outra base, desdramatizando quando corre mal e não extrapolando quando corre bem, limitam-se naturalmente a viver a Tuna, independentemente claro está, das opiniões de cada um dos seus componentes. Mas a real diferença reside precisamente nessa maturidade de grupo, na postura essencial versus a postura acessória que não leva a lado algum.

Gerir o "sucesso" não é nada difícil, excepto para quem nunca o teve ou está a tê-lo (circunstancialmente) de uma forma rápida e se vê ultrapassado pelos acontecimentos. Por vezes, há que parar para pensar. O passado mostra casos e exemplos claros de tais situações. E destruir é fácil, já construir não o é. E muitas vezes, quando se gere mal o tal "sucesso" está-se a provocar o efeito contrário ao que se pretende.

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