A Aventura do Avatar Tunante...

Avatar. Sinóninos que encontrei algures dizem-nos "Representação pictórica de si mesmo que o internauta usa em ambientes virtuais" ou ainda "Processo e resultado de transformação, metamorfose, transfiguração" ou ainda "Figura assumida por uma divindade quando desce à terra."

Coloquemos de lado a 1ª e a 3ª definições desde logo, uma muito técnica e a outra demasiadamente transcendental para tão terrena tradição. A 2ª serve muito bem o propósito em causa: Processo e resultado de transformação, metamorfose, transfiguração. Se lhe adicionarmos Tunante à frente, percebe-se desde logo que, aqui, não estamos - infelizmente - no mero campo da ficção científica. Aliás, não entendo de todo porque James Cameron e os seus argumentistas não vieram ao mundo tunante português inspirar-se, com tanto avatar tunante que por aqui prolifera. Não sendo um cinéfilo por excelência, aliás, nem ligo muito a cinema e a Oscar´s, devo dizer, não deixa de ser curioso como a cerimónia do Kodak Theatre deste ano acabou por ser uma coisa óbvia no que toca ao melhor filme, por exemplo: de facto, "Estado de Guerra" é um filme e "Avatar" é um jogo de computador, logo, a Academia de Hollywood - sim, estes senhores são uma Academia também, lá está, não é só por cá... - não ia premiar uma coisa que se dizia filme não o sendo de todo, não é? Já no emprego da tecnologia deram a estatueta ao "mestre" da ilusão e ao seu "Avatar". Pacífico.

Caso para dizer que por cá temos muito a aprender. Se Hollywood se deixou de transformações, metamorfoses e transfigurações, dando primazia áquilo que de facto é real, existe, é o que é, como é, sem make-up ou 3D, porque raio a malta por cá não dá primazia e valor ao filme propriamente dito, ao que o filme é de facto? É que com tanta super-produção, com tantos óculos a três dimensões - vendo uns 55 pares, quase novos...- que me põe a tirar pipocas do balde da jovem sentada ao lado, com tanto espalhafato tecnológico, um gajo quase que se esquece do essencial, que é o que as coisas são. Isto, da maneira que anda, ainda vamos ver alguns a fazer corar o Sr. Cameron - já a ex-mulher do mesmo é impossivel, senhora realista, sensata e preserverante, e que por isso, não enganou ninguém, mostrou o que as coisas são - que, com tantos meios para fazer o que tão bem faz nem se apercebe que há por cá quem com muito menos meios consiga precisamente o mesmo efeito, que é "enganar" as pessoas, como é bom de ver. Atenção que eu até nem desgosto de efeitos 3D e quejandos, apenas e tão só com conta, peso e medida, porque de exagero em exagero isto vai dar mau resultado, mais dia menos dia, que será aquele em que o Avatar terá uns 30 Avatar´s dele mesmo e quando, a páginas tantas, já não se consegue ver um filme dito normal com tanta "macacada" a saltar à nossa frente.

Deixem a malta comer pipocas com lisura, higiene e sem dioptrias, de preferência. Quem quer curtir jogos de computador não precisa de ver Tunas para pegar no comando em riste, basta ver e ouvir tunas e está feito ou então vai para casa jogar "Counter Strike"; ok, um ou outro avatar não faz mal a ninguém, até para dar as tais três dimensões à coisa. Mas a coisa é muito mais que tridimensionalismo, mas muito mais. E ainda há quem caía neste Avatar Tunante com uma pinta do caraças, provavelmente porque para além dos óculos 3D não percebe patavina do sentido das coisas; como não percebe, vai daí e saí da realidade direitinha para o colo da tal miuda sentada ao lado, alegando sempre "desculpa, mas isto é bué de x-pe-ta-cu-lar! ". Menos mal se for miuda (o tridimensionalismo pode-se tornar algo constrangedor numa ocasião destas.....)

Se em palco se recria a rua, a tradição, não percebo nessa recriação porque raio a rua desaparece e é substituída por Pandora. A realidade, o genuíno é sempre melhor porque não se nos apresenta distorcida por um qualquer par de óculos tridimensional, que apenas pretende que vejamos as coisas como os Srs. Cameron´s desta vida querem que as vejamos quando afinal, as coisas são como são - e não como alguns querem que seja. Aliás, nesta matéria o Sr. Cameron já nos legou dois bons produtos anteriormente e nesta área do surreal: Titanic e The Abyss. Só ainda não consegui perceber qual dos dois filmes é o mais profundo (literalmente, note-se, porque quanto ao resto estamos conversados....).


À Superior Atenção de alguns "realizadores".....

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