A Aventura dos "Felismirnos" (ou a versão tunante dos Óscar´s)

Pronto. Escolhi um nome que fica no ouvido, é marketing puro e rivaliza desde logo com o nome Óscar com toda a facilidade fonética deste mundo.

Os "Felismirnos" poderiam ser muito bem a revolução, o reinventar do conceito de festival de Tunas, sem qualquer problema ou risco de falharem. Então seria assim:

Começemos pela estatueta propriamente dita. Se o "Óscar" é banhado a ouro e custa aproxidamente 400 "aeuriós", Santa paciência meu povo, que o PEC não permite que a gente se estique: O "Felismirno" seria um garrafão de vidro banhado do mais puro vime nacional com Adega Cooperativa de Santa Marta de Penaguião a dar-lhe lastro. Assim, não só se premiava como se poderia do "Felismirno" retirar claro e proveitoso dividendo para lá da vitrine de cada Tuna. Pronto, fica assim o "Felismirno".

Claro está que a entrega seria em palco, com um habitual entretainer de serviço devidamente credenciado para o efeito, fazendo piadas em torno dos nomeados - sim, passaria a haver nomeações para filtrar, o que diminuí o tempo do espectáculo (show bizz a quanto obrigas..)-

Depois a revolução propriamente dita. Era baralhar e voltar e dar, numa perspectiva pós-moderna (tipo a cantada pelo Grupo Novo Rock, agarrando na angústia e fazendo dela uma outra indústria...) com "Felismirnos" para as seguintes categorias:


"Felismirno" para a Melhor Mise En Scene; premiava-se categoricamente tudo aquilo que uma Tuna faz de melhor em palco menos tocar e cantar. Parece-me lindamente face ao que já temos, resulta quase numa redundância mas agora menos cobardolas porque assumida.

"Felismirno" para a Melhor Stand Up Comedy; premiava-se inequívocamente quem mais piadas de mau gosto, asneiras e chistes rasteiros dissesse no espaço de tempo da sua actuação; deduz-se também aqui que tocar e cantar nada vale, podendo até prejudicar neste apartado de forma brutal.

"Felismirno" para o Melhor Guarda-Roupa; a noção retrógada de Traje Académico seria aqui elevada a um patamar absolutamente notável. Quem mais apostasse num Guarda Roupa altamente diversificado, ao mesmo tempo fashion, escandalizante e colorido por variado, estaria nomeado directamente para este "Felismirno". Aqui, Black sucks, colourfull wonderfull, definitivamente.

"Felismirno" para a Melhor Sustentação Vertical; uma ruptura completa com o prémio de Melhor Estandarte, nitidamente Pré-Jurássico, atribuído àquela que melhor sustentabilidade dos rotores conseguir atingir em palco, sendo o intuito máximo a levitação gravitacional sem que com isso o público perceba o que está estampado nas ditas cujas bandeiras vulgo pás de rotor. Portanto, um "Felismirno" altamente técnico.

"Felismirno" para o Melhor Barani Out; a nova era da pandeiretologia, definitivamente. Atribuído ao melhor duplo mortal à frente com meia volta realizada no 2º mortal realizado em palco, após consulta a um colégio de Dif judges - árbitros de dificuldade - que compõem o Jurado, este também profundamente alterado e inovado de acordo com as exigências dos "Felismirnos".

"Felismirno" para a Melhor Super-Produção Cinematográfica: Por evidente, escusa a muitas delongas. Este "Felismirno" seria atribuído pela maior e melhor capacidade em pôr o público a olhar para uma parede e não para o palco, levando o mesmo a não escutar sequer o que se toca e canta.

"Felismirno" para a Melhor Tuna; aqui mantêm-se uma certa dose de nostalgia tipo Casablanca - play it again, Sam... - com um claro acentuar de uns pózinhos de "E tudo o Vento Levou". Seria naturalmente aquela que fizesse melhor em cada um dos "Felismirnos" acima e que, com isso, conseguisse evitar que o público escute e olhe com a devida seriedade e imparcialidade o que se toca e canta.

Bem sei que esta revolução não será acolhida de bom grado no seio de Tunolywood, dado ser algo completamente novo e, portanto, nunca visto, o que provoca claras sinergias de mudança, inovação e invenção em prol do melhor que uma Tuna pode trazer: Show Off. Sim, traduzido literalmente é "Espectáculo fora" e quanto mais "fora", melhor! Porque o Show Off, hoje, é indispensável e deve, deve não, tem de ser valorizado, dê lá por onde der. Lá se cantam e tocam assim assim é coisa que menos interessa, coisa do passado que, por tal, deve ser completamente desvalorizada porque irrelevante face a uma panóplia de novas competências pós-modernas ( volta, Reininho, estás mais que perdoado....) às quais as Tunas Universitárias devem, nem que seja por Decreto, aderir de imediato.

"Felismirnos", eís a resposta para o futuro do formato Festival de Tunas. Assim como assim, já vamos a meio caminho e vamos, portanto, sem medo, avante! Mas quais melhor solista, melhor pandeireta, melhor estandarte!!! Qual quê!? Mas estamos a brincar??? Façamos dos "Felismirnos" as nossas "Novas Oportunidades", que diabo!!! Termine-se um F.R.Á cantado em Hip Hop com um sonoro e alto "I N O VA - S E!". Vamos twittar o conceito Tuna, minha gente!!!!

Termino - consternado mas crente num futuro melhor - com um estracto de um poema do longínquo Século XX do supracitado Grupo Novo Rock:

"Ser Mãe era a aspiração natural de todo o homem moderno
ser o melhor é normal para os novos pobres deste colégio interno
ter medo é a pulsão fundamental do criador & artista
estar sóbrio é continuar permanecer positivista"


E eu remato com um jeitinho meu....

"E dantes as Tunas estavam sempre a avariar...."

Comentários

António Pedro disse…
Nem mais. Se não concordo com tudo o que aqui escreve, assino este por baixo. Estes prémios parecem feitos para um festival onde estive este fim-de-semana.

Capacete (EUC)
Bem Vindo, Caro António!

E apareça mais vezes, que da saudável troca de argumentos por vezes se faz luz!!!

Abraços!