A Aventura das 96 Horas de Le Tuna......

Pode-se dizer que seria até inédito mas “por acaso” até nem foi: Em cerca de 96 horas – ou seja, entre Quarta-Feira passada e Sábado passado – vi e ouvi cerca de 20 tunas em 3 eventos distintos. Completamente distintos, diria até. Em quase tudo, desde o conceito até ao objectivo final. Portanto, uma espécie de “shot” tunantil que, em alguns casos, foi mais “Shoke” que outra coisa. Já lá vou….

Deu para ver de tudo um pouco, em abono da verdade: desde o muito bom até ao muito mau, quase ou mesmo burlesco diria até. Deu para ver numa amostra em super fast motion porventura a montra do todo do momento actual que se vive. Resulta prático porque nem sequer deu tempo para ir reflectindo de facto à medida dos acontecimentos, levando a uma análise mais generalista ao fim de 4 noites sentado a escutar e a ver o que fui escutando e vendo. Melhor ainda, que não na posição de Jurado ou organizador sequer, ou seja, mero curioso e absolutamente desprendido de outras coisas que não a mera escuta e observação, a simples – tentativa gorada em alguns casos – fruição.

Tendo sido uma amostra compactada de vários eventos, todos eles distintos, porventura quase que diria reflexo do actual estado de situação genérico que se vive, a mesma originou algumas conclusões desde logo. A diferença abismal entre o que uns e outros acham e interpretam de facto do que é uma Tuna. Impressionante, devo dizê-lo; nada que não saibamos mas num exercício prático como este de 4 noites seguidas “alapado” a ver e a ouvir, aí sim, ganha outra dimensão essa constatável por óbvia diferença de entendimento na base, na génese do que é uma Tuna. Essa diferença é de facto, abismal. Se vi cuidado, preparação e competência, também vi e ouvi – e com mais frequência, diga-se – o total oposto. Vi o desaparecimento compulsivo do bom senso e da educação em palco, em alguns casos. Mas também vi o bom gosto e educação noutros, poucos. Uma décalage quase do tamanho do Evereste, onde a dificuldade foi encontrar quem se posicionasse no meio-termo, vá.

Este exercício mostrou igualmente a imensa diferença entre a genialidade – em poucos casos – o corriqueiramente aceitável – muitos – e o liminarmente absurdo – em poucos mas que são demasiados ao fim destes anos todos após o “boom”. Regra geral, a genialidade e a competência andam de mãos dadas com o bom senso e educação, sendo que no pólo oposto, dá-se precisamente o oposto. Talvez reflexo precisamente da forma como uns e outros vêm estas coisas. Vi em alguns casos a completa confusão – propositada ou não, não sei – entre ter-se piada e ser-se completamente inconveniente. Vi a confusão – e mais uma vez não sei se propositada ou não – entre puro espectáculo e show burlesco. Vi claramente muita “academisse” e pouco academismo de facto. E atenção que coloco uma dose enorme de benevolência em cima de toda esta observação empírica, tentando em alguns casos dar um desconto ou benefício da dúvida. Ainda assim, é impossível ser mais tolerante sob pena de faltar à verdade.

Assisti nestas 4 noites à subida ao trono da bandeira/bandeirola deposto que foi em golpe de estado o Estandarte. Assisti à queda do império do bem trajar após a entronização da manga arregaçada e do casaco pousado no chão, em suma, o advento do empregado de mesa versus a extinção do estudante trajado. Mas também vi alguns trajados devidamente e a rigor. Assisti também ao exagero claro de certos e determinados artifícios – ao invés de simples pinceladas decorativas do essencial. Ouvi vozes sublimes e angelicais, soberbas mas também “escutei” vários “sacos de gatos” com os respectivos a miar ao microfone. A tal décalage que referenciei antes. E por aí fora….
Ainda assim, retive no final desta “maratona” o que de melhor pude escutar e ver. Fiquei definitivamente com o que de melhor se vai fazendo. E de facto só lamento que não seja a maioria, por oposição a muita coisa que de facto, quase que diria que é insultuoso face ao todo. É que para criar uma boa imagem demora anos até; para a destruir é um segundo e basta. E escutei vários segundos, minutos catastróficos, tenho de o dizer.

Que conclusão se pode retirar disto tudo? Provavelmente várias. Mas há uma que ao fim destas 4 noites é clara, lá isso é: É preciso gostar mesmo de Tunas para se passar por “bocados” destes, que oscilam entre 4 pancadas e uma festinha aos ouvidos e olhos. Provavelmente também se retira outra elação: Que muita gente que passa esporadicamente e uma vez ao ano por um evento tunante corre dois riscos sérios: o 1º será ficar razoavelmente bem impressionado (cada vez mais raro); o 2º será não voltar a repetir a experiência, dizendo aos amigos no dia seguinte aquilo que nos vai definindo a torto e a direito a todos (injusto mas é mesmo assim…): “Gostaste das tunas ontem, Quim?” e diz o Quim logo “ foi fixe, pá, aquela malta é porreira e tal e coisa…”. E não passa(mos) daí…

Eu pessoalmente retiro ainda uma 3ª elacção: Há muita leviandade e/ou autismo que teima em não ver erros claros e crassos quando se quer, seguramente com a melhor das intenções, fazer algo de positivo. Há quem ache que está a fazer uma grande coisa quando está precisamente a fazer o contrário. Por vezes, há que parar para reflectir. Eu reflecti 4 noites seguidas....

Comentários

Eduardo disse…
96 horas?...?...

Ficaste sem "Mans" a medir...

LOLLLLLL!!!!!!!!

Abraço!