A Aventura da Relatividade....

A continuada procura de saber sobre a Tuna em sentido lato e mais concretamente sobre a Tuna de cariz estudantil, mais especificamente a universitária, tem-se revelado de facto, um longo percurso, lento, de avanços e recuos na investigação, de confirmações e de absolutas novidades, de persistência e atenção, de cuidado extremo na análise das fontes pesquisadas, enfim, de um sem número de vicissitudes e pontos quentes que nos vão aliciando e instigando a mais e mais saber. É a consequência normal de duas coisas: ter-se a noção que nada se sabe e, depois, de que começando o difícil será parar, ou seja, querer saber.

E é precisamente pela conjugação destas duas noções de base que de facto, faz com que se tenha a clara noção da imensa vastidão de desconhecimento existente e desde sempre sobre a tuna de cariz universitário em Portugal. Aliás, imensa vastidão essa que, na prossecução da procura da verdade dos factos, vai diminuindo lentamente mas com alguma segurança profilática, apesar de bater de frente com os costumeiros mitos e verdades de ¾ de mês que foram sendo propagados ao longo dos últimos 20, 25 anos. Muita asneira se disse – mea culpa na parte ínfima que me toca – mas é preciso não esquecer que é essa mesma asneira dita que potencia o conhecimento de facto, havendo para tal, juntamente com a curiosidade, uma premissa: a procura do saber de facto.

Para a procura desse saber de facto urgem dois pressupostos claros: humildade para reconhecer as asneiras ditas, identificando-as e delas partindo a caminho da verdade de facto e depois um claro trepar à árvore na procura da bolota, como se diz correntemente. Concluí-se que a “Tunologia” – entre aspas propositadamente – só é fácil e óbvia para quem dela nada sabe. E dela nada saber estamos a falar grosso da mais que esmagadora maioria dos que praticam o Negro Magistério, é o que concluo ao fim de anos de continuada investigação. E porque o digo? Simples, porque ainda assim, concluo hoje que pouco saberei deste metier histórica e tradicionalmente localizado e identificável, pese o facto da dificuldade atroz que é a pesquisa sobre o tema em si mesmo, ainda que seja por isso mesmo um desafio à mente tal trabalho de sapa.

Note-se que não concordo com a aplicação pura e dura do termo “Tunologia”, por demasiadamente forçado, mais para mais numa fase de estudo imbuída em puberdade tunante como a que vivemos; não há ainda o tal histórico que permita elevar o estudo da tuna universitária a um patamar próprio e claramente delimitado. Se quiserem, é esse estudo um misto de Arqueologia com História, pincelada aqui e ali com fontes que podem ir, por exemplo – verídico no caso – à consulta de um determinado percurso de comboio entre Espanha e Portugal para se perceber que, na época em questão, as tunas passaram a viajar por via férrea e não a pé, por exemplo. Ou seja, até vetustos papéis de companhias ferroviárias servem para auxiliar, cruzando informações, o estudo da tuna portuguesa, por muito espantoso que isto vos possa soar.

Nos antípodas de toda esta constatação acima temos a postura mainstream que nos indica que basta ser-se Tuno para se perceber à brava de Tunas e saber-se tudo sobre elas: Nada de mais falso. Aliás, nada de mais profundamente falso porque pior do que não se saber é julgar que se sabe, um dos mais perigosos inimigos da investigação de facto sobre a Tuna universitária. Em suma, um dos principais obstáculos, hoje, ao conhecimento tunante é – paradoxalmente – o próprio Tuno. Se quisermos - e numa analogia tipo "fruta da época" - são os Tunos nacionais a vuvuzela do conhecimento tunante: não deixam respirar o ar sadío e puro da Tuna de facto...

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