A Aventura do "Big Bang" tuneril...

Mais uma Oração de Sapiência do meu amigo Dr. Eduardo Coelho, uma reposição no caso.... leiam...

"...Em 1912 havia, no Porto, a frequentar a Universidade do Porto, menos de 100 estudantes - isto é, menos do que o número de alunos que entraram para o 1º ano do curso de Línguas e Literaturas em 1984 (ano em que eu entrei). Ainda no Porto não havia universidade e já havia tuna.

Mesmo que nos reportemos ao período que antecedeu a 2ª Guerra Mundial, o número de alunos no ensino superior em Portugal era inferior, mas muito inferior, ao número de alunos que frequentam a Fac. de Engenharia da U.P., por exemplo.

As propinas eram pesadíssimas - comparativamente, eram mais pesadas do que as actuais - muito mais. Sempre (é força de expressão) houve tuna(s) e continuou a haver.

Muito simplesmente, o que acontece(u) é que a tuna, quer como postura de vida, quer como agrupamento musical, fazia sentido, era culturalmente significativa, ou, por outras palavras, "dizia-lhes" alguma coisa.

E será que ainda é assim? Será que a tuna dá/dará resposta a alguma "necessidade" das actuais e futuras gerações de estudantes?

Como postura de vida, sim, quer com o nome de «tuna» quer com outro nome qualquer. Como agrupamento musical, tenho sérias dúvidas.

Não se tente - este é o meu conselho - arranjar causas exteriores à tuna para se tentar explicar o seu eventual (in)sucesso. As tunas vão desabar porque os alicerces estão corrompidos. Ou melhor, porque, na maioria dos casos, nem alicerces há, nem telhado nem paredes, nem de vidro nem de outro material qualquer: simplesmente não há um projecto coerente e consistente que aglutine todo o «material» (humano) amontoado no mesmo terreno.

Será necessário haver tantas tunas? Será desejável haver tantas tunas? Se o próprio universo explodiu num «big bang», haverá, forçosamente, uma altura em que deixará de se expandir e retrocederá. Nada a fazer. Estrelas que se apagam, outras que renascem dessas cinzas. Ou não.

Por que é que com as tunas havia de ser diferente?" (fim de citação)

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