A Aventura da Migração Tuneril....

É, de facto, uma das mais nobres e tradicionais características da Tuna enquanto tal, a capacidade de espalhar noutros pontos cardeais a sua cultura e a vários niveis, bem como proporcionando o oposto, "beber" outras culturas.

Desde as formas pré-tunantes, passando pelo período da transição do Século XIX para o de XX com o advento das estudantinas e continuando pelo século passado até ao actual, a cultura tuneril tem como um dos seus catalizadores principais esse carácter migratório, fazendo com que a mesma cultura se espalhe de forma eficaz e ao mesmo tempo, se mistura com as culturas que vai visitando retirando delas sempre algo de interessante.

Num mundo como o de hoje, perfeitamente em real time, o carácter migratório da Tuna assume quanto a mim uma dimensão ainda maior e mais concreta na sua importância, pois permite aferir das diferenças entre p.ex. ver-se uma tuna do outro lado do mundo via Youtube e visitar esse mesmo país, com tudo o que essa diferença potencia e faz presumir. Lembro aqui que p.ex. na época Franquista em Espanha as tunas eram usadas como propaganda fora de portas do Spanish Way of Life, ainda que controladas ao milimetro na sua liberdade; não foi aí que começou essa exportação - a Figaro tinha-se encarregue de o fazer muitos anos antes e com tremendo sucesso - mas é um exemplo vivo da importância da migração tunante. Mais ainda, os certames que ocorrem em inumeras cidades são fundeados nessa lógica, precisamente, mais ancestral.

O carácter migratório da Tuna foi e é um dos maiores pilares da própria lógica tuneril, precisamente pela capacidade de misturar culturas, de trocas de experimentação, usos, costumes e por aí fora, característica essa que não é comum noutras formas de expressão cultural, mais residentes digamos assim. A migração tuneril é, ela mesma, até, uma das formas de subsistência no tempo da própria Tuna enquanto tal. Atravessa diametralmente todos os países e em qualquer tempo onde tenha existido tuna.

Nos dificeis tempos que atravessamos, onde a capacidade para uma Tuna poder efectuar essa dialéctica cultural é cada vez mais reduzida (monetária, de disponibilidade, etc), assume ainda maior importância essa perspectiva de troca intercultural subjacente ao aspecto migratório, mantendo assim laços importantes junto de quem nos escuta e vê por um lado e potenciando para as tunas experiências in loco que um Youtube não consegue de forma alguma substituir.

A migração tunante é, por isso mesmo, um quesito tuneril histórico e intemporal da máxima importância quer para a própria tuna, quer para o todo do fenómeno, quer para aqueles que, algures, têm o previlégio e concedem a honra à tuna de a escutar, manifestação da tradição estudantil e tuneril por excelência, unindo povos distintos, culturas distintas, hábitos distintos.


Comentários

Eduardo disse…
Bon Voyage, les enfants!

E - mais do que tudo - bom regresso.

Abraço e

BOA MÚSICA!