A Aventura do Paradigma...

Paradigma (do grego parádeigma) literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria (…) uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.



Afinal sempre tinha (mos) razão. Os rios de tinta que se escrevem e desde que o 1º “Moicano” quis alterar o paradigma fazem, hoje, todo o sentido e revelam, afinal, que havia – há e haverá – razões concretas e objectivas para pôr a nu muita coisa que vai surgindo, aqui e ali, no seio tuneril. Hoje, comprova-se a pertinência e importância de se colocar o dedo na ferida e mais, a forma como o fenómeno se auto-regula.

É por demais evidente que ninguém, no seu perfeito juízo, e conhecendo minimamente o fenómeno tuneril português, achará que o paradigma resultante de idos do “boom” dos anos 80/90 do século passado necessariamente corresponde a um estereotipar de todas as tunas; não foi isso que ocorreu, a diversidade existe e desde então e é dela que nos distinguimos por exemplo, do paradigma espanhol. Ou seja, nunca se contestou a diversidade, obviamente. A diversidade das tunas portuguesas é a sua riqueza intrínseca, também.

Já quanto ao paradigma, aqui a coisa muda de feição, mas completamente. O paradigma tuneril nacional é claro, concreto, respeitando a biodiversidade existente mas não permitindo a esta última a alteração dos valores fundamentais da tuna estudantil nacional.

Muitos tentaram antes alterar o dito cujo paradigma; todos falharam, redondamente. E falharão no futuro de igual forma. Porque o paradigma existente é ele mesmo uma construção colectiva que nem sequer depende, na evolução da tuna portuguesa ao longo dos últimos 20 anos, daqueles que foram então pioneiros; o paradigma é ele mesmo evolução, desenvolvimento, porque respeita o essencial na diversidade que temos, e não vai contra si mesmo tentando alterar as bases – constata-se, hoje, mais do que sólidas – do paradigma tuneril português.

Senão, vejamos: quantas tunas adoptaram o kilt, abandonando a Capa e a Batina? Quantas tocam, hoje, passados alguns anos, calçados com sapatilhas e adoptando-as, deixando de lado o clássico sapato preto? Quantas cantam hoje em inglês por sistema? Quantas usam hoje saxofones? Quantas hoje se apresentam em palco de boxer´s? E assim sucessivamente. Constata-se com toda a propriedade que poucas ou nenhumas e com tendência – mais do que óbvia – a diminuir ou mesmo a desaparecer do mapa pura e simplesmente, se repararem com atenção. Ou seja, casos esporádicos, excepções, fenómenos residuais e localizados especificamente, portanto, isolados (e isolacionistas em alguns casos até), casos puros de moda passageira até. Muitos deles fruto de uma desmesurada procura de reconhecimento imediato pela via da competição, outros por puro gozo em contrariar/chocar e outros ainda por excessivo narcisismo que os leva a pensar que podem mudar o paradigma tuneril nacional. Também há quem seja assim por razão nenhuma, admito, somente porque sim, nem sabendo sequer qual é o paradigma existente, que fará querer mudá-lo.

Concluí-se então o por demais evidente: quem quis alterar o paradigma – e parto do principio que era isso que pretendiam ao “escandalizar”, poderia não o ser até, apenas mera profissão de fé ou “curte” como se diz agora – não o conseguiu de todo, porque não só não o consegue por si só, isoladamente, como – e isso é o que importa referir – o próprio fenómeno se auto-regula colocando, mais tarde ou mais cedo, tudo no seu devido sítio. Ora, como ninguém nem tuna alguma, por si só, consegue alterar paradigma algum – excepto nas suas doutas cabecinhas – será fácil de perceber qual o resultado final de tão épica empreitada: o completo falhanço e, em alguns casos, subsequente ridículo e descrédito generalizado.

A tuna portuguesa não precisa, sequer, de alteração de paradigma, não se sente sequer a necessidade de o alterar, pois se se sentisse essa necessidade então a maioria andava de kilt, boxer´s e sapatilhas, cantava em inglês e tocavam todos saxofone. Necessita – como o faz desde há 25 anos grosso modo – de evoluir, dentro dos parâmetros que a balizam - é o que tem feito - e que são, nem mais nem menos, o seu DNA: tudo que fuja a isso não é evolução, é invenção. E inventar alegando “mudança de paradigma” não só é um enorme disparate como uma terrível arrogância.

Afinal, tinha(mos) razão: Há quem ache piamente que pode mudar o paradigma. Ok, pode achar o que bem quiser, fazer o que bem entender, cantar, tocar, calçar e vestir de forma a tentar mudar o paradigma, até. Mas vai ficar-se sempre pela tentativa ou pior, cair no paradigma sim, mas do ridículo. Paradigmático.

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Nem mais.
josé disse…
Caro Aventureiro,

Usar Kilt, Boxers, Sapatilhas não deve ser compactado com execução de peças em determinado dialecto ou com o uso de certo tipo de instrumentos musicais. São paradigmas distintos dentro do mesmo paradigma, como tal de tratamento díspar.

Boa Aventura

Aventureiro de Coimbra
Caro Aventureiro de Coimbra:

Porventura terá razão, seguramente, e até o reconheço. Desde que não se confunda o paradigma geral com outros mais, digamos, circunstanciais, nada a obstar. Mas concedo no que diz, sem qualquer problema.

Abraços!
J.Pierre Silva disse…
Pois eu julgo que dentro do paradigma que estamos a falar não há espaço a sub-paradigmas ou "outros" paradigmas.
Há espaço para várias expressões, para a diversidade, para a diferença, desde que todos dentro desse mesmo paradigma; desde que o paradigma comum não enha de se dobrar ou "ajeitar" ao paradigma individual ou de uma parcela.
Aí tenho uma opinião que assenta no histórico que temos. Muitos tentaram, nenhuma conseguiu. É a partir daí que se "joga" o raciocínio quanto ao paradigma tuneril nacional. Ninguém por si só, e muito menos hoja, conseguirá alterá-lo. Se nem no "boom" - quando o paradigma se cruzava entre dois modelos disntintos mas afinal, com tanta coisa em comum . o paradigma foi alterado. Ou por outra, (re)nasceu já alterado por força de 70/80 anos de interregno, grosso modo.

Expressões de diversidade sempre houveram dentro do actual paradigma. Sempre. Nem nisso existe qualquer novidade. O que vemos, volta e meia, é alguém julgar que sozinho pode "mudar o mundo", esticando a corda para lá do normal e aceitável comummente. Obvio que falham. Mais do que óbvio.

Abraços!
josé disse…
Caro WB,

Tenho para mim que todo o paradigma é construído por postulados. Dogmas, axiomas, teorias, experiências e falácias.
Tudo postula, tudo constrói. Lavoisier nunca deu nada como perdido assim como nada garantiu. Apenas constatou que diferenças edificam um todo.

Este paradigma, o tunante, é químico, físico e alteroso.
Sujeito a cambiantes que o determinam.
Não, não é pra quem quiser, muito menos ao gosto de todos...nunca.
Mas, e tratando-se de quem exige e cultiva referências, o que é feito terá algum senso, lógica e consubstanciação.

Se achares que kilt e violencelo, sapatilhas e clarinete, patins e bouzouki ou Bohemian Rapsody e Just a Closer serão paradigmáticos da mesmìssima coisa, vou ter que acreditar que as uvas e os diospiros amadurecem ambos na dialba do Outono.

A redução ao paradigma é mera volúpia. A percepção dos porquês significa engrandecimento e ciência.

O paradigma mantem-se.

Boas Notas e Boa Aventura

Aventureiro de Coimbra
Precisamente. Aliás, mais importante que o modelo em si mesmo, há algo que, quanto a mim é a principal causa para certos e determinados comportamentos: Falta de bom senso (para lá de ausência total de sensibilidade). Mas isso foge ao meu campo de estudo por se tratar de matéria comportamental.Um psicólogo poderia muito melhor que eu explicar estas coisas nestes contexto específico e responder a algumas questões mais concretas.


Abraços!
Caro WB, nunca te esqueças que quanto mais apertada é a malha da rede maior é tentação de a romper. O equilibrio nestas coisas é fundamental. O nosso paradigma não foi alterado por causa de para-fenómenos tuneris, como a história recente de 25 anos o prova; ou seja, haver aqui e ali algumas coisas menos, digamos, pouco ortodoxas não irá afectar seguramente o todo do modelo que temos. É o que se percebe, afinal, hoje em dia. Portanto, alguma clareza na visão das coisas, apontar o dedo sim mas profilaticamente e essencialmente fazer-se entender a todos os intervenientes no processo que o modelo que temos tem razões, alicerçes, tradições, factos que o corroboram. O que não é de todo aceitável é discursos que ridicularizam o sistema "berrados" por quem se diz do mesmo sistema, nele se move e dele tira proveitos: isso é que é intolerável, para lá de desonesto e moralmente terrorista.

Abraços!
Eduardo disse…
"paradigmas distintos dentro do mesmo paradigma"...

parece-me uma tese arriscada, caro Aventureiro de Coimbra.

Eu terminaria a frase em "distintos". É que me repugna ser metido no mesmo saco de kilts, boxers e afins.

Abraço!
josé disse…
"kilts, boxers e afins" é que são arriscados, caro Eduardo.

Não o será de todo, e pena se me repito, a aplicação meramente fónica de instrumentos que usualmente são incomuns em Tunas. Sob um critério específico, denunciado e assumido.

Alargo para questões de repertório. Opções carnavalescas e insensatas são o motor do grotesco. Reafirmo, sem constrangimentos, que quando se consubstancia uma determinada ideia numa base intercultural, não vem daí mal ao mundo. Aliás é a prova que andamos aqui a aprender a reconhecer a nossa Pangeia.
Só ao alcance institucional de alguns.

Em relação ao saco,...estás tu e todos. Bem metidos e de cabeça. Sei que deprime, mas é mais um factor algébrico do paradigma. Habitua-te.

Abraço e boas Aventura e Música

O Aventureiro de Coimbra
J.Pierre Silva disse…
Precisamente, Eduardo. Foi nesse sentido que comentei.
Não se trata, caro aventuras, de apertar a cerca, mas apenas de ter uma.

Abraço
Eduardo disse…
Caro Aventureiro de Coimbra:

não duvido de que (e como se diz em informática), "do ponto de vista do utilizador", toda a manifestação musical estudantil que implique a participação de mais de 5 elementos seja automaticamente etiquetada como "tuna" - passe o (eventual) exagero.

Porém, fica por decidir a quem cabe a definição do paradigma.

Se aceitarmos que essa definição é necessariamente feita de fora, então a guerra está à partida perdida, na medida em que será o horizonte de expectativas do espectador a arbitrar sobre o que é/não é/pode ser/não pode ser considerado "tuna". Sendo assim, a expansão desse horizonte far-se-á até ao infinito. Para ser mais exacto, será um finito-infinito: tal como no universo, o espaço alarga-se à medida que vai sendo necessário, pelo que os limites do que é uma tuna são rigorosamente aqueles que forem em cada momento: agora com kilts e boxers; daqui a 100 anos, sem estas, mas com outras coisas quaisquer.

É uma postura - não necessariamente a tua - com a qual não me identifico.

A meu ver, o horizonte de expectativas pode e deve ser controlado a partir de dentro. Se nunca dermos açúcar nem sal a um bebé, o adulto não vai sentir-lhes a falta. E as tunas têm de facto responsabilidade na elaboração da dieta. A inclusão pontual de uma ou outra sonoridade pode até gerar o comentário de que "Uma tuna soa bem com...", sendo que esta proposição implica que há uma coisa a que se chama "tuna" e que essa coisa, naquela circunstância, se faz acompanhar de "...", que lhe é estranho.

Sendo assim, temos que existe um paradigma "tuna" ao qual "..." não pertence. Se assim for, é salutar. Mas se tal inclusão produzir a sensação de que "..." é parte integrante (se não mesmo essencial) da tuna, então há subversão do paradigma, ou então há um novo paradigma. Aí, haverá "..." e todos os "..." que se queira, mas não será tuna.

Bem sei que as tunas não atingirão nunca o mesmo grau de definição que os desportos, por exemplo, sendo que neste domínio é fácil dizer o que é Futebol, o que é Voleibol e o que é Futevolei. O futebol de praia não se joga com as mesmas regras do futebol de 11 nem o beachvolley com as do volei. Não faz sentido que um jogador de futebol de praia, indo jogar para um campo relvado com mais 21 jogadores, se queixe de lhe estarem sempre a marcar fora-de-jogo. Certo é que o paradigma de cada um destes evolui(u) - há uns anos no voleibol não se podiam usar os pés; no futebol houve durante algum tempo a regra dos passos para os guarda-redes. Mas a regulação foi sempre interna, nunca externa (apesar de algumas alterações terem sido feitas com o intuito de aumentar a "espectacularidade" de certos desportos). Quem não gosta de basquete, vai ver andebol, mas não está certamente à espera de ver pessoas a tentar enfiar bolas num cesto com os pés, por mais espectacular que tal possa ser. Ou é andebol, ou é outra coisa qualquer (muito mais interessante, porventura).

(continua)
Eduardo disse…
(continuação)

Outra questão: «Quem tem legitimidade para o definir?» Ah... essa é a "million-dollar question". Aliás, há uma outra com idêntico valor: «Quem tem legitimidade para o alterar?»

Há toda uma série de perguntas fascinantes e é a resposta que cada um de nós der que nos vai colocar de cada um dos lados de uma barricada intransponível:

1. Não existe paradigma. Bom, a questão está resolvida por natureza. Tudo é lícito.

2. Existe um paradigma. O que levanta uma nova questão:

2.1. Está definido? Duas respostas:

2.1.1. sim.
2.1.2. não. Caso em que se levanta uma nova questão:

2.1.2.1. É passível de definição? Duas respostas:

2.1.2.1.1. não. O problema está resolvido por natureza.
2.1.2.1.2. sim. O que levanta novas questões:

2.1.2.1.2.1. a definição pode ser feita “de fora”: então o limite é a aceitação dos espectadores; o que nos leva a outra questão:

2.1.2.1.2.1.1. que espectadores? duas novas possibilidades:

2.1.2.1.2.1.1.1. os que já viram tunas - foram construindo uma representação de um paradigma

2.1.2.1.2.1.1.2. os que nunca viram tunas - o paradigma está totalmente “em aberto”

(continua)
Eduardo disse…
(continuação)

[Ora, se se aceita que o paradigma é "controlado" pelos espectadores, então se estes últimos virem kilts, boxers e sapatilhas naturalmente aceitá-los-ão como parte integrante do mesmo. Estes... “adereços”... ficam, assim, automaticamente legitimados, uma vez que não foram rejeitados por aqueles a quem cabe a definição do paradigma - e como podiam sê-lo?]

2.1.2.1.2.2. a definição do paradigma só pode ser feita “de dentro”. Neste caso, tudo depende da actuação dos tunos e daquilo que eles impuserem como tal;
2.1.2.1.2.3. o paradigma é uma construção dialéctica entre actores e espectadores, evoluindo num ciclo “proposta->aceitação (ou não-rejeição)->validação->assimilação”

Não parece haver grandes dúvidas: ao que tudo indica, trata-se do último caso. Actores e espectadores partilham a responsabilidade na construção do paradigma. No entanto, há que ter em conta que a validação terá de ser feita a dois níveis:

- pelos espectadores, dentro do respectivo horizonte de expectativas;
- pelas outras tunas, na dupla qualidade de actores/espectadores.

A quem dar maior preponderância?

Não pode, a meu ver, haver dúvidas: tem de ser às outras tunas, mas de longe.

Assim, embora o espectador tenha alguma participação na definição do paradigma, será sempre ao todo da comunidade que competirá a validação e a assimilação no paradigma da nova proposta.

Se kilts, sapatilhas e boxers são esmagadoramente rejeitados pelas tunas, então aqueles agentes estão a construir um paradigma diferente, só deles. Não estão, então, dentro do paradigma “tuna”.

Penso eu...

Abraço - e perdão pela extensão do post!
Qual perdoar, qual quê, meu ilustre Padrinho?? Brilhante, numa palavra! Uma verdadeira tese de mestrado sobre o paradigma tuneril português.

200% de acordo, foi precisamente o que disse antes "apenas" com uma grande diferença: fui logo á conclusão e nãop expliquei ponto a ponto. Foi o que fizeste - mais uma vez superiormente - neste post!

Abraços!
josé disse…
Na teoria terás toda a razão. Sem dúvida que as alegorias que empregas definem as balizas paradigmáticas do fenómeno. As regras que estabeleces efectivam as maneiras de utilização do Universo tunante. Com tranquilidade, concordo.

Apenas falta considerar as excepção que as confirmam. Se o Maradona inventou o passe de traseiro (recentemente executado pelo CR7), bem, é futebol. Se o Huiguita defendia a fazer o pino,
também é futebol. Momentos raros, goste-se ou não.
O problema é quanto ao anti-jogo. Duas equipes cada qual no seu meio campo, sem atacar...o 0-0 serve a ambas...também é futebol. (vide Braga,0 - Guimarães,0 1998, quem diria... Desceu a AAC). E que dizer da equipe que, vendo um adversário estendido, abdica do ataque e o mesmo adversário que por sua vez ao estar em idêntica situação aproveita o facto, isola um companheiro e o golo acontece (vide SCP,1 - FCP,! 2010). Pois é atitudes que, fazendo parte do mesmo paradigma, no caso o Futeboleiro, são paradigmáticas de códigos de conduta, postura e honradez. È que isto também faz parte.

Por isso te digo, por mais que tentemos acreditar na estanquicidade do paradigma, existem sempre excepções que ele abrange.
Que a tua, a minha, a de tantos outros, felizmente, formas de estar são paradigmáticas da execução das mais elementares regras do exercício tunante, não invalida que haja por aí muito boa gente a fazer anti-jogo. Tudo depende da bondade como se excepciona. A imagem geral, essa infelizmente ficou eternamente maculada.
De outro modo porque discutimos estes assuntos, e porque razão eles são sempre os mais participados?

Paradigmático.

Boas Aventura e Música

O Aventureiro de Coimbra
Eduardo disse…
Caro Aventureiro de Coimbra:

Não sou adepto do lema da realpolitik: "Se não os poder vencer, junta-te a eles". Nem me junto a eles, nem deixo que eles se juntem a mim.

Note-se que o que certos agrupamentos fazem por aí só é censurável pelo facto de auto-intitularem "tuna".

Se usassem outro nome qualquer, eu seria provavelmente o primeiro a aplaudir.

Vou até mais longe: aposto que mais de metade (ou até talvez mesmo a maioria) dos grupos que hoje se intitulam "tuna" mudariam para a nova designação.

Nada contra isto. Mas mesmo nada - sou até a favor, aconselho e incentivo.

O facto de terem começado "dentro" do paradigma não significa que:

a) continuem dentro dele;
b) não possam mudar de paradigma.

Se mudarem de paradigma, não estão a cometer qualquer traição às suas origens. Mas a subversão do paradigma inicial é uma traição.

Os casos que apontaste não subverteram em nada o futebol enquanto sistema de regras: ninguém jogou com as mãos, não se jogou dentro de uma piscina, não andavam de patins...

Não faço processo de intenções sobre o "espírito" do futebol e o "espírito" dos infelizes que nomeaste - estamos de acordo quanto a isso: não foi para isso que o futebol foi inventado. Mas eu próprio reconheci que as tunas não podem (nem devem) aspirar ao mesmo grau de definição de um desporto. O que não significa que sejam totalmente desprovidas de regras ou que estas sejam indesejáveis.

O que nunca se poderá regular é o bom-senso... e esse ou se tem ou não.

Aquele abraço!
Eduardo disse…
Esta do "mais de metade ou até talvez mesmo a maioria" foi digna do Gabriel Alves!

Queria eu dizer - e creio que compreenderam - uma maioria muito significativa - talvez 3/4.

É no que dá ser filósofo de mictório...

Abraço!