A Aventura de 2010....

Fazer um balanço deste 2010 que agora finda urge, mesmo que ainda não terminado em matéria tuneril - e esperando e desejando que o pouco que falta não traga "más novas".....

Estive a fazer um rewind ao "Aventuras" este ano e desde Janeiro e constatei alguns factos curiosos que agora trago à estampa.

Sintomaticamente ou não, e dentro desta Vª tasca online, a "Aventura" que mais animada esteve foi sem dúvida a recente sobre o paradigma da tuna portuguesa, o que revela desde logo uma real importância e alguns pontos de vista sobre o tema que, cruzando-se com outros dois "sucessos" deste ano por aqui - sobre o "meu conceito de tuna" e o ENT - não deixa de ser revelador, sintomático até de algum pulsar sobre a tuna portuguesa. Denota-se, contudo, que a comunicação, sendo hoje mais eficaz do que há 10, 20 anos atrás e graças à internet, não basta por si só, marcando-se a agenda num plano de fundo mais estrutural, o pensar da tuna enquanto tal. Só isso poderá justificar a maior importância dada aos 3 temas acima mencionados que, se repararem bem - como acontece aliás em quase todos os sub-temas sobre tunas  - estão intimamente interligados. Essa interligação é, no entanto, um excelente sinal também ele e por si só; revela a real integração dos "pormaiores" variados e vários na temática tuneril, onde os assuntos não são tratados de forma estanque e em partições, muito pelo oposto. Aliás, por oposição, percebe-se perfeitamente a quem aproveita tratar estes sub-temas de forma estanque, ou seja, aos "pós-modernistas".

Tudo isto mostra - a par com outras reflexões mais participadas e/ou lidas aqui - um dado extremamente curioso que, aliás, acompanha uma tendência cada vez maior nas publicações da especialidade:

Quem articula argumentos de defesa da mais nobre tradição tuneril - e para lá do bom senso inerente - fá-lo sempre assente numa lógica absolutamente clara, ou seja, argumenta baseado em documentos, em factos, em tradição, em estudo e conhecimento; ao contrário, quem se apresenta como sendo o "descobridor da pólvora" e/ou autor de façanhas pouco recomendáveis refugia-se ora no insulto aos 1ºs, ora no subsequente silêncio sepulcral. Fatal como o destino, diria até. O que é obviamente um sintoma de duas coisas: do actual estado das cabeças que por aí andam trajadas a tunar e, não menos importante, a manifesta falta de argumentação - porque não há, simplesmente - em justificar o que se faz de forma consistente, elevada, educada e respeitável. Ou seja, temos um lógica assente em duas posturas completamente opostas: A do respeito com argumentação credivel e a do avacalhamento simplesmente porque...apetece avacalhar, chocar, fazer com que os outros falem sobre......disparates, basicamente. 

Duas posturas que afinal correspondem sumariamente a duas intenções claras e distintas: A dos que contribuem para a causa de (quase) todos e a postura dos poucos que apenas contribuem para....si próprios, maribando-se literalmente para o todo, ou seja, o conjunto das tunas nacionais. 

Nesse aspecto, revela-se a cada vez maior desfaçatez e topete de alguns "para-tunos" ou mesmo anti-tunas que parasitam o fenómeno, pois caem numa tremenda incongruência reveladora ela mesmo das suas reais e sinistras intenções: criticam descaradamente o que é da Tuna por direito mas aproveitando-se desta parasitando-a ao estarem presentes em certames e outros eventos - ditos - de tunas. No entanto, nota-se a crescente aversão a estes parafenómenos de moda circunscrita muito por força da objectiva, congruente, argumentada e sensata postura em prol do todo da Tuna estudantil portuguesa. Ténue, tímida, mas nota-se ainda assim a reacção se não contra, pelo menos de ignorância face a estes para-grupos, cada vez mais com "mercado limitado" para as suas "avarias", felizmente. Há claramente que o limitar ainda mais ou então optarem  pela coerência da Orxestra Pitagórica, p.ex.

De resto, mais do mesmo quase que diria, neste ano de 2010. Não houve assim muito mais a revelar-se com particular destaque, para lá de algumas confirmações esperadas, algumas ausências momentâneas, alguns certames muito abaixo do expectável, outros dentro do normal, outros certames ainda a viver apenas e só do nome de outrora, depois aquele onde ganha sempre a mesma agremiação que não tuna, depois ainda aqueles certames que borrraram a escrita toda e adiaram-se a si mesmos por causa disso (os critérios são para serem aplicados...) e depois os casos raros que dão para a malta rir a bom rir, tipo os ultimos publicados aqui (embora mande a seriedade levar-se a coisa também de forma algo responsável....) e outros mais circunspectos que, e para não dar tempo de antena a quem definitivamente não o pode ter, não são mencionados aqui, publicamente, que oscilam entre o puro autismo ("o meu é o melhor do mundo! e arredores!") e a imitação fustrada de um circo ("quem contar mais anedotas badalhocas em palco e se atirar pró soalho ganha!"). Há efectivamente segmentação de mercado; e eu digo ainda bem que há. 

Em suma, pouco ou nada de novo mas muita piada para rir a bom rir, lá isso tivemos em 2010. A Tunolândia esteve deveras animada com disparates monumentais, cenas dignas dos "Monty Python's",  definitivamente.

No entanto, coisas sérias estão "penduradas" ainda no actual panorama tuneril nacional, a carecer de esclarecimentos efectivos e medidas por parte do todo do fenómeno mais eficazes e concretas. O próximo ENT não pode falhar seja a que nivel seja. É fundamental que seja o dobro do que se espera em matérias de conteúdo de facto. Por outro lado, há que desmascarar todo e qualquer protagonista de façanhas, sejam elas quais forem e de quem sejam, para que haja mais responsabilização e responsabilidade - atenção, com elevação e bom senso, pois não patrocino nem concordo com caça às bruxas; uma coisa é apontar e explicar o porquê com elevação e respeito (mesmo que a nós nos faltem com ele); outra será mover um processo inquisitório de perseguição seja a quem seja. Até porque nem é preciso, quem se arma aos cucos acaba inevitavelmente por se enterrar sozinho, sem a ajuda de ninguém, como ainda recentemente vimos, aliás, por várias ocasiões.

Denotar ainda o espírito altruísta tuneril de alguns em acções de solidariedade efectiva que, por pouco que sejam, muito significam seguramente. Não temos de ser todos iguais uns aos outros - até porque nunca o fomos - mas isso não significa que se procure a diferença pela diferença como quem procura água no deserto nem que para isso se mate quem passe de cantil pronto a dar um pouco da sua própria água.

Fora isso, a ultima que me chega agora mesmo via Facebook: Tuna ao ar livre, a tocar tema de solista, coisa muito melancôlica,publico rendido, sentimento q.b. e eís que, em frente ao palco passa....um camião do lixo! Só na Tunolândia, de facto......

Bom resto de 2010 e boas entradas em 2011. Ahh, e um Natal daqueles à maneira....

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Belíssima súmula.
O Aventuras continua a ser um farol para muitos, apesar de muito incomodar alguns "contrabandistas", que se dizem marinheiros, mas que só "navegam" na praia, porque a luz que sobre eles incide os coloca a descoberto!

Abraço e votos de grandes festejos natalícios!