A Aventura Curricular.......

Hoje, é uma pergunta que me vai assaltando a mente de quando em vez: Será que a "malta" que passa pela tuna coloca tal no seu Curriculum Vitae quando inicia a sua vida profissional, procurando emprego?

É que se o faz, provavelmente fá-lo munido de indisfarçável orgulho em tal, seguramente. Mas e em sentido oposto, se não o faz, porque não o faz? Esquecimento, insignificância, irrelevância ou...vergonha? Haverá vergonha em colocar no Curriculum Vitae que se fez parte da tuna? Pior, haverá medo? De o hipotético empregador rasgar liminarmente o mesmo, até? E se o empregador também foi, um dia, tuno?

Algumas questões se colocam aqui e confesso que - felizmente - desconheço se a malta coloca que foi tuno nos seus C.V. actualmente, quando em busca de emprego. No meu tempo, punha-se e até admito que, então, aqui e ali, pudesse ser algo que prejudicasse. Em todo o caso, punha-se que se tinha sido tuno once upon a time. Ainda hoje lá está, no meu C.V.

A questão de fundo aqui é só uma, afinal de contas: Hoje em dia, ser-se Tuno é Curriculum ou é cadastro?

A resposta provavelmente cada um a terá, até por força da sua própria experiência pessoal e profissional, seguramente. Mas temo que, actualmente, seja mais cadastro do que Curriculum, ao contrário do que acontecia há 20 anos atrás. As razões são sobejamente conhecidas e amplamente debatidas.

Acho, mesmo não sabendo em concreto, que hoje em dia na esmagadora maioria dos casos tal menção é omitida, pura e simplesmente. O que, no limite, é um sinal da descapitalização do bom nome que já tivemos. Por aqui se prova muito do que é dito.


Comentários

Marta disse…
É uma excelente questão.
Na minha profissão, já ajudei a fazer inúmeros currículos, e o conselho é sempre o mesmo: quando se acaba um curso e a experiência ainda não é o "ex-libris" do CV, há que colocar tudo o resto que possa convencer o empregador que somos a pessoa ideal para aquele emprego.
Incluir o estatuto de tuno é a mesma coisa que dizer que se toca clarinete na banda filarmónica, que se dança no rancho ou que se faz teatro na junta de freguesia. A questão é que a tuna é, normalmente, associada àquilo que não é e que não defende. E ainda que, nalguns casos, possa ser uma rampa de lançamento, temo que na maioria dos casos seja indiferente ou até mesmo um factor negativo na contratação.
Ainda assim, acho que se deve colocar. Até pode ser uma forma de começar a mostrar que nem toda a gente que anda na tuna tem média de 10 e precisa de 20 anos para fazer um curso de 5.
Panamá disse…
Dê por onde der, no meu CV lá está chapado esse facto.
josé disse…
O trajecto associativo é fundamental para a ulterior formação e integração no mercado de trabalho. E acreditem que os bons empregadores concedem neste tema. É sabido que experiência e participação amadoras são armas no fundamento da postura profissional e factores de crescimento e endurecimento da resistência ao trabalho em equipa, sempre díficil. Também se considera igualmente importante os factores pessoais que demonstram precoces capacidades liderantes.
No meu caso nem hesitei em colocar todas as bandeirinhas da minha Tuna, Grupo de Fado, Coro, Rancho, Secções Desportivas, etc. Do meu CV constam todas as minhas participações académicas nos grupos por onde passei e todas as actividades aí desenvolvidas. Dos Festivais realizados aos CD's gravados, tudo incluí.
Aliás, é mais vasta a parte associativa que a formação académica puro e dura. Não há bela sem senão...

Boas Aventuras

O Aventureiro de Coimbra
Eduardo disse…
Viva:

faço minhas as palavras do Aventureiro de Coimbra.

Por mais informal que possa ser, para o bem e para o mal, uma tuna é um grupo que possui as mesmas dinâmicas de qualquer outro grupo. Nesse sentido, mostrar que se foi capaz de trabalhar em equipa é, sem dúvida, uma mais-valia que os próprios tunos não sabem, por vezes, apreciar nessa vertente.

Na nossa última conversa, fiz-te mesmo menção disso: as universidades deveriam olhar de outra forma para o papel dos organismos circum-escolares na formação dos respectivos alunos e repensar o papel das tunas nesse aspecto.

Aquele abraço!

Eduardo
J.Pierre Silva disse…
Nem mais.
o problema é quando se tem um leque alargado de experiências e cargos desempenhados.
Um currículo de 2 páginas alarga para as 6 ou 7, ou mais, e coloca desde logo aquele problema costumeiro que é saber o que cortar, quando já se cortou ao máximo e mesmo assim sobram meia dúzia de páginas! hehehehehe

Mas a verdade é uma: em situações similares entre candidatos, ou em que o empregador não procura um mero qualificado (roboticamente formatado que só sabe fazer aquilo), isso é uma enorme mais valia.
Falo por experiência própria.
josé disse…
Já agora, um mero pixel.
A Universidade de Coimbra demorou a conceder estatuto ao estudante que participe em grupos culturais da Associação Académica.
Agora, e com esta consideração, o Tuno, o Orfeonista, o Jornalista, etc, adquiriram capacidade descriminada em relação ao curso, aulas práticas, épocas especiais e, eventualmente, refeições nas cantinas.
Uma grande vitória do reconhecimento daqueles que a troco de nada a foram tentando edificar mais um bocadinho. Oitocentos anos de atraso.
Mesmo assim uma nota saliente, pena é que pessoalmente já não possa ser usufrutuário.
Um testemunho curricular da própria Instituição é singular e demonstrativo.
Há que participar!

Boas Aventuras

O Aventureiro de Coimbra
Cher disse…
Incluir Tuno no C.V., depende do discernimento de cada um e até mesmo da situação. Incluir "Tuno once upon a time" é que acho mal. Tuno é para sempre...

Boas Aventuras.