A Aventura da Refundação do conceito de Festival

Historiar um pouco desde logo, sem maçar:

O modelo de certame competitivo que temos é, grosso modo, inspirado naquilo que ficou conhecido na Espanha democrática dos anos 70 como "Grandes Certames", rompendo com a lógica anterior que, também ela, estava sob a "pata" da ditadura franquista e dos cardápios do Sindicato Español Universitário, onde os certames decorriam à porta fechada e perante um rigoroso Jurado mais as suas espartanas regras avaliativas.

Ou seja, o modelo, conceito de certame competitivo de tunas é por nós importado do modelo espanhol dos anos 70 e 80, juntamente com o modelo que o programa de TV "Gente Joven" exportou para fora das fronteiras espanholas. Significa tal que os primeiros certames fundados em Portugal seguiram, por via de regra, o mesmo esquema - e casuísticamente - do modelo que importaram: Pandeireta, Solista, Estandarte, Interpretação Musical, 3 primeiros prémios. No caso espanhol, curiosamente, houve um prémio que não teve continuidade em Portugal - ou raramente teve - que se reporta à melhor postura em cena. Estes são - tirando um, colocando outro - o roteiro, a "Via Sacra" da premiação dos certames portugueses. A embrulhar a mesma lógica importada de Espanha nos actos do evento e ao longo de um fim de semana, ou seja, de Sexta a Domingo. Casos tivemos em que na mesma lógica importou-se o prémio Pasacalles - tradição tuneril espanhola por excelência.

Tudo isto para reportar ao evidente: se por um lado - e atentando ao cenário mais genérico de contextualização do ressurgimento tuneril de fins dos anos 80, inicios de 90 do Século XX - não se poderia ter tido outro modelo, pois a influência castelhana foi a única nesta apartado, por outro, constata-se que praticamente esse mesmo roteiro se mantêm no caso português mais coisa, menos coisa, mais prémio menos prémio, mais recepção na Câmara Municpal, menos recepção no Ayuntamiento. Factos, portanto. O modelo manteve-se, mormente adaptações/cortes/introduções mais ou menos felizes e/ou pertinentes. Aliás, é esta constatação per si uma das provas inequívocas da clara influência espanhola no movimento tuneril ressurgido no "boom" e que se manteve até hoje, não colocando obviamente em causa as nossas características próprias.

Seria, pois, expectável que - apesar da nossa própria natureza por cá - ao longo dos ultimos 20 anos o modelo do conceito importado se tivesse refinado a ponto de estar mais próximo de algo nosso, mais a ver com a tuna nacional, do que propriamente seguir o roteiro espanhol neste contexto. Outra prova de que, por um lado, "bebemos" muito do como se fazia do lado de lá - unica fonte à data - e por outro lado, que alguma "patriotice" que singrou e singra não tem qualquer sustentabilidade porque, a ter, teria sido aqui também aplicada com mais ênfase, o que grosso modo, não ocorreu. Uma incongruência, basicamente, que resulta precisamente da diferença entre o discurso "patrioteiro" - o que renega tudo o que for estrangeiro somente porque é estrangeiro... - mas a seguir não deixa de lado o modelo onde foi beber, o espanhol no caso; se assim não fosse, o discurso teria de bater certo com a prática, inovando - não inventando, inovando de facto - e assim, alterando o conceito de festival por cá. Tal não ocorreu na esmagadora maioria dos nossos certames. Até os que só têm tunas nacionais correm precisamente o mesmo "diktat" do modelo de certame espanhol, mais coisa menos coisa. Nunca vi um prémio de melhor arruada seja em que festival seja.

Já há muito tempo atrás conversei, então, com ilustres da nossa praça precisamente sobre esta questão. Ainda iam alguns certames, então, na sua 5ª, 6ª edição e já se ouviam alguns mais atentos a dizer que "o modelo de certame teria de se refundar, alterar" sob pena de saturação rotineira. Ou seja, não é assunto dispiciente, mais para mais quando e cada vez mais, o certame de ontem é igual ao que vai ocorrer para a semana, ou seja, mais do mesmo.

Será, então, pertinente colocar na mesa uma questão: Havendo tanta vontade em alguns meios em inovar, modificar, alterar, porque não vemos essa vontade - só aplicada a outros contextos mais, digamos, imediatos - em refinar o próprio conceito de certame? Calma que não advogo com isto uma solução de completa ruptura (com p antes do t, ruptura), de todo. Quanto a prémios, por exemplo, distinções a atribuir, há sempre os clássicos aos quais não se consegue de todo fugir. Não, vou mais além.

E aqui ir mais além é questionarmos a função primeira do certame com elevação, percebendo o contexto nacional tuneril que hoje temos. Deverá o certame e o seu modelo adaptar-se sim mas com inteligência suprema e a favor do todo do fenómeno. Exemplo? Deixo sugestões às organizações, haja coragem e bom senso:

Incluir a obrigatoriedade de um tema original a pontuar na classificação final em pé de igualdade com os restantes prémios sectoriais - pandeireta, solista, estandarte, etc. Essa obrigatoriedade eleva muito mais a tuna em sentido lato do que a patética noção de que "tuna que é tuna só toca originais" que para lá de falsa é inoqua. Obrigando a um tema original obriga a renovar reportórios, desde logo, numa altura em que se vai ao baú buscar coisas do próprio reportório com 20, 15 anos banhados de lifting para soar a "novo". Seria muito mais eficaz para lá de produtivo do que o simples prémio de melhor original por si só, pois o que se verifica é que muitas das tunas presentes nem concorrem a tal prémio pura e simplesmente. Ou seja, englobar a lógica do melhor original pela perspectiva mais profilática - e não pela perspectiva bacôca do original pelo original. Porventura "mexeria" com factores de ponderação para os 3 prémios cimeiros, até, o que seria aproveitar os mesmos para elevar o tema original e, logo, potenciando o surgimento mais preemente de muitos originais.

Outra sugestão será premiar a existência de facto em palco e fora dele do Estandarte, ignorando as bandeiras pura e simplesmente de forma definitiva. Muito dos erros escandalosos na atribuição deste prémio residem no oportunismo que uma bandeira cria e potencia, logo, disvirtuam a lógica do prémio em si mesmo.

Ainda outra sugestão e que certamente será mais do agrado dos que elevam a musicalidade ao lugar cimeiro: Não se entende, hoje em dia e olhando para a tuna nacional, que os arranjos quer musicais, quer vocais, estejam simplesmente resumidos às ponderações para os 3 primeiros prémios. Cá está, se por um lado o melhor instrumental é presença assidua, não se entende então porque o melhor vocal não é igualmente e na mesma importância valorizado. Sei saber que alguns Jurados resolvem a questão - e muito bem - nos 3 prémios finais, afinal, a voz é o instrumento que todo e qualquer tuno tem por génese; ora, ou os instrumentos estão a ser inflacionados ou as vozes estão deflacionadas na sua importância. No limite, instrumentos musicais e vozes no mesmíssimo pé de igualdade. Com isso, os arranjos e sua qualidade potenciam-se mais e melhor a meu ver. Lembrar aqui que o prémio de melhor instrumental vem de Espanha e dos tempos dos certames em plena ditadura Franquista e por uma simples razão: Até então as peças clássicas, meramente instrumentais, eram presença frequente nos reportórios musicais das tunas. Ou seja, mais uma incongruência entre o que de lá herdamos e o que por aqui acontece, pois desde o final desses certames do S.E.U. que os reportórios tuneris assentaram mais nos temas cantados e tocados do que nos exclusivamente tocados intrumentalmente. Olhando à realidade de hoje, não se percebe porque a voz é o parente pobre e o instrumento o parente rico. Algo está desiquilibrado neste apartado e no figurino actual do certame por cá.

Depois, há prémios que caíram numa rotineira e enfadonha inevitabilidade, como sendo o pasacalles - invariavelmente para uma tuna espanhola, claro está e salvo honradas e pontuais excepções . O de serenata, cada vez mais a soar a uma espécie de obrigação e muito pouco a sair com naturalidade, pertinência e propósito final. Talvez terminar com eles enquanto prémios isolados e incluir por sua vez estas prestações nos critérios dos 3 prémios cimeiros não fosse de todo mal visto, muito pelo oposto. Hoje em dia e no actual cenário perfeitamente abandalhado a este nivel talvez não fosse de todo despiciente valorizar a postura em cena, passando desde o trajar à disposição em palco, apresentação dos temas, etc. Cuida-se muito do aspecto musical quase exclusivamente e esquece-se o resto e tuna também é esse restante.

Quiçá não haverá muita volta a dar ao modelo de certame que temos na sua generalidade; já na especialidade pode-se - e deve-se - mexer aqui e ali, cortar com o acessório e valorizar o essencial, fazendo uma espécie de revolução silenciosa em prol do todo tuneril nacional, mais adaptada à nossa realidade sem descurar o lado tradicional da tuna, como é evidente. Não se pode terminar liminarmente com o prémio de melhor pandeireta, como me parece evidente. Pode-se sim ser mais metódico e potencia, via festival, o que de melhor deve ser realçado e não, como ocorre no modelo actual, potenciar a ilusão de óptica, o despropósito ou ignorar-se factores de real importância no todo geral do que se espera da tuna.

São pistas, somente. Ideias que resultam do que se vai vendo e ouvindo. Pode não alterar muito numa 1ª análise, mas pelo menos mantem o certame na sua lógica primeira, potenciando a envolvência e dando enfase ao essencial e, no limite, ignorando o acessório e perfeitamente dispensável por improvável ou despropositado. Ajudaria, até, a meu ver, a uma melhor gestão no tempo e no espaço, do programa de um qualquer evento tuneril competitivo, até. Não seria algo completamente novo mas seria seguramente diferente, inovação lógica e adaptação aos tempos de hoje, que requerem do certame competitivo uma clara reacção e não fossilização: estamos a organizar hoje certames como o fazíamos há 20 anos atrás só que com tunas de hoje. Ora, se temos um paradigma de tuna claramente definido, não seria pertinente adaptar esta manifestação na defesa desse mesmo paradigma, hoje, com tudo o que se vai vendo e ouvindo?


Qvid Jvris?

Comentários

A postura em cena? O que é? Em que consiste?

Muita gente a ler o teu texto poderá pensar que a postura em cena é montar um cenário cheio de apetrechos e truques visuais. E será isto? Com toda a certeza que é!

Mas é, sem desvirtuar o conceito de tuna. A postura em palco, isto é, a forma como a tuna se dispõe, como se apresenta e como está trajada (entenda-se correctamente trajada de acordo com as regras da sua academia) é para fim FUNDAMENTAL. Um festival de tunas julga tunas. E uma tuna, desculpem lá, tem obrigatoriamente de parecer e ser uma tuna.

Depois há algo que me incomoda seriamente nas apresentações por parte das tunas nos festivais. O nome dos temas e quem os fez. Custa assim tanto dizer: O tema é X e escrito por Y? É um sacrilégio tão grande fazer isto? A tuna perde na sua apresentação se o fizer? Eu tenho a certeza absoluta que NÃO!

E depois há aquilo que realmente me choca: os stand up wanna be's! Aqueles moços e moças que julgam que têm piada, que acham são muito engraçados e que acham que contar anedotas e fazer trocadilhos à la Herman José vão trazer uma mais valila à sua apresentação... Amigos, acordem! É um festival de TUNAS! Não é um festival de stand-up comedy. Querem ser comediantes? Sejam-no... mas não estraguem a actuação da vossa tuna com isso!

O humor é um campo muito perigoso... a linha entre a graça e a desgraça é muito ténue. Verifiquem primeiro com quem estão (se a vossa tuna tem uma postura engraçada ou mais sisuda), depois para quem estão a tocar (acreditem... há públicos e públicos... e muita gente estranha) e em seguida pensem no que possam dizer que esteja no equilibrio de quem transmite e de quem ouve. Se fizerem este exercício rapidamente vão encontrar um sítio onde a vossa apresentação realmente possa ter piada.

Acima de tudo, um apresentador pode guiar a tuna em palco e conduzir a sua postura ao longo da actuação... mas o apresentador tem obrigatoriamente de pensar que quem está a ser avaliado em palco não é ele, é a Tuna dele. É a postura da tuna dele que está a ser avaliada.

Tudo isto para dizer que concordo contigo meu bom amigo! Postura e saber estar em palco é por si só uma arte... que se recompensem os melhores artistas!

Grande abraço!
Caro Yacaré, vou-te contar a este propósito uma rápida peripécia a que assisti e que, ao fim de todos estes anos, me ficou na memória até hoje. E se ficou por alguma razão terá sido....

Um certame nos anos 90, perto de Lisboa. Tunas atrás de tunas a desfilar em palco. A páginas tantas entra em palco a Tuna de Magistério de Sevilha, então, considerada por muitos (eu incluído) como provavelmente a melhor tuna do mundo, naquela época. O primor, o cuidado, as capas devidamente postas aos ombros, o bailar das mesmas ao sabor do compasso das "Imagenes de Ayer" (original de um dos seus, por sinal) pareciam ondas do mar, a fila da frente em contraponto perfeito com a de trás, enfim, algo que ao ver-se (e escuso de falar no que se ouviu...) pura e simplesmente marcava a diferença, a distinção, a classe, o primor, o cuidado mas sempre soando a Tuna, sempre. De tal modo me impressionou que ainda hoje retenho o exemplo; caso oposto não me recordaria, por banal.

Postura em cena é isto mesmo: postura, não falta dela. Confunde-se muito estas noções, infelizmente. Há quem ache que apalhaçar é coisa tuneril, do mais puro e afins. Falso, completamente falso. Como é falso posturas sisudas e carrancudas a puxar pró mais do que sério e que soam a tudo menos a postura de facto. Postura é saber dizer a coisa certa no momento certo, uma arte em si mesma. É saber estar, elevando a nossa condição, percebendo onde se está e com quem está. Vivemos numa época onde se eleva o despropósito e até o insulto grotesco à condição de estrelato. Em tunas isso é ignobil, até.

Tuna que se preze desse nome tem de saber estar quer perante o mais pobre dos mendigos, quer perante o mais faustoso dos Reis. Ou seja, tem de saber ter postura. Em cena também. Mas fora dela igualmente.

Abraços!
"Há quem ache que apalhaçar é coisa tuneril, do mais puro e afins. Falso, completamente falso. Como é falso posturas sisudas e carrancudas a puxar pró mais do que sério e que soam a tudo menos a postura de facto."

Concordo totalmente. Aliás essa ideia de que uma tuna deve ser um fartote de riso é uma ideia muito mal amanhada que veio dos anos 90 portugueses... Influências de certeza daquele programa... o Drs e Engs.


"Postura é saber dizer a coisa certa no momento certo, uma arte em si mesma. É saber estar, elevando a nossa condição, percebendo onde se está e com quem está."

Nem mais, nem menos... simplesmente EM CHEIO!
josé disse…
Como não concordar?

Enfileiro no apresentado pelos postulantes que me antecederam não sendo por isso necessário citar casos e ocorrências.

Mas não deixo de reter dois aspectos referidos na mensagem original que me parecem essenciais.

"Outra sugestão será premiar a existência de facto em palco e fora dele do Estandarte, ignorando as bandeiras pura e simplesmente de forma definitiva. Muito dos erros escandalosos na atribuição deste prémio residem no oportunismo que uma bandeira cria e potencia, logo, desvirtuam a lógica do prémio em si mesmo".

Haja coragem, caro Aventureiro. Nem calculas o que representa para mim o que acabas de lavrar. Foram anos a "carregar" com perto de 14 Kg...mas que saudades.
Uma Tuna não poderá nunca por nunca ser prejudicada devido a critérios comparativos daquilo que, e por opções históricas, é incomparável. A escolha do Estandarte deverá residir em critérios identificativos, iconográficos, historicamente consubstanciados e a sua construção não pode nem deve ter como modelo o prémio no Festival. Creio convictamente que a sua existência tal como comummente é tido, constitui (mais)um factor de subversão do conceito e da bondade da apresentação de uma Tuna. Por outro lado, e reconhecendo que o manuseamento de vulgares bandeiras tem momentos de invulgar beleza e algo de destreza circense, a opção pelo número deverá ser da responsabilidade da Tuna e o critério de avaliação poderá ou não ser tomado em consideração pelos avaliadores na atribuição do prémio genérico.
Ratifico o desidrato e vou tentar, já no meu Festival, experimentar a emenda.

"Ainda outra sugestão e que certamente será mais do agrado dos que elevam a musicalidade ao lugar cimeiro: Não se entende, hoje em dia e olhando para a tuna nacional, que os arranjos quer musicais, quer vocais, estejam simplesmente resumidos às ponderações para os 3 primeiros prémios".

Nem mais. À parte as polémicas de a Tuna que ganha o melhor instrumental, solista, pandeireta, não ganhar o Festival porque as avaliações paramétricas não têm que decidir as genéricas, concordar-se-á que no caso da existência de prémios para os melhores arranjos musical e vocal, a atribuição concomitante à mesma Tuna decidirá o destino do máximo galardão. Sinceramente, tenho quase como adquirido, que uma Tuna que se destaque pela excelência dos seus arranjos, não se desmorona nos restantes critérios ao ponto de borrar uma pintura inestimável, a da construção estética. Ainda assim...
E, desculpar-me-ão os restantes, falo com algum perdigão sobre esta matéria já que, como um dos pioneiros do Festival organizado pela minha Tuna, em boa hora decidimos não atribuir o clássico prémio para o "melhor instrumental" mas sim para o "melhor desempenho instrumental"(infelizmente titulado de Prémio Fernando Almeida, por homenagem póstuma) a par do prémio de "melhor desempenho vocal" que ainda hoje, ano após ano, vão sendo entregues em pleno T A Gil Vicente. Fica a nota, com a promessa que o que apesar de estar construído faz agora mais de 20 anos pode sempre melhorar, e se acontecer ter sempre a convicção que se faz dentro do senso e baseado em reflexões como a que promoveste. Inquiridora mas muito ponderada e justa.

Não lhe chamaria Refundação, antes Conexão.

Boas Aventuras

O Aventureiro de Coimbra
Caro Aventureiro de Coimbra, os meus mais elevados protestos de amizade!

Cito-te aqui e apenas por ora:

"tenho quase como adquirido, que uma Tuna que se destaque pela excelência dos seus arranjos, não se desmorona nos restantes critérios ao ponto de borrar uma pintura inestimável, a da construção estética. Ainda assim..."

Mas já aconteceu. Já vi e como Jurado tal a acontecer. Que me digas que não é normal, não o será. Contudo, aconteceu e aconteceu porque e nos casos onde vi tal, as tunas em questão apostaram todas as fichas no 40 vermelho e só neste. Não diversificaram as apostas. Pode correr mal. Mesmo que o 40 vermelho seja só musica, pode correr mal. É esta, aliás, umas das belezas únicas da Tuna: Não pode apostar somente no 40 vermelho.

Abraços!
Yacaré, ainda recentemente tivemos um exemplo que fica prá história, definitivamente,pelo menos para a nossa e que ilustra muito bem o que disseste e digo igualmente: Uma única palavra fez toda a diferença numa actuação, mormente a mesma e a sua menor ou maior relativa mais valia. É deveras impressionante o que um simples "aunda!" é capaz de produzir nos corações e almas das pessoas......

Abraços!
Eduardo disse…
Caro RT:

a musicalidade da tuna resulta da conjugação de instrumentos e vozes, disso não há dúvida.

No entanto, as vozes não são afináveis (para grande pena minha...), ao passo que os instrumentos são. É verdade que nem sempre vão afinados para palco, mas se não vão que fossem.

Ora não é possível puxar as orelhas mais para cima ou mais para baixo para a voz afinar. Neste sentido, não é possível arranjar um patamar comum a nível vocal, ao passo que a nível instrumental é. Parece-me que na sua essência o prémio de melhor peça instrumental faz todo o sentido.
Eduardo disse…
Por outro lado, ponho ainda reservas à inclusão do item "tema original" na ponderação final para a avaliação da melhor tuna.

Se uma tuna apresentar um daqueles originais de... merece ser melhor por esse simples facto, face a outra que não apresente nenhum? Cheira-me a quotas para mulheres nas listas partidárias... Sei que não é a tua intenção, que pretendes estimular a criatividade, mas...

Abraço!

Eduardo
Caro Eduardo, por partes:

Quanto a vozes, eu vejo um pouco "ao contrário" se assim quiseres. Sabes tão bem quanto eu que a afinação vocal do todo de uma tuna é um trabalho demorado, gradual, de anos até, de forma a chegar a um patamar quase automático de entrosamento entre os vários naipes de vozes e face a um reportório x. Como bem dizes, os intrumentos afinam-se, até se preciso em cima de um palco. As vozes aquecem-se antes, não s afinam: se afinados estão, revela trabalho árduo que vem de casa, de trás, não de dois puxões de orelhas. Daí resultar a minha observação, por muito cara que a afinação instrumental me seja, que o é. A vocal não merece, quanto a mim, ser relegada para 2º plano e daí a minha sugestão.

Quanto à sugestão de inclusão do "melhor original" na ponderação final para os 3 prémios gerais, longe de mim a sugestão envolta numa espécie de "quota", nada disso. Mais uma vez, a sugestão pretende enriquecer de facto o tema original na ponderação final pela qualidade do mesmo - e não pela teoria da quantidade mesmo significando esta nenhuma qualidade. A ideia será precisamente catalisar a criatividade, com claro beneficio para os próprios criadores e executores, logo, do público, que assim vê mais, diferente e porventura melhor. Se vir e ouvir pior, o original é votado no mesmo pé de igualdade que um mau pandeireta, um mau solista ou um mau estandarte. Simples.

Abraços!