A Aventura do "Parente Pobre"...

Desde há muito que as tunas portuguesas, chegados às Queimas e afins, são vistas em todo o contexto geral mais preocupado com o negócio, como parentes pobres em todo o processo. Até aqui - infelizmente - nada nos admira ou sequer será uma novidade, regra geral. Chegados a Maio, mais coisa menos coisa, eis os candidatos a políticos que infestam as associações a fazerem de conta que não existem tunas, basicamente. Claro que, durante o restante período do ano, até se lembram delas quanto mais não seja para fazerem "escolta" musical ao P.R. ou ao P.M, quando não ao Reitor; tá visto, aí dá jeito. A malta das Tunas, essa, que regra geral, se "vende" por uns garrafões e umas sandochas de coiratos e tá feito, passa precisamente a ideia de que são os parentes pobres. Enfim, uma dictomia quase perfeita, não fosse o Alzheimer de alguns quando chegados às Queimas que, subitamente, se esquecem de que as tunas também fazem parte intrínseca dessas comemorações maiores.

Bom, maiores no que toca ao sentimento, contexto e tradição, porque quando toca ao negócio das barraquinhas de comes & bebes (mais bebes do que comes...) aí o caso não é maior, é industrial. Seria, por isso, bem interessante correr o país associativo todo para se perceber de que números estamos a falar. E ao percebe-los, perceber por que raio se tratam as tunas ao pontapé, nesta parentalidade pobre, em plena época onde, supostamente, deveriam ser um dos parentes ricos no processo.

Evidentemente que todos sabemos que os Xutos e Quim Barreiros dão muito mais lucro do que "aturar" a malta das tunas (curioso, quando lá vai o P.R. em visita oficial aí já não "aturam", passam a mão pelas costinhas ...) que, pasme-se, até nem é exigente (deveriam algumas fazer como os Los Sabandeños, pelo menos levavam uma "nega" mas com classe...) pois não pede cachet, alojamento em hotel 5 stars, camarins, umas quantas grouppies, duas ou três "Vitos" para transporte até ao local do espectáculo e umas quantas garrafas de Moet & Chandon. Quando a malta das tunas pede o minimo dos mínimos exigivel, Aqui D´El Rey "que estes gajos têm a mania que são artistas!!" and so on....

Sou-vos muito franco: Mandava-os todos àquela parte mas o ano inteiro. De uma ponta à outra, sem qualquer tipo de patuá sequer. Curto e grosso. É que nem perdia mais tempo, sequer. Quando se ganham verdadeiras fortunas à custa da tradição e das Queimas e blá blá blá com autênticos monopólios comerciais nem sequer, quanto a mim, perderia tempo a atura-los. Por estas e por outras é que o caminho, nas tunas, é cada vez mais de autêntica separação face a qualquer estrutura, seja ela qual seja, livres da mera ideia sequer de dependência à luz do que quer que seja. O caminho é para ser seguido sozinho, mesmo que isso custe ir-se ganhar dinheiro com actuações ao invés de se esperar pelos míseros trocos que alguns, diligentemente, vão dando aqui e ali para enganar o lorpa. Nada como ser-se independente, seja de quem seja.

Tunas que alinhem nessa dependência são como os putos das "Jotas" que abanam a bandeirinha em dia de campanha eleitoral: Tão lá para embelezar o boneco e no fim, Sumol e sandes de fiambre para todos (quando há...) e ...tá pago! Irritam-me solenemente os putativos candidatos a Secretários de Estado do ano 2020 acharem que estão a lidar com chavalada; pior é quando a chavalada se porta como tal, ao invés de se comportar à altura do que são: Tunas.

Comentários

Marta disse…
O tema não podia ser mais pertinente, porque na minha (ex)Academia está precisamente a passar-se um problema com as tunas na Semana Académica.
Desde há uns tempos a esta parte (e porque o "prato principal" da Covilhã sempre foi a Semana do Caloiro e não a Semana Académica) que a noite de tunas pura e simplesmente desapareceu do cartaz. Em vez disso, distribuiu-se o "mal" pelas aldeias, tocando uma tuna em cada dia. Nada de por aí além: não é o único local onde tal se faz, e quem quer vai na mesma. Porreiro.
Na Semana Académica deste ano, as tunas e a AAUBI não chegaram a um consenso. Aparentemente, pelo que se veicula cá para fora, a AAUBI não garantiu as condições mínimas de actuação às tunas (que, habitualmente, se resumiam a condições de luz e som, bilhete geral e uns finos na noite de actuação), pelo que 4 das 6 tunas da UBI emitiram um comunicado onde referiam isso mesmo: falta de entendimento em relação às condições. Segundo outras fontes, a AAUBI refere que as tunas dão prejuízo. Ora bem... Eu nunca vi um pavilhão de Semana do Caloiro/Académica vazia ou perto disso em noite de tunas. Mais ainda: tinham mais afluência do que outras noites ditas "grandes". Se juntarmos a malta das tunas + a malta amiga das tunas que vai sempre beber um copo (e, como sabes, são muitas!!) + a malta que gosta de tunas + a malta que não gosta mas que vai na mesma... Onde está o prejuízo?
Numa Academia onde as tunas são reconhecidas ou não reconhecidas como tal em Assembleia Geral de Alunos (coisa completamente descabida, para não lhe chamar outro nome), afinal parece que não há espaço para elas num evento como a Semana Académica. Curioso, não?
Pessoalmente, concordo contigo: há que desvincular as tunas, de uma vez por todas, de qualquer estrutura e traçar o seu próprio caminho, sem depender de nada nem ninguém para fazer o que quer que seja.
Abreijos!