A Aventura da Livre Escrita....

Por mais voltas que dê, não percebo. De todo consigo entender. Esta coisa de não se escrever porque outros escrevem, somente. Só consigo entender tal por duas ordens de razão, ambas absurdas: Ou receio em dizer o que realmente se pensa ou então inveja de quem o diz sem qualquer complexo.

É a completa inversão da lógica, até: porque há uns poucos que escrevem - porque gostam de o fazer e ainda têm tempo para ... - e o fazem porque, quiçá, se sentem à vontade para o fazer, então vai daí, há uns tantos que não escrevem porque "já me disseram que era difícil escrever aqui" ou " é complicado dar opiniões" e outras barbaridades do género, a indiciar que somente pelo simples facto de uns poucos o fazerem por sistema, então por isso não vale a pena escrever, debater, exercer contraditório. É um pseudo-ambiente completamente estupidificado sob a égide de uma pretensa e falsa defesa da "liberdade de expressão" como se esta ultima alguma estivesse em causa pelo simples facto de se escrever algo que é o oposto, discordante ou contra aquilo que os habituais escrivas derramam. É então, em ambiente supostamente elevado de estudantes universitários, uma espécie de tentativa de imposição da "ditadura do silêncio", querendo com este ultimo reduzir a pretensa normalidade que será, em foruns, blogs e por aí fora, participar, escrever, dizer o que se acha e pensa. Parece que há um "medo" qualquer a algo que nem eu sei explicar o que seja, e vaí daí, já que "não vale a pena escrever porque me caem em cima logo a seguir, então calo-me e eles ficam a escrever sozinhos" - como se isso fosse verdade, como se tal originasse tamanho absurdo, como se isso fosse realmente assim.

Não estou, por lógica inversa, a querer - porque não acho tal, atenção - "impôr" a participação de tudo e todos; cada um é como cada qual, certamente e tudo bem. O que é deveras curioso por absurdo, completamente absurdo, é surgirem de ano a ano sempre os mesmos "cromos" a criticar quem escreve, pensa e diz, diariamente se for caso, a acusar estes ultimos de um pretenso "excesso" de "intervencionismo", uma "fogueira de vaidades" (esta então, um mimo...!) onde se "lava roupa suja" (ou seja, escrevem muito e mal e porcamente, e só asneiras...). Os mesmos "cromos", note-se, que quando aparecem uma vez ao ano, a única coisa que fazem, o unico contributo que dão é precisamente, se bem lido de facto, o auto-polimento da sua própria vaidade e/ou então lavar a roupa suja deles mesmos em praça pública com mais primor e pureza do que a Beatriz Costa lavava a mesma na sua Aldeia da Roupa Branca! Que engraçado, não acham?

Depois há outros que se escusam, uns por umas razões e outros por outras, de comentar. Uns, porque acham que é mais interessante ler (opção dos mesmos que não é impeditiva de participarem e entendem isso graciosamente) e outros escusam-se de participar porque acham que "postando" seja o que for meio mundo lhes vai "cair em cima" ou então "porque não se respeita a opinião dos mais novos" como li entretanto, coisa que nunca senti, não acho, não concordo que tenha havido sequer, porque uma coisa é desrespeito, outra será a naturalissíma opinião mais avalizada de gente mais "rodada" e que cada qual colhe da forma que melhor entender. Mistura-se muita coisa, mesmo muita coisa, neste caldeirão que é muito mais simples de colocar ao lume do que alguns pensam ou mesmo querem. Há gente que, em auto-defesa pura de qualquer coisa que não faço ideia do que seja, comporta-se como o puto que é dono da bola lá no patio em frente a casa: quando o jogo começa a correr mal, vai embora e leva a bola, que é dele.

Está mais do que na hora de se olhar para estas coisas dentro do mais saudável prisma de troca de opiniões, dando-as, colhendo das mesmas tudo o que se pode colher de bom em diálogos que são sempre interesantes, mormente as piadas, brincadeiras e desvios aos temas. Há que definitivamente olhar para estas coisas da forma precisa que elas são. Os locais onde se fala de tunas não são "dominio de ninguém" nem coutada privada de meia-duzia, como alguns "cromos" insistem em querer incutir a terceiros, nada disso. É deveras vergonhoso, repito, vergonhoso, que alguns tentem criar uma certa entourage, ambiência, que indica aos outros que "aqui não vale a pena falar porque o campo está minado" (??) ou outra qualquer parvoíce pueril do género para querer condicionar aqueles que livremente escrevem, fala, trocam impressões e por aí adiante.

Pior que a incontinência escrita é a incontinência mental. Mais grave é esta ultima quando imbuída num espírito de complexo de inferioridade que não deve nem pode existir ou então imbuída numa imensa inveja vá-se lá saber porquê e por quem: a incontinência mental é mais grave ainda quando é premeditada no sentido de, com ela, pretender diminuir quem exerce um direito, igual para todos, de se fazer exprimir, direito livre e universal que eles mesmos recusam exercer por opção própria. A Livre-Escrita é tão importante como o Livre-Pensamento. Querer, seja de que forma for, condiciona-la, é um acto de puro fascismo mental. Não aceito. Seja onde for. Venha de quem venha. Quem não se quer exprimir está no seu direito, o mesmo de quem quer se exprimir, rigorosamente igual; Nunca em caso algum esse mesmo direito se pode auto-condicionar e pelos motivos mais ignobeís. Quem quer escrever, que escreva, quem não, que não o faça. E fiquem-se todos por isso mesmo, digo eu. Pelo vosso direito. Sem querer com ele condicionar o direito dos outros.

Comentários

Marta disse…
Excelente reflexão; pertinente, como aliás, o é sempre, mas desta vez ainda mais na "mouche".
Generalizando, porque nestas coisas mais vale do que particularizar, é-me fácil responder às questões que colocas: participo (seja em blogs, fóruns, etc.) quando considero que a minha participação pode ser útil a alguém, quer no campo do conhecimento quer no campo da reflexão e/ou partilha de experiências. Ou, por outro lado, participo quando sei que do outro lado está uma pessoa ou conjunto de pessoas que gostam de saber a minha opinião acerca de A, B ou C e com as quais posso reflectir em conjunto e aprender mais. Da mesma forma, opto pelo silêncio quando pouco ou nada há a acrescentar, quando nada sei sobre o assunto ou… quando sei que a minha opinião pode não ser bem-vinda. É que, de escrever para o boneco, sinceramente, estou um bocadinho farta.
E, porque particularizaste para a questão das tunas, a minha não-participação na maioria dos locais da especialidade assenta em dois pilares praticamente nivelados: o primeiro, mais antigo, é que para muita gente as opiniões de “outsiders” não são válidas. Quem não vive as coisas por dentro, quem não ostenta determinado símbolo/título, não tem direito a opinião, ponto. Concordando ou deixando de concordar, a verdade é que ouvi/li vezes demais essa afirmação. Como tal, e porque às vezes argumentar e contra-argumentar cansa, optei (quando pertinente e quando me apraz) dirigir-me directamente às pessoas com quem gosto de partilhar opiniões e aprender outras tantas coisas e ter uma conversa pessoalmente, ou facilitada pelas novas tecnologias, como bem sabes. A segunda razão prende-se precisamente com o que acabei de referir, como consequência da primeira: prefiro outros ambientes, outras formas de trocar informações, outras oportunidades de aprender, porque felizmente tenho oportunidade de o fazer noutros contextos, com as mesmas pessoas que o faria num blog ou num fórum. Mesmo assim, tenho a clara noção que fico a perder, sim.
Efectivamente, determinados locais de encontro de (in)formação de índole tunante, estão revestidos dessa “grandiosidade” imposta por grande parte daqueles que lá vão, lêem, criticam cá fora, falam cá fora, criticam o trabalho dos outros (ou procurando insinuar a falta dele) e chega-se à hora H e... nada. Posso dizer-te que já tive pessoas que, no último mês, me vieram fazer queixinhas da situação A, do festival B, das condições C, da ausência disto ou daquilo no famoso portal PTunas, tendo inclusivamente acrescentado “ah… mas eu estou a dizer-te isto que é para tu ou alguém ir lá escrever, que eu não ponho lá os pés. Aquilo? É um antro de pseudo-sabedores, com a mania que sabem tudo, ditadores, que censuram as respostas de quem não tem a mesma opinião, onde se lava a roupa suja e os mesmos têm sempre razão”. Perante isto, nenhum argumento que possa usar é válido. Aquilo é assim desde o ponto de partida, não há lugar a mudança de opinião, nem sequer à audição de um único argumento que seja. É esta a imagem que se passa aos mais novos, neste caso em particular: o PTunas é uma espécie de PIDE, da pior espécie (claro!!), composta por ditadores com a mania que sabem tudo.
Marta disse…
Fico triste, sinceramente, por aqueles que não têm oportunidade de conhecer os tais “monstros ditadores” e perceber que são pessoas normalíssimas, que bebem uns copos com toda a gente, que não se sentam num pedestal nem são mal-educados com quem os rodeia. Mais: fico triste por perceber que perdem experiências que poderiam ser fundamentais no seu crescimento enquanto pessoas (e já nem falo de tunas… falo mesmo de crescimento pessoal).
Infelizmente, essa imagem começa a passar também para os blogs da especialidade e para os ENT. Na verdade, acabamos por ser sempre os mesmos, com uma ou outra cara nova que dá oportunidade a si mesma para desmistificar os Velhos do Restelo e que acaba por se juntar (e até transformar, aos olhos dos demais) a eles. O trabalho de desmistificação cabe a todos: aos mais velhos, aos que andam a minar o sistema, e aos mais novos. A todos, sem excepção.
Eu, como “outsider”, cá continuo na minha teimosia. A minha sede de aprender, de fazer amigos e de partilhar o pouco que sei continua a fazer-me movimentar por estes lados. E, enquanto me sentir confortável com isso, por cá continuarei.
Abreijos!
Cara Marta, focas dois ou três pontos realmente pertinentes. Vou tentar ser sucinto e sobre os mesmos:

Não há opiniões mal vindas, excepto aquelas que visam apenas lesar alguém ou algo de forma gratuita. Aliás, desmistificar isto mesmo é importante neste contexto precisamente pelas razões que apontei. As opiniões de outsiders são bem vindas e válidas sempre desde que entendam apenas e só uma coisa, que sempre disse e que traduzo com um exemplo: Posso dizer que não gosto do Fois Grais mas sempre ressalvando que não o sei confeccionar porque não sou cozinheiro. Ou seja, há claramente dois campos distintos, o da apreciação pura e simples e aquela que só quem está pode analisar. E como já falamos N vezes, às vezes o que parece não é, certo? Precisamente por isso é que o adepto de futebol não percebe as opções do Vilas Boas quando mete o Guarin em vez do Bellushi. Eu, como adepto, não faço ideia sequer do porquê mas acho que o Guarin faz melhor o lugar. Entendes a diferença de perspectiva? Quando elas se misturam é que aí, e como sempre disse, parece-me errado. Agora, eu achar errado tal confusão não significa de todo que quem queira mandar a sua "posta" a deixe por isso de mandar, era o que mais faltava! Aliás, se a mandar aprenderá mais com isso do que...se não a mandar. Vai da forma e do conteúdo. Não da liberdade em o fazer.

Outro ponto: gente que sempre procurou minar - é a palavra correcta, minar - a livre expressão dos outros sempre houve. Deixo uma constatação: quanto mais tentam mais eu faço o oposto. Simples. Quem o faz? Quem tem dôr de coto, porque sabe que vai levar um baile, porque sabe que o que o move não é a troca de opiniões e o livre pensamento toutu court, são outras razões. Como já sabem ao que vão, nem sequer tentam. No sitio certo, é bom de ver. O que tu relatas já o sei faz anos. Há "silêncios" impostos até a muitos, eu sei quem são e sei as razões. Porque é mais fácil - sempre foi - moverem-se na obscuridade do que na luz dos dias da livre expressão. Há gente que sabe não saber lidar com o contraditório porque sabe que, se o fizer, a máscara deles cairá facilmente. Outros não arriscam o contraditório porque o mesmo acarreta serem colocados legitimamente, porventura, em causa e á luz de uma certa "cartilha" dogmática e histórica, há uns poucos que se acham intocáveis e "incomentáveis" a pontos que nem tu mesma imaginas. Pelo sim pelo não, não falam. Não falar, não escrever, não aparecer aqui, ali e acolá é um direito inalienável; desde que esse direito não colida com o mesmíssimo direito em querer falar, escrever, contraditar. Antes não havia nada destas modernices da net - e que jeito deu a alguns! - mas hoje há. O que não há é sapiência para lidar com tais coisas modernas (excepto quando dá jeito, claro).

A questão essencial aqui, de fundo, não é nem nunca será não se escrever, cada um fará o que bem entender e tudo bem; a questão fulcral é um certo mainstream marginal que querendo virar o bico ao prego pretende fazer dos que escrevem, que pensam, que dizem, que dão o corpor às balas como sendo a raíz de todos os males. E isso é que é preciso desmontar cabalmente.

Não há "monstros" nem ditadores coisa nenhuma: essa retórica é usada precisamente por aqueles que gostam do silêncio subrepticio e da escuridão. Há gente igual a todos os outros que apenas -e cada um com o seu feitio naturalmente - algum do seu tempo a falar do que gostam, a pensar naquilo que gostam. Simples. Quem complica o que é fácil tem sempre alguma intenção por detrás. No caso do "silêncio" em questão, é um silêncio dos culpados e não dos inocentes. Quem não gosta de escrever não gosta e obviamente nada a opôr; há quem somente prefira ler. Como naturalmente há quem prefira escrever. Nada de mais natural. Contra-natura é quem não escreve, não quer deixar escrever e tem raiva a quem escreve.....

Jokas!
Outro ponto que me escapou e que referes no teu texto e quanto ao PTunas (um exemplo, apenas):

Nunca foi censurada participação alguma que tenha na forma cumprido com os quesitos para a participação. A questão aqui é que muitas vezes quem lá vai "agitar" as águas fá-lo colidindo, agredindo e até propositadamente quebrando com as regras de participação. E isto porquê? Porque sabendo não saberem lidar naturalmente com o contraditório regrado e não tendo essa cultura, vai daí, entram a matar quanto à forma. Obviamente são apagados. Tudo o que na forma quebrar as regras instituidas é para apagar pura e simplesmente. No conteúdo, seja ele qual seja nunca foi nada nem ninguém censurado, basta lá ir e ver isso presencialmente até. Agora, usar do fantasma da "censura" para assim poder ir para lá insultar, ofender e por aí fora, não pega. Não resulta. Ali não são todos obrigados a ler da mesma cartilha, antes e sim são todos obrigados a ler as mesmas regras de utilização, coisas distintas. Essa treta da suposta "censura" faz-me lembrar aquele artista que em tribunal alegou ter morto a velhota na valeta porque não queria pisar o traço contínuo; é um truque que não funciona com gente sensata, regrada e séria.

Agita-se sempre a bandeira da "censura" quando se percebe que não há mais nada a fazer excepto seguir as regras e participar de acordo com elas. Como muitos não querem nem gostam de seguir regras dos outros, vaí daí "mamã, papá, ele não me deixa brincar". Nada de mais clássico, mais clássico ainda que o "Garganta Funda"....

Bjokas!
Marta disse…
Permite-me usar este teu espaço para reflectir acerca do que dizes: para ti, não há opiniões mal vindas. Eu sei-o bem, por isso é que escrevi o que escrevi e onde escrevi. Infelizmente, sabes também muitíssimo bem que nem toda a gente partilha a tua opinião.
Nunca tive a pretensão, nem sequer lá perto, de opinar sobre o convento: afinal, só sabe dele quem lá vai dentro. Nem sempre o que parece é, referes bem, e fui muitas vezes mal interpretada. Pacífico, quando se esclarecem as coisas e o objectivo é comum. No entanto, muitas vezes, fui confrontada com a questão que, não sendo cozinheira, não posso apreciar os cozinhados A, B ou C, dando a minha opinião (crítica, e sempre de forma construtiva) acerca dos mesmos. Sucintamente, é isto. E cansei-me, sinceramente. Ninguém era (ou é) sequer obrigado a ouvi-la, quanto mais a concordar. Mas incomoda(va) muita gente, vá-se lá saber porquê! Tenho a plena noção do outside que me reveste de uma ponta à outra, mas também estou à margem do espectador que se senta e vai ver o “concerto”. Estou no meio, se é que assim posso dizer, mas com a minha posição perfeitamente delineada e enquadrada, qual número 10 num qualquer 4-4-2 ou 4-2-3-1. Eu estou confortável com isso. Algumas pessoas é que não.
Quanto ao resto: há silêncios impostos de cima para baixo (ou de lado para lado, é-me indiferente), mas também há silêncios auto-impostos. E se para os primeiros me estou a borrifar (não gosto, nem nunca gostei, do sistema carneirinho em que um avança e os outros vão atrás, tipo acéfalos em que pensar dá trabalho e argumentar é ficção), custa-me aceitar as motivações dos segundos. Estes, que se auto-silenciam, fazem-no por achar que não vale a pena, por considerarem que isto é um círculo fechado e impenetrável, com os tais Velhos do Restelo, onde não se tem direito a opinião, apesar de a terem, legitimamente. E não falo sequer de outsiders!
É preciso desmistificar um pouco a questão do uso destes meios de informação e comunicação. E volto ao mesmo ponto onde terminei o anterior: isso é trabalho de todos. Gente do contra, do “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”, haverá sempre… e isso, em perfeita sintonia com o que dizes, é contra-natura e só revela algum mau-estar face ao que existe e ao que se faz.
Beijinhos!
Marta disse…
Em relação à tua adenda do PTunas (e porque só a li agora), 100% de acordo: as regras e termos de utilização estão lá e são para serem cumpridos, tacitamente aceites por quem faz o resgisto e decide participar.
Quem não gostar das regras deste jogo, pode sempre inventar um novo com novas regras: há espaço para todos! ;)
Precisamente. De tão facil percepção só não entende quem, das duas uma, é básico ou então se está nas tintas para as regras e as quer violar constantemente. É o sitio errado para estes ultimos, definitivamente. Mais vale criar outro mais, digamos, permissivo.
josé disse…
Escrever

Um interessante post, este que fala de abstinência. Se por um lado posso conceder sobre o apetite da escrita, tal qual vós, não admito que se cerceie a capacidade criativa, o gosto, a valência.
Principalmente quando o argumento é capcioso, assente em processos de intenção.

Pegando como exemplo nas opiniões que depreciam o fenómeno de Tunas e respectivo paradigma.

A rejeição do fenómeno é um direito do intelecto. Um mero ordenamento dos valores estéticos é tão normal como a sede. Há que ser registado, elencado mas acima de tudo respeitado.
A disparidade das sensibilidades é sempre mais apaixonante e enriquecedora que os consensos cristalizados. No entanto isto tudo só fará sentido se opinado com a regra base da boa convivência, o direito à diferença exercido com educação e rigor intelectual.

À desonestidade intelectual prefiro a humildade de espírito. Definitivamente.

Isto aplica-se a todos aqueles que julgam transportar o estandarte da arte de bem tunar.

Neste pressuposto concluo afirmando que prefiro uma opinião negativa sobre a afirmação do nosso modus vivendi, que o alheamento participativo de quem não faz a mínima como é que aqui chegou, quem é e para onde vai.
E mais grave. Está-se nas tintas para isso e para quem tenta saber.

Infecções provocadas por agentes externos, se bem diagnosticadas e tratadas, curam-se...
Por outro lado,ainda estou para descobrir um cancro que não tenha a sua origem no próprio organismo...

Outsiders

Marta, referes amiúde a tua condição de outsider. Profundamente errado. Este nosso mundo está cravado de "grandes tunos" que um dia pegaram num pau, juntaram-lhe um panito da cozinha e subiram a palco como quem vai para um estádio abanar a bandeirola. Tem dó...Não gosto que te subestimes. As críticas que tu referes seres alvo só existem porque...escreves. E bem. Para ti, como para muitos outros, este movimento é paixão e tu, adora-lo. Fosses tu a companheira (só) para os copos e serias a maior...
Dizeres que te situas entre isto e aquilo...Não, mulher. És gregária e discutes. Como nós. Não tivesse eu quase as bodas de diamante como tuno... Porque será que um qualquer tuno num qualquer lugar te pergunta sequioso: "o que é que achaste da prestação da minha Tuna?". Invariavelmente.

Abraço

O Aventureiro de Coimbra

p.s. 1 - Tenho conhecimento que o XXI FESTUNA será nos dias 24 e 25 de Setembro, contrariando o editorial do PT onde se refere que a rentrée acontecerá em Outubro.
josé disse…
Errata

Confundi diamante com prata...adorava comemorar tal desidrato. Mas não vai dar...

O Aventureiro de Coimbra
Marta disse…
José,
Agradeço as tuas palavras. Ainda assim, permite-me uma ligeira correcção: não se trata de referir esta ou aquela condição ou de me subestimar. Nada disso. É a constatação pura de um facto e, como tal, nada tenho contra ela. Se gosto deste “movimento”? Adoro. Se gosto de ir aqui, ali e além ver tunas? Adoro. Mas sigo este movimento por fora. E isso, para mim, é pacífico: reconheço o meu lugar e sei perfeitamente os limites dele. No entanto, por falta de argumentos ou não, as críticas de terceiros face àquilo que escrevo vão sempre bater a esse ponto, e é por isso que tanto gosto de o ressalvar, acrescentando sempre que não é por isso que deixo de ter direito a opinião. Contudo, o facto de muitas vezes me terem alertado para “cuidado com o que escreves” e “atenção, vê lá de quem (pessoa/tuna) estás a falar” (para mim, não há intocáveis ou incomentáveis neste mundo, temos pena!) e até mesmo de ter sido considerada, por várias vezes, a porta-voz de determinada tuna (ou “alter-ego”, como carinhosamente guardo na memória) leva-me a que, muitas vezes, deixe de escrever ou falar sobre o assunto. Porque, acima de tudo, não quero guerras e problemas associados a terceiros com quem não tenho nenhuma relação institucional, ou o que seja, apenas porque as palavras que eu escrevi/proferi foram associados pela pessoa x à tuna z. Nada mais simples.
Quanto à opinião que me pedem, dou-a sempre com o maior gosto. Porque é que o fazem? Não sei. Cada um terá o seu motivo. Já tive gente que quis saber a minha opinião só porque sim, outros para ajudar a melhorar um ou outro ponto, outros para terem uma perspectiva sobre a actuação e outros ainda para mero polimento do ego. Cada um saberá para quê. Da minha parte, e nesse aspecto, estou sempre ao dispor!
Beijinhos!
Eduardo disse…
Caríssimo:

não lhes dou razão, mas percebo-os.

Se o fórum do PTunas se quer revitalizar - e duvido de que neste momento tal venha a ser possível - terá de haver uma mudança de atitude de certos protagonistas. Quiçá um pacto de silêncio.

Um dos últimos tópicos mais concorridos acabou com invasões de privacidade e pedidos de satisfações pessoais... de má memória.

Ao pedir a certos interventores que se contenham, pode ser que comecem a circular livremente muitos mitos naquele portal. Isto não é necessariamente mau. Se combatidos com serenidade, pode fazer-se muita pedagogia, sem cair na tentação de "ganhar a discussão" pelo cansaço ou por puxar de galões... que se não possui.
Eduardo disse…
Relativamente àqueles que proíbem outros de escrever:

há quem não suporte a ideia de não ser cegamente seguido e obedecido e, por isso, conviva mal com o contraditório. Quando os caloiros podem começar a fazer perguntas incómodas e a fazer abanar os pés de barro, os bezerros de ouro não têm outra solução senão a única que lhes é tolerável: enfiar uma burqa sobre a venda que impuseram aos caloiros (e não só...) e fechá-los na Guntánamo do seu contentamento.

Isto é triste. Sem mais comentários.

Quanto aos "outsiders", como a Marta, a quem já dirigi palavras pouco simpáticas e a quem até já "atirei à cara" a circunstância de não pertencer ao meio - ou melhor, de desconhecer a realidade "FITU" e as idiossincrasias da academia do Porto:

acredites ou não, a vossa opinião é inestimável, até porque traduz essa visão "exterior" que nós (por termos um olhar "viciado") já não conseguimos ter.

Aquele abraço!
Caro Eduardo:

Porquê um "pacto de silêncio"? Porquê deixar de livremente exprimir o que acho, o que tu achas, apenas porque - pasme-se - o que escrevemos supostamente "abafa" ou seca qual eucalipto tudo o que está à volta? Mas...o que está á volta, então? O que é que supostamente "secamos"? Ideias? Ou parlapié de meninos mal formados que se escondem no anonimato para tecer acusações torpes a outros que cumprem com as regras? Por muito esforço que faça não consigo perceber esse "silêncio consentido" que sugeres, que pode soar, antes sim, a presunção se mal interpretada (" os gajos agora não falam porque acham que são mais do que nós e para quem é, bacalhau basta...").

Liberdade não é libertinagem. Liberdade é responsabilidade. Libertinagem é a balda, o caos, a confusão. Ceder na liberdade responsavel e responsabilizante -e no caso - apenas conduzirá à balda, ao caos, à confusão. Á má imagem do fenómeno, enfim. Eu, pessoalmente, não cedo na liberdade em escrever o que bem entender, seja porque razão seja. Quem se quiser "abafar" tem o meu respito e compreensão. Mas não o meu apoio. É de berço, mesmo, nada a fazer.

Não posso pactuar com silêncios cirurgicos quando eu mesmo os critico.

Abraços!
Eduardo disse…
Caríssimo e ilustre amigo:

não se trata de silêncio cirúrgico, mas de resistir ao impulso de escrever como se não houvesse amanhã, o que é diferente.

Evidentemente não me refiro ao que aconteceu no caso "Telha Dourada". Aí está em causa a dignidade - só se perderam as que caíram no chão!

Refiro-me a intervenções de pessoas que estando honestamente a dizer burrices levam com 10 posts em cima de 32 parágrafos cada um. Às vezes, é deixar correr o marfim e intervir - aí sim, cirurgicamente e comedidamente - quando a discussão estiver mais adiantada.

Contra mim falo, pois às vezes também sou desses que mata uma discussão ao terceiro post.

Ora isto inibe a participação dos mais novos e puros e impede que outros também comecem a fazer as despesas da pedagogia e a ganhar confiança em fazê-lo.

Às vezes nem dá para ver qual é a tendência de uma discussão. Dou-te como exemplo o tópico sobre a visão que as pessoas tinham do PTunas. Digo que teria sido preferível deixar que mais pessoas tivessem escrito antes de começar com longuíssimas explicações sobre o funcionamento do portal.

Não digo que não fossem correctas e necessárias, mas foram dadas cedo de mais, entendes?

"Pacto de silêncio" pode ser uma expressão forte de mais. "Pacto de comedimento", talvez seja preferível.

Aquele Abraço!