A Aventura da Beneficência...

Ao contrário do que se possa julgar, o carácter e natureza de beneficência da tuna de modo lato é antigo, reportando-se praticamente ao primórdios e que transita, de alguma forma, da prática e vivência do "correr a Tuna" anteriores, portanto, à institucionalização da tuna. Esse carácter benéfico em prol de terceiros, da sociedade, com mais ou menos vocação particular e concreta, remonta a tempos bem mais anteriores ao que se possa julgar, um pouco na senda, por um lado, da própria natureza do Tuno e, por outra, na clara procura de projecção social da Tuna no seio onde se insere.

Inúmeros são os relatos devidamente documentados desse mesmo carácter benéfico e altruísta, anteriores até ao Século XX, oriundos dos mais variados pontos cardeais do mundo, ora para auxiliar vitimas de cheias, ora para auxiliar tropas em conflitos (Guerra Hispano-Americana) e assim sucessivamente. É um património que é transversal no mapa mundi tuneril e que, de certa forma, traça desde logo a natureza da Tuna Estudantil enquanto tal.

Curiosamente, esse carácter benéfico tende hoje a ser residual ou mesmo inexistente por parte das actuais tunas, confinadas que estão à sua própria sobrevivência, por um lado, e a uma cada vez menos disponibilidade temporal em promoverem outros eventos que não os costumeiros certames; nestes últimos, raros são os exemplos de associação dos mesmos a beneficência, o que resulta por um lado, estranho mas por outro, compreensível (não está devidamente incutida essa vertente por falta até de visão histórica periférica que suporte tal vontade ou até mesmo falta desta última tout court).

Nos dias de hoje - mormente acreditar estarmos em crise desde o final do Século XIV... - a função da tuna a nivel social revela-se extremamente pertinente, quer pelo ponto de vista histórico, quer pelo mais prático e eficaz; a Tuna estudantil tem aqui uma excelente forma - e sem oportunismo algum, está-lhe nos genes - de se catapultar socialmente, projectando-se e projectando a sociedade, meio onde se insere, de uma forma inteligente e suportada pela sua própria história, com vista quer ao melhoramento da sua própria imagem exterior mas essencialmente como forma de cumprir o seu desiderato genético e, assim, auxiliar o meio que as acolhe, menorizando carências de toda a ordem. Claro, com sentido solidário e não meramente caritativo. Interagir de facto nesse auxilio que a Tuna deve prestar é, também, engrandecer de nobreza a própria Tuna e reforçar o carácter dos seus componentes. Ou seja, todos ganham.







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