A Aventura do "Frete"....

Uma das coisas que mais me intrigam, em pleno ambiente ENT (passo a redundância que o sufixo provoca...) é o monumental esforço que alguns e algumas praticam, quase um desporto, quiçá olímpico, intitulado de Frete.

O FRETE - Fabulosa Resistência Entediante Tipica do Ent - é uma curiosa modalidade, só ao alcance e alguns heróis e heroínas, que se prontificam a ficar sentados num auditório horas a fio, a ouvir somente, em estado dormente e quase pré-coma, sem reter absolutamente nada por manifesta falta de vontade em estar no sitio onde estão, como se a tal fossem minimamente obrigados. Os campeões desta modalidade de alto gabarito são, de entre os últimos, aqueles que fazem quilómetros e quilómetros para irem ao local onde decorre o ENT e se prestam a tal prova de esforço, superior a um sequência ininterrupta de 24 horas consecutivas de Juntas Médicas. Ao se prontificarem ao Frete, pensarão os mesmos o quê? Ora vamos lá tentar perceber as razões....

Será que julgam ser obrigatório estar presente somente porque...estão lá? Será que pensarão que, ao estarem inscritos, vai daí, se faltarem levam...falta? Será que os praticantes do Frete têm uma linha de raciocínio igual ao do tuga comum quando entra num avião, que acha que, porque pagou um bilhete, tem direito a pantufas, almofadinhas, 40 Jack Daniel´s e  tudo isto nunca deixando escapar cada passagem do carrinho do catering para mais um cafezito? Haverá alguma síndrome dos praticantes do Frete que os impele a levar secas - segundo eles - a ponto de não se levantarem e se porem a andar para a tasca ao lado do auditório? Será que permanecem apenas por decoro ou deferência  ou será somente para depois dizerem que "estiveram lá", embora não estando de todo?

Bem sei que os praticantes do Frete são bastante heterogéneos, encontra-se de tudo como na farmácia. Bem sei também que a modalidade, por vezes, é dura e que convinha ao Comité Olímpico Internacional aliviar um pouco as regras do Frete, okapa. Mas com os Diabos, se o Frete é Frete, então só o pratica quem quer, certo? E se quer,será porque vê na prática do Frete alguma vantagem, correcto? Será que os praticantes do Frete, então, só o praticam para dizer que o praticam apenas - não o praticando - fazendo lembrar o tipo que estava na paragem de autocarro mas com o capacete da suposta mota debaixo do braço? Em suma, fazem Frete...porquê? Terão algum receio dos gajos do C.O.I. que proporcionam o Frete e suas regras?

Eu por via de regra não faço Frete, seja a quem e com quem seja, prefiro outras modalidades bem mais lúdicas e saudáveis. Até porque por vezes o que parece ser Frete não o será de todo, tudo questão de se saber retirar algo de positivo das coisas. Em todo o caso, entre um praticante de Frete e um gajo coerente, mil vezes este ultimo.




Comentários

OMEGA disse…
Já tiveste acesso à lista dos inscritos, foi?
Marta disse…
É um fenómeno que me intriga. E quando pareço ter arranjado explicação para ele, eis que me surgem mais dúvidas sobre as reais motivações de seres... amorfos.
Primeira questão: as pessoas que praticam o Frete, repetem-no no(s) ano(s) seguinte(s)? Ou experimentam a modalidade, arrependem-se e nunca mais lá metem os pés? É que se o fazem numa vez sem exemplo, então compreendo perfeitamente: contrariamente à maioria que falam sem saber dessa tal "seca" e "frete" sem nunca terem posto lá o pezinho, foram, viram, experimentaram, não gostaram e não voltaram. Pacífico e coerente. Porém, se as pessoas experimentaram, não gostaram mas ainda assim voltaram e repetem a experiência da mesmíssima maneira, então das três, uma: ou são masoquistas, ou acham que podem tirar algum proveito disso (sei lá... prestígio, quanto mais não seja, para se tornarem n'"o maior da minha rua", porque afinal "eu estive lá [mesmo não estando]e tu não" ou então estamos perante pessoas sem competências para fazer escolhas coerentes. Ou se calhar até é uma 4.ª opção que desconheço!
Pessoalmente, Frete é uma daquelas coisas que não faz parte das minhas opções. Entre isso e não ir, prefiro claramente a 2.ª.
Beijoka!
Não, não tive nem quero ter, não me cabe a mim sequer tal desiderato, até porque é-me realmente indiferente quem vai ou deixa de ir. Desde que quem vá "esteja lá", optimo!

Abraços!