A Aventura "Gelada"....

"Quem luta contra nós reforça os nossos nervos e aguça as nossas habilidades. O nosso antagonista é quem mais nos ajuda." - Edmund Burke [Reflections on the Revolution in France].



A Academia do Porto, em matéria tuneril universitária, possuí nada mais nada menos do que 77 Tunas, de acordo com o ultimo censos efectuado. O que a torna na cidade do Mundo com mais agrupamentos deste género. Madrid segue-se com cerca de 60. Há regiões autónomas em Espanha que não têm sequer, somando todas as suas tunas, metade das que o Porto têm. Há mais Tunas no Porto do que em todo o Porto Rico ou Países Baixos. E mais exemplos poderia dar da magnitude em causa. Números à parte, a questão prende-se essencialmente com toda a teia de relações e interesses em jogo, como em toda e qualquer cidade e/ou Academia (onde as há). Ou seja, quanto à matéria de facto, não haverá grandes diferenças entre o Porto e p.ex. Nigmegen ou Valladolid ou San Juan de Porto Rico, salvaguardando-se as devidas idiossincrasias. A grande diferença mora na amplitude que o contexto pode eventualmente tomar; Uma "cena" como esta numa cidade com 2 tunas é uma coisa, portanto; com 77 já será outra bem diferente; um "problema" deste tipo numa cidade com 5 tunas, supostamente no Porto seria um "problemão".

E digo seria porque, nessas 77 Tunas, temos de tudo: Tunas, Tunas Femininas, uma ou duas mistas. Nestas, temos aquelas que se importam e aquelas que não se importam. Nestas 77 temos tunas com ideário próprio e tunas com ideário imposto ou importado. Temos quem se preocupe com estas questões mas temos quem se esteja literalmente "nas tintas" para a mesma e porreiro, lá andam nas suas vidinhas. Temos, enfim, de tudo, fruto dessa mesma magnitude. Temos tunas de facto e tunas praticamente no "papel" ou na net. É um zoológico, básica e biologicamente falando. Logo, depreende-se o óbvio: o que serve a uma não serve a outra e assim sucessivamente. O que é importante para 35 pode ser absolutamente desinteressante para as restantes 42 e vice-versa. E nunca, como no caso do Porto, o vice-versa assumiu proporções épicas.

Ora, daqui se constatam várias conclusões:

1º) Tudo "isto" vale o que vale. Até porque a questão de fundo só se prende, em tamanho ecossistema, com um único momento: o FITA. Fora este, tudo o resto é treta; as tunas continuarão a fazer o que bem lhes aprouver, simples mais simples é impossível, venham decretos de onde vierem. Só o FITA é, nas e para as tunas do Porto, território onde quiçá esta "coisa" pode ter pernas para andar. Fora esse, estamos mais do que conversados.

2º) Melhor, assim sendo, em 77 trata-se apenas de uma questão que se resume a ...8, grosso modo. Se dessas 8 houver 4 a levar para trás logo logo - havendo muito mais a sobrar - se percebe que o FITA será sempre levado a palco seja como seja, mesmo que seja como é e neste contexto pós OPA do mesmo. Interessante seria perceber-se neste caso quem NÃO quer puto com o FITA. Isso sim, é que seria importante aferir. Porque as há - poucas mas há. E com as suas razões que a quanto a mim são do mais racional que pode haver, como a actual situação o comprova desde logo, aliás: diz-me com quem andas...

3º) Fora o FITA, concluí-se que tudo isto se trata, afinal, de uma questão de lana caprina, como soi dizer-se; tudo ficará como está, na prática, por mais ou menos parlapié que haja venha ele de onde venha. A identidade de cada tuna portuense há muito que ultrapassou determinados ditames, há muito.

4º) Portanto concluí-se o óbvio: esta "cena" só fará mossa se alguma cair no esquema. Simples. Basta andar com os olhinhos bem abertos. Mas cá está, só fará mossa quem andar na rodinha; aos outros, será para o lado que melhor dormem: Os outros são a esmagadora maioria que, desde um simples jantar, passando por festivais de renome fora de portas e terminando a idas ao estrangeiro, vêm no FITA e "nisto" tudo uma pertinência tão grande como terão os brindes do TIDE no peso do PIB português, ou seja, nenhuma. Ou seja, alguém anda a pregar para os peixinhos e faz tempo....

Assim, depreende-se:

- Que a esmagadora das Tunas do Porto, não desatentas certamente, também não perderão tempo com coisas que valem zero. Admito que alguns nem "disto" saibam, prova cabal da "importância" que "isto" tem, ou seja, nenhuma. Nihil Obstat. Enquanto "isto" decorre, todas ou quase ensaiam, toca, convivem, etc, como se nada se estivesse a passar. E são bem capazes, na sua maioria, de ter toda a razão.

- Que um universo tão vasto e por isso, tão heterogéneo dentro da homogeneidade natural, naturalmente não pode ter uma análise, por força disso mesmo, absolutamente reduzida a um mera conta de 2 + 2: Não, na Academia do Porto 2+ 2 pode perfeitamente dar 5 e quiçá, uma equação até. Só quem não é dela é que não percebe tal (naturalmente e sem qualquer intenção proteccionista ou segregacionista); Há coisas que de fora não são perceptíveis, como ocorre noutros contextos, naturalmente.

- Sem querer substituir a Maya ou Prof. Karamba, que nos próximos meses haverão muitas démarches e afins conexos de uns poucos que, à falta do essencial ou por comodismo ou por falta "deles" no sitio, que poderão, porventura, alinhar nesta "tanga" digna de anúncio de Voodoo nas paginas de publicidade de um qualquer vespertino; nada de novo, que não saibamos todos. Depois virá o Natal e as frequências e em Março cá teremos nova investida do curro no redondel costumeiro. E as outras 69 a rirem-se a bom rir, já que a tourada só assiste a 8 grosso modo; Quem não quer ser Lobo não lhe veste a pele...

Porem:

- Tudo "isto" carece de resposta. Proporcionada, à medida do cenário imposto. Certo estou - e disso tenho ecos reais - que irá ocorrer a mesma. Desengane-se que a coisa está "confinada" ao Porto, porque não está. Vai mais além. A seu tempo e lugar alguns irão perceber (se conseguirem...) tal desiderato.

- Mormente tal, não deixa de ser vista tal "coisa" da única forma possível e passível de ser vista; na boa. Lá continuarão quem de direito, na sua, a ir aqui, acolá e acoli, queiram ou não queiram, gostem ou não gostem. Aguardo ansiosamente por estradas barricadas com bidões de gasóleo agrícola a arder e gente nos aeroportos para me impedirem de tal. A mim e a mais uns - deixa lá ver, 77 vezes média de 20 por tuna, dá...ora bem....é fazer as contas.....portanto....


Termino como comecei, citando Edmund Burke. Com uma adenda: De cada vez que espirram eu até posso ligar de casa e dizer "santinho!". O oposto é que "vai no Batalha"....

Continuem, pois, Tunas do "meu" Porto, a fazer o que tão bem sabem fazer. Mas com juízo...!

Comentários

OMEGA disse…
Tens a certeza que a citação inicial não pertence ao Pintinho da Costa?......

JPS
Nops. Mas o Orelhas se soubesse ler até aprendia umas coisas com a frase....