A Aventura do Código de Avintes...

Um destes dias uma boa amiga minha enviou-me um convite no Facebook para aderir a um suposto grupo de tunas e sua música que por lá há - e muito bem, diga-se, de louvar sempre qualquer iniciativa deste género.

Lá entrei e eis que - entre inúmeras coisas boas, como vídeos de actuações and so on - me deparo com aquilo que se veio a revelar uma autêntica viagem a um outro país tuneril, já sobejamente conhecido aliás, mas ao qual não ia - confesso o desleixo - já há algum tempo, o país tuneril profundo, digamos assim. Para lá da minha habitual comiseração para com este verdadeiro cenário real, tristemente real, vai a minha - cada vez menos, confesso - pachorra para "aturar" este tipo de coisas, pois como saberão não sou apologista da tuna do garrafão, do arroto e do insulto e sempre entendi que, concepções e ignorâncias à parte, há lugar para todos desde que não se coloque em causa o essencial, a Tuna em sentido lato.

Eis quando me deparo com umas "sumidades" na matéria tuneril, das quais nunca ouvi nada nem coisa alguma de jeito sobre a tuna em sentido geral, a dizer disparates, a proferir desditas e pior que isso, a atacar uma obra no caso - um livro sobre a Tuna estudantil - que...não leram. Ou seja, o verdadeiro arroto tuneril seguido da mijinha invejosa costumeira, de forma a querer ofender alguém que não se conhece sequer, desrespeitando quem -e no limite mesmo não se concordando - merece pelo menos, respeito pelo trabalho desenvolvido. Não, não é nenhuma incitação à deferência pela deferência mas sim pelo menos respeito por quem de dedica e de forma publicamente assumida à causa de todos. Não há Primas-Donnas, certo; mas não é por isso que se é dona das primas e com isso se desata a disparar sobre elas apenas por não se concordar com as opiniões das mesmas.

Tudo isto para dizer que se de um lado, há quem leia o Código Da Vinci,  há sempre o lado B da moeda que lê - porque assim prefere - outra cartilha, que será o Código de Avintes; a versão mais fraca, mais acessível e menos trabalhosa da leitura séria, por assim dizer. No Código de Avintes, contraditório sério e fundamentado é tanga (dá trabalho saber, ler, perceber) ; responde-se sempre com um "mas eu faço como quero e digo o que me apetece e prontosssss, prontossss!", regra geral antecedido por umas frases-tipo do género "que tens a ver com isso, mete-te na tua Tuna!"!!!" ou então a mais celebérrima das calinadas tuneris no que toca ao plano escolástico e que revela a mais profunda arrogância por ignorância que pode existir que se resume na frase "esta é a minha concepção de tuna!!!".

É a Canonização da Ignorância elevada ao seu máximo esplendor mas com um plus extra: É intolerante para com quem mostra saber do que se fala, tranquilamente, sem drama como em tudo na vida. Como não sabe, não tolera quem saiba e tem raiva de quem sabe (por isso ataca um livro sem o ler), morde tudo e  todos que se mexem em torno desse mesmo conhecimento. Um clássico: "Não sei, o gajo sabe bué, vai daí, vou gozar com as calças dele (ou cabelo ou tenis ou whatever, desde que seja pra mandar abaixo, siggaaaaaa!!).". Nem sequer se trata de questão de forma; é mesmo de conteúdo.

Ainda me dei ao trabalho de forma simpática, elevada e educada, de lembrar algumas noções caras ao estudante universitário, apelando acima de tudo, ao bom senso. Não resultou. Vencido com tanta sabedoria e resumido à minha insignificância e ignorância, fui ao canto superior direito da pagina do dito grupo e cliquei numa estrelinha que tinha 3 opções. Cliquei na ultima. Não sou merecedor, definitivamente, de tanta sapiência junta sobre tunas, confesso a minha pequenez....... Fechei o Código de Avintes, pois não consigo passar do 2º parágrafo do prefácio. Fui.

Comentários

Marta disse…
A intenção foi a melhor! :) No entanto, já esperava que algo deste género acontecesse, mais cedo ou mais tarde. É o trajecto normal, se é que lhe posso chamar assim. A diferença é que, nalguns locais, a linguagem e a abordagem têm regras; ali, cada um escreve o que lhe apetece, numa espécie de libertinagem (e não liberdade), criando-se o 8 e o 80.
Da minha parte, confesso-me demasiado cusca para clicar na 3.ª opção da estrelinha. Vou lendo na sombra! ;)
Beijinhos.
J.Pierre Silva disse…
É aquilo qyue bem sabmos: gente nova que nunca foi educada para respeitar, para apreciar, para pensar. Seguem o seu umbigo, incapazes d elidar com o contraditório e menos ainda de se questionarem sobre qualquer coisa que abane o seu comodismo.
Não sabe, mas epnsam saber. Opinam como se tivessem muitos anos de experiência e com a presunção de serem estudiosos e conhecedores do fenóemno.
Claro está que, quando confrontados comfactos, e sem terem com que contrapor, caem na fácil crítica, no gratuito desdém, na infantil birra de quem teima pro teimar e não quer dar a mão à palmatória.

Eis a razão de tanta iliteracia tunante, de tanto atropelo á tradição: ignorância misturada com presunção e falta de bom-senso.

Como dizia o meu amigo Jorge, "Ensaboar cabeça a burros é gastar tempo e sabão". Não irei tão longe, mas escudar-me-ia no ditado de que mais cego é mesmo aquele que não quer ver.