Tinha prometido a mim mesmo não
me pronunciar em concreto sobre tal evento. Pois, dizendo fosse o que fosse
sobre, estaria indirecta e directamente a promover o mesmo.
Contudo, porém, desde logo, os acontecimentos
precipitaram-se nos últimos dias e logo desde a Monumental Serenata. Aliás,
este encadeamento, ligação entre coisas que não fazem sentido entre elas, pelo
menos aparentemente – que tem uma serenata da Queima a ver com Tunas? – é precisamente
“O” problema, a pedra de toque que muda tudo, que explica o que se tem vindo a
passar, o que de facto está em causa.
Não vou descentrar a conversa,
mesmo que a tal seja quase obrigado por força do se que vive neste
momento, do que se te vindo a suceder, que culmina na Queima de 2012 com “isto”
que presenciamos. Classifico já, de chapa: Inevitável.
Mais que previsível. Uma fatalidade histórica, diria até.
Acompanho este evento pelo menos
desde o ano em que fui caloiro, ou seja, desde a sua quarta edição. Vi vários “FITAS”
ao longo destes 21 anos mas sempre com um denominador comum: Nunca foi das tunas. Do Porto.
O F.I.T.A. foi praticamente – e desde
o seus primórdios - um processo mal gerido, um evento politizado, com cadeiras
e sem cadeiras, com tunas estrangeiras e sem elas, no Coliseu ou no Seminário
de Vilar, com pré-audições e sem pré-audições, tem sido, reafirmo, um instrumento
ao sabor de interesse vários que se foram revezando ao longo de 25 anos, servindo
de espada ora de tunas em especifico, ora da FAP e mais recentemente empunhada
pelo auto denominado “magno”. Por essa razão nunca foi o F.I.T.A. um festival de
tunas na sua verdadeira acepção do termo, com tudo o que isso realmente
implica. O F.I.T.A. é – entre muitas outras coisas – uma grande festa de tunas
e com tunas, certo. Mas não só. E esse “não só” é um mar imenso que culmina, agora,
com esta 25º edição já previamente falhada, como aliás, toda esta Queima 2012.
Com particular cuidado tenho acompanhado
este evento e na qualidade de repórter desde 2003; muitos F.I.T.A. cobri,
assistindo a eles com outra visão, mais detalhada. Confesso que a dada altura
se tornou o evento mais fácil de reportar pela imensa repetição sucessiva de
tudo e mais alguma coisa, só mudando apenas o ano. Fossilizou-se um evento que
se queria dinâmico na sua génese. Logo, urgia – e alertei várias vezes para tal
– fazer-se um ponto de ordem à mesa, a seu tempo. Tarde demais. Várias vezes
sugeri um novo paradigma para o F.I.T.A., novos caminhos; certamente que não
fui o único a fazê-lo ao longo dos anos. Quando se deu conta, o “magno”
assaltou-o, tomou-o, ocupou-o, transformou-o numa Zona Militarizada mais
perigosa que a fronteira entre as duas Coreias; é a convenção masturbatória do “magno”
por excelência em plena Queima das Fitas.
O F.I.T.A. é, hoje, o tribunal de
praxe do “magno” para as tunas que alinham – ou por acção ou por omissão – no mesmo.
Dizer o oposto é uma falácia por erro de visão, perspectiva e ausência de análise
fria da matéria. Os acontecimentos dos últimos dias provam à saciedade tudo o
que atrás está derramado, dando razão a quem a seu tempo alertou para o rumo
dos acontecimentos (vide PortugalTunas e imensa literatura aí
derramada por vários ilustres Tunos do Nobre Burgo). Mais adianto, é o F.I.T.A.
palco privilegiado para a “medição das pilas” na guerra interna que assola o
auto denominado “magno” desde há uns tempos a esta parte, com reflexos
evidentes na composição dos elencos a cada ano e desde que as pré-audições são
efectuadas pelos mesmos - um must de
lógica e meritocracia, é bom de ver; pôr gente de que não sabe uma nota a escolher
tunas para um espectáculo, seja ele qual seja, é surrealismo puro; mais surreal
é a posição de quem a isso se sujeita.
Conclui-se: Por tudo o atrás
demonstrado, este ano é seguramente, o fim de um ciclo para este evento, até
pelas ausências e razões para as mesmas; Há quem não concorde e diga alto e bom
som. Finalmente. Há quem não alinhe. Há quem não se sujeite e queira ver o
F.I.T.A. entregue aos únicos player´s
geneticamente capazes de o levar a bom Porto: as Tunas da Academia. O F.I.T.A.
como o conhecemos está moribundo, ligado às máquinas, nos cuidados intensivos
que o “magno” delineou. Em breve entregará a alma ao Criador, estou certo. Assim
o desejo, até.
Deve-se, por isso, refundar o F.I.T.A. Como? Sugiro:
O F.I.T.A. deve ser entregue às
Tunas do Porto no que toca à sua organização, financiado pela F.A.P. - e articulando-se
entre todos os intervenientes a cada ano - porque inserido na Queima, de forma
rotativa ano após ano por todas as tunas que assim o pretendam e numa escala predefinida
(em 2013 a Tuna X, 2014 a Y e assim sucessivamente),
com regras especificas onde as 3 primeiras classificadas transitariam automaticamente
para a edição seguinte (meritocracia) e as restantes ficariam sujeitas aos convites
da tuna organizadora (mais 3 tunas) a cada ano, com um jurado composto pelos
Magister´s das Tunas participantes em cada edição (ou alguém superiormente por
este designado e representando cada Tuna), usando critérios avaliativos claros
e objectivos, supervisionados pela Tuna organizadora, que se apresentaria
sempre extra-concurso. Estaríamos perante um espectáculo com 6 tunas a concurso
e mais uma ou duas extra (conforme assim entendesse cada tuna organizadora a
cada ano).
Este modelo, que nem sequer é inédito,
potencia:
1º) A Génese do evento: Devolve-se o F.I.T.A a quem de direito, às Tunas
do Porto, afastando liminarmente qualquer tentativa de instrumentalização
externa do mesmo;
2º) A Meritocracia: Premeia-se quem melhor desempenho apresentou
transitando automaticamente para o ano seguinte as 3 primeiras classificadas;
3º) A Transparência: O Jurado composto por um elemento habilitado à função,
de cada tuna a concurso, torna a competição mais saudável, logo, mais justa;
4º) A Renovação: As 3 tunas restantes a cada ano mudariam sempre pois
quem organiza a cada ano pode convidar quem bem entende, directamente, como num
festival normal de tunas se passa; logo, renova-se ano após ano pelo menos
metade dos intervenientes;
5º) A Tradição: Para o publico alvo do F.I.T.A., com este modelo, nada
mudaria.
Finalmente, alerto:
Há movimentações para que algo
mude. E ou muda ou haverá alternativa a. Fica o aviso á
navegação. Há quem se esteja a movimentar nesse sentido, colocando cada vez
mais a ênfase no imenso universo que, de uma forma ou de outra, não se reflecte
no actual estado de coisas a que chegamos. E lembro que basta a boa vontade de
muitos e esforço dos mesmos.
Há essa hipótese, que
ultimamente, é colocada nos bastidores das redes sociais, até, quando não ao vivo
e a cores. Será, porventura, natural, se nada mudar já, que a ruptura seja
assumida positivamente. O passado recente tem mostrado que é possível, na Academia,
surgirem novidades de monta, pensadas como devem ser pensadas, sem receio de Adamastores que povoam apenas as cabecinhas
ocas dos mais incautos ou subservientes.
É bem provável que algo aconteça.
Tranquilamente.
Chegamos
a uma fase critica deste processo de anos, convém dizer-se que isto é apenas
resultado do sucedido durante os últimos tempos. E nesta fase, ou se é parte da
solução ou se é parte do problema. Ou seja, quem for ao F.I.T.A. este ano
vai-se assumir claramente para o futuro; como quem não vai o irá assumir também.
Post
Sciptum: O PortugalTunas foi
cauteloso. Sábio. Inteligente. Não imaginando o que viria a suceder, depois….
Comentários
Foi preciso o OUP, sentir na pele as garras afiadas da estupidez do magnum para marcar posição.
Aplaudimos, é certo, mas onde estava essa gente quando se tratou do pessoal da Portucalense?
Quando a academia e as tunas s eunirem em defesa do todo (e não apenas quando toca a cad aum individualmente), então também o FITA levará a volta que já devia ter levado há muito.
o OUP esteve no festival da Portucalense. Estiveram as duas tunas.
Se bem me recordo, a posição do OUP foi até mesmo elogiada pelo pai de um elemento da Tuna da Portucalense.
Abraço!