A Aventura da Temática.


Não me recordo de se abordar este tema mais em concreto, devo confessar - o que não significa que não se tenha feito antes tal. No "boom" e mesmo depois mais tarde ainda, um dos seus aspectos que caracterizou tal movimento - chamemos-lhe assim - foi, e na criação de temas ou versões, o uso de letras especificamente ligados à vida universitária, para lá dos clássicos temas a falar da cidade, do amor, das mulheres e afins genéricos.







Foi inclusivamente mais uma das bandeiras - erradamente, como amplamente sabido e provado historicamente - agitadas por aqueles que defendiam o falso primado do «cantar-em-português-é-que-é-de-tuna». Desde o "Tango à Cantina" passando pelo "Fado do Super Zé", entre muitos outros, os temas com letras exclusivamente dedicados à vida estudantil pura e simplesmente desapareceram do mapa de reportórios, dando lugar aos Boleros mais quentes e sul-americanos (que não amaricados...) ou a outros estilos musicais, na ânsia de se desbravar caminhos inéditos, num país onde - ao contrário de Espanha e da América do Sul e Central - não se repete um tema que seja se a Tuna ao lado o toca, regra geral (excepções haverá que sempre existiram, claro). Até neste apartado parece estarmos perante um contra-senso deveras engraçado: se por um lado se procura tocar algo que mais ninguém toca, o filão da temática da vida do estudante e do universitário para a produção de novos temas parece desaparecido em combate, quando tudo indicaria o oposto. Curioso.


As tendências programáticas a nível de escolha de reportório variam de tuna para tuna e dentro da mesma até, marcando estilos a dado tempo. Houve-os de um regresso aos temas clássicos - Vivaldi, Verdi, Mozart, Bach, etc - como os há agora de revisita p.ex. aos temas da nossa musica ligeira ou de intervenção, como antes houve aos clássicos da radiofonia dos anos 20 até 50, entre outras tendências. Certo, porem, é que salvo raras excepções pontuais a temática exclusivamente referente à vida do estudante perdeu-se, não estando em extinção os exemplares existentes são, contudo, muito poucos e face ao que havia, então, reflexo provável de uma distinta vivência do estudante de finais dos anos 80 para o estudante de hoje. Sinais dos tempos...

Comentários