Poderá parecer, por um lado, algo surreal ainda se comentar sobre esta matéria nos tempos que correm. Mas de facto ainda constitui motivo para causus bellium quanto ao discurso e sua génese, por muito que não se queira.
Resulta-me algo extraordinário, perante os meios à disposição - sites, blogues, um livro, etc - que são cabais quanto a tal, que ainda haja quem - e quero crer que inadvertidamente - propaga, de forma indirecta que seja, a falsa e errónea noção de que a tuna estudantil deriva da Praxe e a ela está subordinada. Nos dias de hoje, onde um dia corresponde - quanto à propagação informativa e formativa - a meio ano há 10 anos atrás, onde não havia tanto disponibilidade, real time, informação concreta plena de mitos desvendados, de falsas noções desmontadas, resulta-me estranho, dizia, que ainda haja quem coloque as duas realidades completamente distintas num melting pot que apenas pode levar, em ultima análise, a autênticos equívocos e consequentes disparates ditos ou publicados.
Não é suposto, em 2013, que agentes informativos, estejam em Portugal ou noutro ponto do mundo, propaguem a mitologia clássica do Erro-Mater, que será continuar a bater na tecla, como se nada fosse, de que a Praxe e a Tuna Estudantil são irmãs onde uma tem o ascendente sobre a outra, quando nem primas em 3º grau são, mesmo admitindo-se ser da mesma família ainda que remotamente. Não é admissível que se continue a dizer que uma coisa deriva da outra e que por tal, não há nada a fazer, quando até muito está estudado, publicado e feito a provar precisamente o contrário, não carecendo de muito mais do que mera curiosidade, atenção e uma capacidade - inata ao estudante universitário - em procurar a verdade nem que para isso rectifique posições tidas antes, o que só lhe fica bem dada a sua natureza.
A ditadura Facebookiana é implacável na propagação de tudo e mais alguma coisa, cabendo a cada um de nós a leitura sob filtragem, ou seja, sabendo-se que se trata de areias movediças tal facto carece de prevenção na recolha da informação que nos caí, a cada segundo, nos smartphones e tablet´s. Manda a boa regra escolástica que o apuramento dos factos reais não se compadece com reproduções ad eternum de uma mera opinião, nem que a mesma seja emanada pela via da força praxista de Duxe´s e afins, num exercício tão ditatorial como ignorante. Sabemos que a estes não convém a verdade e quanto à Tuna Estudantil em Portugal. Ora, sabendo-se de tal, mais cuidados na filtragem informativa devemos ter.
Mais grave se torna quando - e aqui acredito de forma inadvertida - são Tunos, os próprios Tunos, a emanar inverdades, a difundir mitologia sem qualquer sustentação de facto, a reproduzir o «diz-que-disse», a querer impingir o já mais que tratado cancro maligno que será «o-meu-conceito-de-tuna». Se quem é de fora continua parado no tempo e reproduz disparates para proveito próprio, quem é do meio tuneril tem a obrigação material de defender a tuna e, como tal, rectificar posturas, posições, atitudes. Não é aceitável que - mesmo que louvando o esforço - se continue a ler, a escutar nas ondas hertzianas e afins Tunos a propagar autênticos disparates e, com isso, a alimentar as mais inconfessáveis «histórias de treta» que são, em ultima análise, o prestar de um mau serviço à Tuna Estudantil enquanto cultura própria, enquanto expressão musical - que é o que a Tuna Estudantil é em primeiro lugar e antes de tudo.
Pode-se alegar na timeline a partilha de actores a seu tempo, fará entretanto 30 anos, cujas consequências estão à vista. Mas antes do boom já havia Tuna estudantis em Portugal. E antes de serem estudantis eram, como hoje são, tunas. Descomplique-se, pois, toda a questão: A Tuna é uma expressão musical como outra qualquer. Em Portugal nem sequer nasce esta expressão musical no seio da Universidade, nasce antes no seio Popular, só depois é que a Universidade importa esta expressão musical, nem sequer é um monopólio da Universidade, há-as em todos os quadrantes da vida social. Logo, não pode a Praxe reivindicar ascendente sobre algo que é mais antigo que ela mesma e pior, que nem sequer nasceu no mesmo habitat que ela. Genericamente e de acordo com a História, as Tunas em Portugal NÃO nasceram da Praxe nem têm raízes na cultura académica portuguesa tradicional, algo facilmente demonstrável.
Apela-se, pois, à rectificação de discurso de alguns online opinion maker´s, sugerindo que leiam p.ex.o Manifestvm Tvnae que se encontra online facilmente.
Não há, hoje, qualquer razão para se continuar a propagar asneiras, excepto por duas razões: Ignorância ou má fé.
Temos hoje, todos, Tunos, uma responsabilidade acrescida face ao passado mais ou menos recente: Já podemos dizer como são as coisas de facto, algo impossível antes. Basta moderar ímpetos, segurar egos e alguma dedicação à matéria de facto, com cautelas acrescidas no discurso. O tempo do «é-assim-porque-é-o-meu-conceito-de-tuna» está para os dias Tuneris de hoje como o astrolábio está para o GPS.
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