A Aventura da Exigência







Primeira "Aventura" de 2014. Após um ano atípico por aqui, vou tentar imprimir mais regularidade. Tentar.


Continua a existir uma espécie de sub-cultura da ignorância no nosso meio, mesmo apesar de em oposição de fase com as duas primeiras décadas da retoma do fenómeno tuneril estudantil em Portugal, onde nada se sabia - e tudo se julgava saber.

Um Portal, alguns programas de Rádio, vários blogues da especialidade, outros tantos ENT´s e um Livro depois, continua a haver quem apenas queira viver a "ilusão de um instante". Note-se que nada contra, tudo a favor, aliás. Mas se antes apenas se vivia, hoje já se pode perceber a contextualização em causa, sem prejuízo da natural vivência que se quer e corrobora.

E é aqui que começa a questão de hoje. Se os instrumentos estão disponíveis, se a informação corre livremente, sem grandes dificuldades e até com o FB em real time ,  quer-me parecer que o grau de exigência cultural sobre a tuna estudantil será hoje, elevado, ou pelo menos, maior. Mas não.

Não se trata só da espuma dos tempos, da tal ilusão de um instante. Há uma cultura anti-cultura tuneril. Há quem não queira que seja dita a verdade, por vários motivos que oscilam entre os mais comezinhos e mesquinhos, passando por invejas de comadres e terminando numa clara falta de capacidade de encaixe perante quem sabe e demonstra, natural e elevadamente, saber. Como se o Saber em sentido abstracto fosse monopólio de alguém.

Não é questão de não se saber nem querer saber; é questão de ser ter raiva a quem sabe.

Pode-se alegar alguma altivez -e tão fácil é misturar tal com sapiência recorrente.... - ou alguma falta de contenção. Até algum spam de sapiência, quiçá. E tudo bem. Mas no essencial nunca o saber foi tão mal tratado como é nos dias de hoje. Em Tunas então, nem se fala: Basta dar umas voltas pela net para se perceber que é preferível perder tempo com coisas pueris do que discutir, argumentar, pensar sobre a Tuna.

Ainda assim, algum progresso se nota na tonalidade geral do discurso genérico de uma imensa multidão. Antes era bem pior, asseguro. Mas conviria perceber que tal evolução se deve tanto ao Tempo como ao advento do estudo da Tuna estudantil - quando deveria ser mais por força deste ultimo factor, pelas razões apontadas a abrir estas "Aventura".

Outra consequência será a diminuição, por força do cenário actual, de interlocutores; a exigência do debate aumentou, logo diminuiu o número de player´s capazes de dialogar ao mesmo nível e tom. Pior, repetem-se em circuito fechado. Um bom grupo de Facebook sobre tunas mostra isso - os outros são mais do mesmo; murais de cartazes, medir de pilas e palco para descargas de azias. Mesmo repetindo actores e narrativas, prefiro mil vezes o que "obriga"  a pensar.

Parece que 2014 será neste campo uma espécie de continuidade da tendência mais recente: há evolução no pensar tuneril mas pouca, ainda muito pouca: a massa critica nas tunas portuguesas deve ser ainda mais estimulada. Continua-se a valorizar coisas que não lembram ao Diabo e continua-se a cavalgar mitos do passado, sejam histórias, sejam acontecimentos que hoje ocorrem e que de tuna estudantil nada têm. Muito "diz que disse" e pouca ou nenhuma lógica de facto.

Eu é que sou um apressado por natureza. Quero - desejo, entenda-se - mais massa critica. Sinto falta de um bom argumentativo. Gosto de gente que discorda de mim mas que sabe porque está a discordar - e não porque a minha Tuna isto e aquilo. Gosto de gente que pensa, não aturo gente que reproduz, não tenho paciência. Se quisesse um papagaio já o tinha. Se quisesse só ouvir-me ia para a frente de um espelho. Estou a pensar seriamente em rever o meu patuá sobre certas matérias tuneris mais dadas à analise futeboleira.

Pensemos nisso. E Bom 2014!





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