A Aventura do Divórcio entre a Tuna Estudantil e as Comissões Liquidatárias da Praxe







Há que o dizer, frontalmente. A Tuna, os Tunos, não podem ter, não têm nada a ver com essa gente.

Serei directo.


Os recentes acontecimentos relativos às mortes na Praia do Meco mostram novamente algo que, ciclicamente, é apontado como causa. Causa de ocorrências que - e sejamos CLAROS - são de duvidoso esclarecimento pois deixam - e sempre deixaram, volta-se a ser franco - uma cortina de fumo pejada de silêncios mais do que esclarecedores, a mando de mandantes da Praxe, que coloca num ápice todos aqueles que de negro se vestem, de Capa e Batina de vestem, num imenso saco de desconfiança, de mau olhar, de apontar de dedo, quando nós, Tunas e Tunos, nada temos, hoje, a ver com essa gente que, cavalgando a Praxe, se movimenta em campos que roçam ou mesmo passam a normalidade e em alguns casos, a ilegalidade até.

Basta de generalizações apenas porque envergamos uma mesma farpela académica. Já não é suportável que eu, os outros Tunos, sejam enfiados no mesmo saco das Comissões Liquitárias de Praxe e Conselho de Insolvência de Veteranos. Não tenho que ser misturado com essa gente apenas porque envergo Capa e Batina, traje Académico que em nada tem a ver com essas gentes que usurparam a verdadeira Praxe para criarem uma espécie de Second Life, onde tudo lhes é permitido e a tudo se permitem, desde fechar ruas às 3 da manhã até negócios obscuros que se geram e movimentam onde está uma horde de estudantes universitários disposta a viver, apenas, a sua passagem pela Universidade.

Nós, Tunos e Tunas, produzimos, não parasitamos. Produzimos Música, desde logo. Como nos confundirem com esses inúteis académicos?? Como? Porquê? Porque razão mais disparatada eu tenho de ser conotado com gente dessa estirpe que apenas suja a Praxe enquanto modo de estar estudantil? Porque tenho eu -e os Tunos em geral - de levar com comparações de quem uma noite foi para a praia e a coisa correu mal? Porque tenho eu, Tuno, nós, Tunas, de nos vermos misturados com casos de Policia para os quais nada contribuímos ou temos sequer algum tipo de remota conexão?

Sem papas na língua: É urgente que as Tunas se demarquem dessa gente que suja o nome da Universidade, da Praxe, do Traje Académico, gente que um dia assaltou tudo isso para seu proveito próprio, criando e fomentando um império de guerreiros Praxistas que, sob o medo e a coacção foi fomentando uma espécie de Cosa Nostra universitária que, em ultima análise, alimenta-se de si mesma, canibalizando-se se for preciso para se manter numa posição onde apenas os seus interesses valem. Criaram um mundo sob o mundo, uma sociedade subterrânea que se julga acima da Lei e dos comuns mortais, fomentando o carneirismo acéfalo que se reflecte, inclusive, em mortes.

Não, há que dizer que não. Não temos, Tunas, de estar no mesmo saco. Não temos de ser misturados  e confundidos com quem nada produz excepto coisas altamente duvidosas sob vários aspectos incluíndo o juridico-legal. Não, o Estudante Universitário não tem de ser desta gentalha, não tem de ser como eles para ser Estudante Universitário. Não, de todo. A Tuna estudantil é MUITO mais antiga que qualquer Comissão Liquidatária da Praxe ou Conselho de Insolvência de Veteranos. Nós subimos a palcos, eles vivem por baixo deles.

A Tuna Estudantil tem de ser apenas o que é. Mais nada. Não tem de se conectar com este submundo. Tem antes e sim que dele sair, evitá-lo, saltar fora desse comboio, evitar misturas. Em suma, tem de se divorciar daqueles que assaltaram a noção cultural de Praxe para criarem um grande negócio de proveito particular, pequenas máfias paroquiais que se vão acolhendo e baptizando umas às outras em pirâmide, qual negócio de venda de Fé tipo IURD, atapetados por um fanatismo que depois acaba como vimos no Meco. Por exemplo.

Ao longo das ultimas décadas as Tunas provaram saber viver sozinhas no seu caminho - os certames provam-no, p.ex. - sem depender dos senhores da Praxe para coisa alguma, provaram saber qual o seu caminho, provaram saber mostrar pela positiva o que o Estudante é, pode dar, fazer, produzir. O total oposto do que os senhores da Praxe nos têm mostrando no mesmo lapso de tempo. Nós, Tunas, temos dignificado o Estudante; eles, têm enterrado a imagem do Estudante.

Não. A Tuna, os Tunos, não são isso. Não são assim. Urge um definitivo divórcio litigioso com essa Praxe rafeira, da treta, da subjugação pela subjugação, da cadeia de interesses ignobil, do negócio da Queima, da Praia do Meco, do carneirismo acéfalo, do terror sob a bandeira da Praxe.

A Praxe, com P Grande, não é "isto" que vemos, hoje. A Tuna Estudantil nada tem a ver com "isto" que vemos actualmente. Somos Tunos, representamos uma cultural secular, não temos de ter nada a ver com "isto". Nós somos Cultura, eles são ignorância. Nós somos Musica, eles são berros. Nós somos Arte, eles são desastre. Nós somos Solidariedade, eles são negócio. Nós somos Fraternais, eles são ditatoriais. A Tuna espanhola sobreviveu sem existir UMA única Comissão ou Conselho ligado à tradição universitária; Mais, sobreviveu antes a uma instituição Fascista que a quis controlar dando-lhe pura e simplesmente a volta, mesmo que sob rigorosas regras.

Somos de outra sensibilidade, desde logo, e porque não dizer, de outra elevação. Logo, não podemos aceitar esta confusão onde tudo o que se veste de preto é da mesma laia. Não, não somos da mesma laia. Não temos de ser misturados nem permitir que a mistura continue. Tuna é uma coisa, Praxe é outra. E outra coisa será ainda a gente que assaltou e usurpou a Praxe. A Tuna tem de ser cada vez mais o que sempre foi - Estudantil - e deixar de ser o que esta gente misturou na sua Bimby como sendo seu, deles - Académica.


Comentários

Eduardo disse…
É isso mesmo, Caríssimo Aventuras!

Não fomos! Não somos!

Urge acordar as consciências!

Mais uma vez, obrigado pelo teu trabalho!

Eduardo
Sir Giga disse…
Há um problema que não abordaste. A famigerada "reportagem" da Felícia Cabrita acerca da morte do Diogo fez associar esse trágico acontecimento a um suposto ritual praxístico e fez que, aos olhos do público tunas equivalessem a organismos de "praxes".
Rui Pinto disse…
Não podemos generalizar as coisas dessa forma. Embora não simpatize com alguns órgãos ligados à praxe e até me reveja em parte no teu texto, existem por aí Tunas que desvirtuam por completo essa imagem tal como a colocas. Também eles exageram, também eles se julgam uma entidade superior da hierarquia humana, etc. A minha Tuna é "das boas", e ainda bem que o é, caso contrário não a iria frequentar e saberás tanto ou melhor que eu que parasitas existem em todo o lado. Na tuna ou fora dela.
Caro Parente, obrigado pela tua participação!

Sim, de facto, existem Tunas que disvirtuam por completo a génese: São as embebidas em Praxe por todos os lados.

Abraços!