A Aventura do Anacrónico Discurso Tunótrauliteiro




Declaração de Interesse: Escrevo em meu nome, como sempre aliás, neste espaço.




Quero dizer que nada pessoal me move, debate meramente no campo das ideias. Até neste mesmo blogue escrevi aqui em tempos - bastará procurar - uma peça tecendo elogios, que reitero nesta ocasião. Logo, estamos conversados quanto a tal.

Começo pelo inicio: Nada me obriga, seja pessoal ou institucionalmente, a qualquer deferência bacoca - que não tenho, fica já claro - assente num passadista e caduco discurso trauliteiro que se julgava arredado, note-se, quanto a um tempo algures nos anos 80. Estou-me completamente a borrifar para esse tipo de discurso - sempre estive, aliás, devo aqui e agora confessar - que apenas a minha cordialidade e educação resolveram - ao longo dos 23 anos e pico que tenho de actividade ininterrupta tuneril - declinar com elevada educação e confesso agora, com particular piada, campo para onde sempre levei a mitologia tuneril de carácter trauliteiro.

Sempre deu, confesso, para umas boas gargalhadas à custa dos seus emissores, julgando-se os mesmos Deuses de uma espécie de  Olimpo Tuneril de então, onde tudo era resolvido à base de berros e outras cenas conhecidas menos dignificantes que não cabem aqui recordar em concreto, por decoro - ainda que fosse útil contar-se tais "façanhas" às novas gerações. Não sou dessa geração que se guerreava intra e extra muros num pequeníssimo mundo resumido a menos de meia dezena de agrupamentos. Nunca lhes alimentei os egos. Estou-me, como sempre estive, nas tintas para essa postura primária e desprovida de razão, mesmo admitindo que com muito coração e emoção, certamente. São de um romantismo circunscrito no tempo e espaço, o mesmo que espalhou falsas noções sobre o que deveria ser uma tuna estudantil então, que tentou moldar à sua imagem e semelhança quem assim corroborava e hostilizando, por outro lado, quem assim não pensava, regra geral hostilidade essa que assentava numa soberba indecorosa e arrogante meramente opinativa e por isso, nada cientifica, rigorosa e de facto.

Não sou dessa geração - e ainda bem. Não fiz parte dessas circunscritas tricas e nicas que apenas se resumiam a uma procura de ascendente de uns sobre outros, numa espécie de imposição de um modelo de satelização soviético ao resto do país que falhou redondamente. Até, mais tarde, falhou intra muros, quando se viu o total oposto dentro de casa do que se pregava, então, para fora dela. O total falhanço e assumidela, falhanço de um pseudo modelo e depois a adopção de outro, o tal que criticavam com total desdém no discurso trauliteiro de então. Os factos - mais uma vez - provam-no. Só por isso o decoro deveria imperar.

Esse discurso morreu, faz tempo. A investigação cientifica foi claramente a certidão de óbito do mesmo. Para o discurso Tunótrauliteiro surgiram factos documentados, provados e dados à estampa. O que foi uma clara derrota e pedra final do mesmo. O ressurgimento de umas residuais vozes do além tuneril não são mais que uma sessão espirita digna do Professor Katanga: Valem o que valem.

Lamento, contudo, que ainda haja quem ache que por se berrar mais alto se tem razão. Não, não tem. O «Achismo» ainda não foi elevado à condição de ciência. Hoje, é no campo da investigação e da prova factual que tudo se joga. Pode-se achar o que se quiser, certamente. O que não se pode, por ridículo, é procurar palco que já não há e público que já não é o deles, no tal discurso trauliteiro que apenas serviu então para polir uns quantos egos desmesurados que acham ainda que a sua opinião vale mais que os factos.

Contra factos só há factos. Válidos. Que se aguardam, note-se, com propriedade e igual rigor, num debate - esse sim - elevado, conclusivo e cientifico, sempre desejável num processo sério e fundamentado de contraditório. O «Achismo» está para os factos documentados como os brindes da revista Lux estão para o PIB nacional. É outro patamar, é outra conversa. Dado que o «Achismo» apenas é o que é tem validade zero, que a mera deferência ao seu emissor não permite senão o esboçar de um sorriso e em alguns casos, alguma comiseração. O tempo do «Eu-acho-que-é-assim-e-ponto-final» já lá vai, finou-se, descansa em Paz, vale zero, é néscio, é anacrónico. E arrogante também.

O romanticismo que sustentava o discurso trauliteiro é absurdo, até, e por isso, diverte. Mas não passa disso mesmo, uma diversão de ocasião. "Achar" que as tunas estudantis têm 500 anos tem tanto de exercício democrático opinativo como de monumental calinada. Por essa mesma razão é que uns são o que são e outros idem aspas. Uns são «Achistas» e outros são factualistas. A verdade pode ser incómoda, concede-se. Mas é a verdade. Porque provada. Ainda assim, ao comum investigador e até curioso por factos (não por opiniões), a sua linha de raciocínio permite-lhe sempre abertura a novos factos que até contrariem os anteriores. É uma consequência óbvia do estudo sério sobre algo: Aguardar por mais novidades provadas e documentadas. É outro patamar, como disse antes. Onde não cabe recuo ao tempo do «Achismo», obviamente.

Finalmente: Reconheço valor e mérito a quem o tem, que não qualquer subserviência - que não tenho, era o que mais faltava. Mas até o Vasquinho da Anatomia que se dizia Doutor e foi desmascarado em pleno zoológico perante as tias, os ursos e os burros, mais tarde tornou-se Doutor com 20 valores - sabendo até o que era o Mastoideu - calando assim quem o gozava por fazer de conta que era o que não era.

Uns são o Doutor Vasco Leitão, outros continuam a ser o Vasquinho da Anatomia. E a culpa não é das tias, objectivamente.

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