A Aventura da Ressurreição





Significa literalmente "levantar; erguer". Não há nada mais confortante e estimulante que tal em projectos tuneris. De uma forma ou de outra, ter essa capacidade - que não é universal, note-se - é, contudo, fruto também do Destino. Quando há um tempo onde tudo se cruza cosmicamente, aquilo que ontem parecia impossivel hoje é uma realidade. A sensação é deveras reconfortante.

Pegar em algo absolutamente novo, frágil portanto, mas pleno de humildade, convicção e vontade, é sempre um desafio tão titânico quão estimulante. Habituado a outros planos, pegando depois em algo mais simples, a vontade dobra por força do estímulo que é ver a resiliência, a tenacidade de quem pouco ou nada tem e parte, sem medo, à procura do Futuro, de forma humilde, repito, mas respeitosa para com tudo e todos, reconhecendo virtudes alheias na procura do seu caminho, com vista ao melhorar cada vez mais do seu projecto.

Sem tiques de vedetismo saloio, olham para a falta de apoios - normal em tunas e sendo recentes ainda mais - com toda a tranquilidade, pegando nos instrumentos às 9 da manhã para angariar fundos num qualquer mercado municipal - o que deveria corar de vergonha alguns - e ainda por cima, divertindo-se e fazendo divertir os outros. A tipica ingenuidade dessa mocidade - despida de vicios e outras "graças sociais" bem conhecidas que envergonham esta Tradição - é transformada de forma generosa em algo a seu favor, nunca virando costas aos desafios, por maiores que sejam e à sua escala. Nunca ouvi a frase "é impossivel" ou "Não" dita de forma redonda e sem mais. Nunca. Questiono-me, portanto, se a humildade não será directamente proporcional à ambição, querer e respeito. E assim, sem arrogâncias, manias de grandeza ou topete algum conseguem ir onde querem, tranquila mas firmemente.

No mundo das Tunas há coisas que são absolutamente fantásticas. E outras uma ignominia, um opróbrio. Mas o Tempo - esse Sábio Tempo - acaba por colocar tudo e todos nos seus respectivos e merecidos lugares.

Para mim, tem sido uma Honra. Que, ainda por cima, me enriquece humana e tunerilmente. Depois do ponto final voluntário e unilateral numa longa carreira, hoje sento-me orgulhosamente no banco, com a mesma ilusão e prazer que senti quando entrei em campo pela primeira vez algures em 1991. Tal e qual. Há muito que não me sentia assim. Só por isso, bastaria. Como cantava o Morrisey, "There Is a Light That Never Goes Out".

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