A Aventura Pierríssima






Dizia François La Rochefoucauld que não se deve avaliar o mérito de um homem pelas suas grandes qualidades, mas pelo que delas faz.

É precisamente o que define Jean Pierre Silva. Controverso, polémico, algo quezilento, questionante. Mas também laborioso, estudioso, concreto, conhecedor, rigoroso. E acima de tudo, frontal, num tempo onde parece que a frontalidade asfixia e a hipocrisia se tornou Lex.

Sou obviamente suspeito. Ainda bem que levanto tal suspeição, pois trata-se de um Amigo (fica assim justificado, mesmo que sem qualquer necessidade ou obrigação minha, a presente escrita derramada, antes que alguma desgraçada e imberbe alminha venha com processos de intenção; não é preciso, já disse eu porque escrevo) . Contudo, tal condição de Amigo, que me coloca na primeira linha como Arguido, não diminiu a causa dele - e a minha, a Tuna estudantil - muito pelo oposto. Dizia o supracitado La Rochefoucauld também que e cito "A natureza cria o mérito, a fortuna põe-no em acção". Fortuna nossa. Poder contar com alguém abnegado, que se interessa e faz interessar outros, que procura saber e o passa, independentemente da forma, a todos aqueles que querem também saber mais. E sem tréguas, a vencer até pelo cansaço. Significa que Está cá, entre nós, com a mesma força e vigor de quando era Tuno, com o seu acordeão em riste, tal como quando o conheci ali pelos anos noventa, em Roquetas del Mar. É o mesmo, não mudou. No que é essencial, não, de todo.

As pessoas que nos marcam são aquelas que, um dia mais tarde, noutras "vidas" e "carnavais", vamos dizer a outros que "as conhecemos, até, um dia". Não são outras, senão estas, as pessoas que ficam, restam, permanecem, no meio de tanta gente pela qual passamos, ou o Destino quis que passassem por nós de forma indiferente ou indiferenciada. Já nem falo naquelas personagens que por nós passaram e que nunca deveriam ter passado, mesmo que sirvam esses indigentes - no único mérito que possuem - para nos mostrar precisamente quem devemos valorizar, acarinhar e preservar.

O Pierre é uma dessas pessoas. Que nos recorda todos os dias a beleza deste mundo que é a tuna Estudantil, mesmo que usando formas que a alguns, porventura desagradam; a outros já não. São estilos, apenas, não passa disso. Importante é o conteúdo. E aí, meus caros, goste-se ou não, estamos perante alguém a quem muito devemos, enquanto comunidade, pelo trabalho, constância, dedicação, esforço e empenho em prol de todos nós. Raro, muito raro.

E não, ele não me pediu que escrevesse nada. Não é preciso: Entre Amigos não é necessário nem é preciso haver pretexto algum.

Termino citando outro Jean, desta feita, de La Bruyère:

"Quase ninguém se apercebe, por si próprio, do mérito de outra pessoa."


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