A "Aventura" da TAULP



Faz hoje precisamente 25 anos. Instituíu-se esta data por motivo de actuação em Lisboa, na Universidade Lusíada, onde eternizamos a data com uma foto devidamente captada em Belém. Já antes, obviamente, se exercia o Negro Magistério, então, nas antigas instalações da Rua de Conde Villas Boas (onde fora a Universidade Livre, “mãe” da Universidade Lusíada) com retroactividade ao ano de 1989, quando se deram os primeiros passos no sentido da formação daquela que veio a instituir-se como Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto.






Foi o ano lectivo de 1990/1991 que viu o cimentar dos alicerces, com a entrada de vários alunos que viriam a compôr o elenco que se manteve mais ou menos estável nos 5, 6 anos subsequentes. Quiseram os Deuses Tuneris e o Destino que tal Ínclita Geração, subindo a pulso com elevada mestria, notável alegria e árdua tarefa levasse a TAULP a mares nunca antes navegados, conquistando meritóriamente um patamar de reconhecimento externo e interno absolutamente notáveis. Foram meia dezena de anos, poucos mais, onde tudo se tornou, em espiral, numa sequência de feitos únicos aos quais não se deu - mera impressão minha - a devida importância então, mais preocupados que estávamos em simplesmente Tunar, avançando vertiginosamente para feitos notáveis uns atrás dos outros sem tempo para os saborear condignamente- coisa que só o Tempo fez perceber, passada a espuma das várias vagas que nos iam caíndo à medida do calendário. Uma sensação de quase completa missão cumprida, falhando aqui e ali, talvez, um ou outro porto de abrigo a alcançar mas que em nada hipotecou ou beliscou o muito então conseguido. Todo um legado de responsabilidade histórica.


Mais que um suceder do anunciar desses feitos - amplamente conhecidos aliás - sobrou para as sebentas tuneris esse notável e único Tempo, onde a limitada capacidade musical de um punhado de estudantes amadores musicais se ia colmatando, a cada passo, graças ao profundo voluntarismo e esforço abnegado, colocados perante mais e maiores desafios, então, numa época onde não havia telemóveis, sequer, que fará outros recursos hoje amplamente aproveitados e por isso, usados.


Ser-se Tuna na "pré-História" não é necessáriamente a mesma coisa que sê-lo nestes tempos, há que convir. Não era melhor, nem pior, apenas diferente. Com tudo o que isso significa e acarreta. Então, era até demasiado simples, houvesse vontade, querer, esforço e militância activa pura e dura. Como houve. Vivia-se na Universidade, era lá que se estava e se Era. Não era um local onde se ia volta e meia: Isso era a casa, nos intervalos da Tuna, quando era. Toda uma envolvência que potenciou - somados a outros factores externos de então - uma noção quase fraternal do que era a Tuna, uma confraria em acção constante e intensa - não uma coisa ciclicamente ocasional em segundo ou terceiro plano.


Quando se gravou, então, a primeira obra fonográfica em 1993 - uma cassete, pois então gravar um CD, para lá de ser uma novidade, era um luxo - faltava um tema para compôr o alinhamento dos 10 temas, ou seja, havia 9. Logo se arranjou a tempo um décimo tema e sem grandes delongas artísticas - salvaguardando o que se sabia poder salvaguardar - ou de brainstorming: Era preciso fazer, fazia-se, ponto. Não carecia de A.G. de Tunos.


Depois as coisas seguiram o seu rumo, próprio de uma instituição que hoje comemora um quarto de século. E eís-nos chegados ao dia de hoje. Por acaso até é o dia Mundial da Poesia. O que nos leva a acreditar, aos então Tunos, que não terá sido tal coincidência um acaso. Foi poesia em estado puro o que foi feito, com cada um a mandar a sua laracha da mais etílica veia poética mas sempre focados no essencial, a Obra. E o Legado que se deixou, que a guindou nas gerações futuras. Porque amar algo é ser-se também exigente com.


Poderia fazer um aqui um - felizmente - extenso rol de feitos, sucessos, vitórias, insucessos, falhas. Não o irei fazer por fácil em demasia e, ao mesmo tempo, fastidioso. Nem sequer importam os mesmos se vistos isoladamente do seu todo. O que importa realçar num dia como o de hoje é a Obra feita e legada aos vindouros. É essa Poesia que hoje celebramos, na certeza de que nada ficou, então, por fazer, antes se deixou ferramentas para que os vindouros as continuassem a fazer, num ciclo interminável onde se vai acrescentando, com mais ou menos ênfase, algo mais à História. Com vista, sempre, ao Futuro. Memória é algo que se preza quando dela retiramos Saber. Julgo ter-se alcançado esse patamar, hoje tão dificil de denotar em vários quadrantes, como o quotidiano nos encarrega de mostrar amiúde.


Por toda esta envolvência - e até porque não é meu costume versar sobre a minha própria casa em prosápia - registo sem jactância o momento, apenas mais uma efeméride, certamente, de muitas que por aí virão, na certeza de quem hoje comanda e rema na Nau o faz e fará dignamente, atentos à dimensão da Poesia já dada à estampa. Nos portos onde atracamos deixamos indelével marca. Ainda há muito Mar para navegar.


Longa Vida à TAULP! E venham mais 25. E outros tantos a seguir, sempre!

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