A Aventura da Tuna na Galiza




É amplamente conhecida e ao mesmo tempo, ficcionada, por devidamente romanceada inclusivé, a história da Tuna na Galiza, com especial ênfase na Tuna em Santiago de Compostela, de onde sairam várias obras de autor sobre a Tuna e a vida estudantil em geral, com particular destaque para “La Casa de la Troya”, de Alejandro Pérez Lugín, datada de 1915 - que deu origem a vários filmes versando a mesma - para lá da forma fisica hoje existente na Casa-Museu com o mesmo nome, situada em Santiago de Compostela, precisamente no nº 5 da Calle de la Troya.


Contudo, em vários pontos da geografia Galega podemos encontrar, ao longo das últimas décadas - particularmente nas de 80 e 90 do Século XX - Tunas Universitárias, sendo que, actualmente, a maioria encontra-se inactiva ou reduzida a mero grupo de parche ocasional. Podemos encontrar Tunas Universitárias na Corunha, Vigo, Ferrol, Lugo e Santiago de Compostela, sendo que em alguns casos restam tunas que são o agrupar de Tunos que, vendo as suas tunas inactivas, se juntam a uma que vai heroicamente permanecendo activa de facto - como ocorre nos casos de Santiago e Corunha actualmente.


O caso de Santiago é paradigmático, vejamos então:


Temos, para começo, o caso da Tuna de Farmácia, hoje extinta. Ainda o caso da Tuna de Medicina - refundada em 1985 e que nos anos 90 foi uma das melhores Tunas Espanholas, com sucessos em vários certames nacionais e internacionais, com destaque para dois prémios para a 2ª Melhor Tuna (1994 e 1996) e Melhor Tuna (1995) no F.I.T.U. "Cidade do Porto", prémios esses que podem ser apreciados (as famosas Caravelas em filigrana), precisamente, na Casa de la Troya ainda hoje. De realçar ainda o CD "Solo se queda Fonseca", datado de 1992, à época, indispensável recurso fonográfico que influenciou muitas tunas - especialmente no Porto. Hoje está praticamente confinada a grupo de parche, com elementos resistentes da mesma Tuna, bem como da extinta Tuna de Distrito.


Quanto à Tuna Universitária de Distrito de Compostela, esta foi fundada em meados dos anos 80, com génese num grupo tuneril intitulado então de "Tuna de Marruecos". Esta foi formada por elementos dissidentes ou discordantes oriundos da Tuna Compostelana e da auto-proclamada T.I.A. - Tuna Independiente Autónoma. No inicio dos anos 80, resultado de inúmeras incorporações que aumentaram o seu número de Tunos, solicita a Tuna de Distrito Compostelana a normalização enquanto Tuna dentro do organigrama da Universidade de Santiago de Compostela - U.S.C. - o que foi recusado, então - presumivelmente por pressões da Associação de Antigos Tunos Compostelanos, que entenderam, então, que a U.S.C. estava suficientemente representada pela Tuna Compostelana.

A Tuna de Distrito Compostelana permaneceu activa nos 20 anos subsequentes - tendo inclusivamente gravado uma Cassete (1993) - terminando depois com os seus elementos dispersos por vários grupos de parche, restando apenas um, hoje, a militar na Tuna de Direito.





Sobre a Tuna Independiente Autónoma não existe muita informação, a não ser referir que era igualmente um grupo de parche, composta por Tunos dissidentes das suas tunas de origem ou mesmo elementos expulsos dessas, liderada pelo mítico Manuel "Manolo" Blanco Iglésias, uma personagem conhecida em Santiago de Compostela, cuja Capa foi doada pela familia à Casa de la Troya, falecido em 2014. Tanto quanto se sabe, A T.I.A. publicou um livro onde pouco dizem de si mesmos, para lá de repleto de fotografias.


Quanto à Tuna de Santiago, a mesma é composta por elementos dispersos da Tuna de Distrito, da Tuna Independiente Autónoma, componentes de outros tempos da Tuna Universitária Compostelana, bem como elementos dispersos captados recentemente e que passaram a formar parte da Tuna de Santiago.


Sobre a Tuna Universitária Compostelana, efectiva representante da Universidade de Santiago de Compostela, é a mais antiga e clássica Tuna desta cidade, fundada nos finais do Século XIX, possuidora de uma riquíssima história, com uma actividade intermitente ao longo de várias décadas estando hoje novamente activa, mantendo-se de forma institucional presente no dia-a-dia da sua Universidade e Cidade. Mantem  actualmente uma página no Facebook e um blog já algo antigo, sendo que a sua página web institucional conectada à da U.S.C. se encontra desactivada. Nos ultimos 30 anos apenas marcou presença em Portugal no Festuna-Coimbra em 1990, F.I.T.U. Aveiro em 1993 e pouco mais.






Tuna de Direito mantém nas suas fileiras dezenas de componentes e não raras vezes é encontrada na Praça do Obradoiro a amenizar o ambiente junto dos peregrinos a Santiago. É Tuna irmanada com a Tuna Universitária de Aveiro, onde já esteve presente várias vezes no seu certame, entre outros.


A Tuna de Veterinária de Lugo foi fundada em 1987, sendo o seu processo de formação rápido: A Autarquia ofereceu um local de ensaio e os trajes, tendo subido a palco pela primeira vez em Outubro de 1987, apadrinhados pelas Tunas de Telecomunicaciones e de Montes da Universidade Complutense de Madrid. Ainda hoje mantém actividade mais ou menos constante, tendo participado em vários certames em território lusitano.


Sobre a Tuna Universitária de Vigo, fundada em 23 de Outubro de 1984 (ou seja, seis anos antes da fundação da Universidade de Vigo), dizer que se encontra actualmente extinta, sendo os seus últimos relatos de actividade datados de 2000. Gravou em 1995 o disco “Muller Viguesa”. Dizer ainda que na década de 60 do Século XX existiu uma Tuna de Peritos em Vigo, única escola universitária existente nessa cidade e dependente da Universidade de Santiago de Compostela, Tuna de Peritos essa que foi amadrinhada pela Duquesa de Alba.


A Tuna Universitária de Ferrol foi fundada em 1993, baptizada pela Arkitectuna da Corunha, Tuna de Empresariales da mesma cidade e Tuna de Veterinária de Lugo, resgatando a memória da extinta Tuna de Engenharia Técnica de Ferrol.


Na Corunha existe constância de três tunas fundadas nos anos 90 do Século XX, a Arkitectuna, a Tuna de Empresariales e a Tuna de Informática da Corunha que, mais tarde, veio dar lugar à Tuna Universitária da Corunha, fundada em Setembro de 2005 e apadrinhada pela Tuna de Veterinária de Lugo, sendo que em 2012 existem notícias na imprensa Galega que comprovam, ainda, a actividade da Arkitectuna, então. A Tuna Universitária da Corunha é a única Tuna activa nesta cidade, para lá da de Veteranos e da novel Quarentuna de Oro.



A Tuna de Veteranos da Corunha foi fundada oficialmente, com a apresentação dos seus estatutos, em 1 de Abril de 1992. A 19 Março do mesmo ano apresentou-se no primeiro certame de Tunas organizado, então, pela Arkitectuna da Corunha. Tem mantido actividade ininterrupta desde então, com particular enfoque nas inúmeras visitas feitas a Portugal e a outros tantos certames, levando-a a alguns irmanamentos com várias tunas portuguesas.



Referir ainda a Quarentuna de Veteranos, com elementos que fizeram parte da Tuna de Veteranos, com destaque para o mítico Napoleon, figura ímpar e conhecida por várias gerações de Tunos Portugueses, tendo estado presente em Portugal em algumas raras ocasiões, como sendo no FITUA (Aveiro) em 2012.


Finalmente, a Quarentuna de Oro, fundada em Março de 2015, a mais recente Tuna da Corunha.



O que se pode depreender no cenário Galego tuneril é que o mesmo se encontra em linha com a explosão tuneril ocorrida em meados dos anos 80 e 90, com a fundação da esmagadora maioria das tunas supra referidas precisamente nesse período e a sua subsequente queda, desaparecimento ou inactividade das mesmas no dealbar do Século XX, mantendo-se raras excepções para lá desse lapso temporal, como presentemente se percebe.



Muitas dessas tunas são hoje meros grupos de parche, reduzidas a meia dúzia de componentes que, ocasionalmente, amenizam jantares, casamentos, baptizados, havendo pouco mais a registar. Percebe-se igualmente o transitar entre tunas de Tunos que teimosamente querem permanecer activos, procurando face aos cenários circunstanciais juntar-se a quem está em actividade. Contudo, denota-se uma constante ímpar em Santiago de Compostela, que nos induz a uma espécie de "tutela" por parte da Associação de Antigos Tunos, que se vai mantendo mais ou menos presente com o andar dos tempos, com tudo o que a seu tempo tal terá significado na evolução (ou não) do fenómeno tuneril nesta vetusta Cidade universitária por excelência.


Agradecer, finalmente, o contributo do Felix Martin Sarraga, do Rafael Asencio e do Paulo Cunha Martins para a elaboração desta “Aventura”.



Fontes:

http://www.tunacompostelana.com/galicia.html

duvi2.uvigo.es/attachment/000001145.pdf

http://www.lavozdegalicia.es/noticia/vigo/2014/11/20/duquesa-alba-madrina-honor-tuna-vigo/00031416504710322207624.htm

http://www.elcorreogallego.es/santiago/ecg/la-tuna-denuncia-infiltrados-que-se-disfrazan-solo-para-conseguir-dinero/idEdicion-2015-01-18/idNoticia-911275/

http://elprogreso.galiciae.com/noticia/135143/la-tuna-de-veterinaria-vuelve-dar-serenata

http://www.laopinioncoruna.es/coruna/2016/01/24/cincuenta-anos-tuna-corunesa/1034813.html

Libreto IV F.I.T.U.A.  1993

Libreto XII F.I.T.U. “Bracara Avgvsta” 2002

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